Por Tárik de Souza
Multiartista onipresente nos discos da MPC (Música Paulistana Contemporânea), Dudu Tsuda estreou solo em “Le son par lui Même”, em 2012, e volta a assinar um álbum autoral, o polifônico “Bicicleta” (YBMusic). De passagens recentes por países como França, Japão, Espanha, Alemanha, Colômbia e Bolívia, onde desenvolveu pesquisas em diferentes modalidades artísticas, de performances e intervenções urbanas a trilhas sonoras para cinema e dança, Tsuda - a bordo de teclados e sintetizadores - fomenta ambientações sonoras intensas e aliciantes.
As narrativas de timbres & texturas sobrepõem-se as letras, na maioria curtas, em francês e inglês. Como na lúgubre “Graveyard”: “o sol brilha no cemitério/ a grama está mais verde que na primavera passada/ eu pedi socorro”. O sax barítono de Thiago França (outro expoente da MPC) rasga os limites de “Frozen time” (“gota a gota ela cai/ ouço o som da chuva/ o amor se erguerá de novo? / sem chance”). O inverno parisiense vivido pelo solista entre 2012 e 2013 plaina na sintética “Violetta” (“Quando fito teus olhos verdes/ e estás imersa em teus pensamentos/ te amo), com dueto do solista e o inebriante vocal de Juliana R.
A voz de outro ás da MPC, Tatá Aeroplano, sobrevoa, ao lado de Julia Valiengo “Conversas climáticas para elevador” (temperada pelo clarinete de Juliana Perdigão) e “Bicicleta”, em que o ritmo sutil sugere pedaladas. A emissão aguçada de Filipe Catto baila na coreografia das guitarras de Guilherme Held, Gustavo Ruiz e Marcelo Ozório em “I thought you were mine”. Tsuda transcende.
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