PROFÍCUAS PARCERIAS

Gabaritados colunistas e colaboradores, de domingo a domingo, sempre com novos temas.

ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Um bate-papo com alguns dos maiores nomes da MPB e outros artistas em ascensão.

HANGOUT MUSICARIA BRASIL

Em novo canal no Youtube, Bruno Negromonte apresenta em informais conversas os mais distintos temas musicais.

domingo, 31 de maio de 2015

MORRE MESTRE POMBO ROXO DO AMARO BRANCO, UM DOS ÚLTIMOS REMANESCENTES DO COCO PERNAMBUCANO

Artista, que também era babalorixá, faleceu em decorrência de problemas de saúde

Por Augusto Freitas



Menos de um mês após a perda de Selma do Coco, uma das mais fiéis representantes da cultura pernambucana, faleceu na manhã deste sábado Severino José da Silva. Mais conhecido como Mestre Pombo Roxo, ele morreu aos 70 anos, em decorrência de complicações de saúde. Ele era um dos últimos remanescentes do coco pernambucano. Mestre Pombo Roxo, que também era babalorixá, fazia parte do tradicional projeto Coco do Amaro Branco, no bairro homônimo, em Olinda. O velório deve ocorrer na segunda-feira na sede do projeto e o enterro no cemitério de Guadalupe, também em Olinda. 

De acordo com Isa Melo, que trabalhava com o artista no projeto do Amaro Branco, Mestre Pombo Roxo foi socorrido em casa e deu entrada por volta das 4h da manhã de hoje na emergência do Hospital Miguel Arraes, na cidade do Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), mas não resistiu às complicações decorrentes de problemas renais e debilidade física. Segundo Isa, ele também era cadeirante e já apresentava, há algum tempo, dificuldades na voz. 

"É uma grande perda para a nossa cultura, logo após a despedida de Dona Selma do Coco. Mestre Pombo Roxo era um dos remanescentes do Coco do Amaro Branco e deixou um legado para a cultura popular e pernambucana em geral. O que nos deixa mais tristes é saber que ele faleceu com muitas debilidades físicas e na pobreza, como tantos outros importantes artistas locais. Sua esposa também é doente, mas esteve com ele até o fim de sua vida. O mestre agora descansou", afirmou, comovida, Isa Melo. 

De acordo com o projeto Coco do Amaro Branco, Mestre Pombo Roxo era um dos mais antigos ogans (músicos do candomblé) em atividade no estado de Pernambuco. Babalorixá e juremeiro, Pombo Roxo morava na comunidade do Amaro Branco e era compositor de cocos. Também possuía uma das mais vivas e ricas memórias acerca da brincadeira.

Em 2008, integrou a segunda coletânea do Coco do Amaro Branco cantando as músicas “Vendedor de Caranguejo” e “Chora Maria de Lurdes”, ambas de sua autoria. Reconhecido numa ação do Ministério da Cultura, Pombo Roxo participava ativamente das atividades promovidas pelo Centro Cultural Coco de Umbigada e Centro Cultural Coco do Amaro Branco. Mesmo cadeirante, ele nunca ficou de fora das grandes rodas de coco e palcos da cultura popular.

Pombo Roxo também participou, além da gravação da segunda coletânea do Coco do Amaro Branco, dos seguintes trabalhos: gravação e lançamento do CD Coco do Amaro Branco Vol. 2 (2008), lançamento do documentário “O Coco, a roda, o pneu e o farol”, em 2011, produzido por Mariana Fortes, exposição fotográfica “Coco do Amaro Branco Retratos” (2011) e apresentações no Polo de Cultura Popular de Arcoverde (2012), São João de Olinda (2010, 2011 e 2012), Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), em 2011, e Pernambuco Nação Cultural (2010), em Gravatá.

NATURA APRESENTA “CANÇÃO E SILÊNCIO” DE ZÉ MANOEL

Zé Manoel, compositor, pianista e cantor nascido em Petrolina, sertão de Pernambuco, lança em junho seu segundo disco, “Canção e Silêncio” (Natura Musical). O CD com produção de Kassin e Miranda reúne os parceiros Tutty Moreno, o maestro e arranjador Letieres Leite e participações de Pupillo (Nação Zumbi), Fábio Negroni (Caixa Preta), do guitarrista e compositor pernambucano Juliano Holanda e da cantora Isadora Melo.

O projeto inclui a gravação e shows de lançamento e foi selecionado pelo edital nacional 2013 do Natura Musical. Para Fernanda Paiva, gerente de Apoios e Patrocínios da Natura, a seleção de Zé Manoel é uma oportunidade para o programa apresentar ao Brasil um músico extremamente talentoso que vem se somar a outras apostas em quase dez de atuação.  “O Natura Musical foi criado para valorizar a música brasileira em várias vertentes: de projetos de preservação de legado a iniciativas emblemáticas de nomes consagrados, mas também para contribuir para a revelação de nomes que estão renovando nossa música, como Karina Buhr, Marcelo Jeneci, Céu, Tulipa Ruiz e agora Zé Manoel", afirma Fernanda.


Zé Manoel! De onde saiu este cara?
Uns quatro anos atrás, uma amiga me passou um CD demo, de um músico seu conhecido, a quem cobriu de elogios, pediu que eu desse uma escutada. O disco repousou um bom tempo, acho que uns dois meses, num móvel perto do computador, fazendo companhia a outros que separei pra conferir. Um belo dia, olhei de lado e a vista caiu sobre o tal CD demo. Um “Zé Manoel” escrito em letras azuis. Coloquei o disco no drive do computador, e já comecei a gostar, mal soaram os primeiros acordes, acho que de Samba tem, que era feito se Edu Lobo cantasse um afro samba de Baden e Vinicius.
Aumentei o volume das caixas de som, e deitei no sofá pra escutar o disco. A cada canção mais eu me perguntava de onde tinha saído aquele cara. Ninguém compunha mais daquela maneira. Pelo menos ninguém da geração nascida a partir da década de 80. Canções, com começo, meio e fim, harmonias requintadas, como se fazia nos anos 60.  Zé Manoel cantava acompanhando-se ao piano, em algumas faixas com uma banda.  Me entusiasmei pela demo. Virou trilha dos nossos papos no Frontal, um bar na Mamede Simões (point descolado do Recife, pra quem não sabe). Devo ter convertido muita gente à música de Zé Manoel, a quem conheci, algum tempo depois, ali mesmo na dita Mamede.
Agora, eis-me cá, incumbido da tarefa de escrever sobre seu segundo álbum, Canção e silêncio, viabilizado pela aprovação num edital do Natura Musical, que lhe proporcionou gravar como acontecia numa época de vacas gordas para a indústria fonográfica. Deu-lhe condições, por exemplo, de convidar dois dos mais destacados produtores do país na atualidade: o gaúcho Carlos Eduardo Miranda e o carioca Kassin. A princípio, pode parecer estranho a dupla num mesmo disco, são estilos diferentes, não trilham a mesma seara sonora. Não trilhavam, porque boas ideias convergiram para um mesmo ponto. Por mais elementos que tenham acrescentado, o que prevalece nas treze faixas do álbum é Zé Manoel, piano e voz.
Nesses quatro anos, Zé mudou, continua criando melodias engenhosas e belas, com ótimas letras. Porém diferentes do que fez no primeiro disco. As novas canções não arrebatam, apoderam-se de quem as escuta, lenta e inexoravelmente, como o rio São Francisco inundando terras ribeirinhas. Zé Manoel é dotado do raro dom da sutileza, e de contornar o fácil. Ao longo do disco há intervenções dos maestros Letieres Leite (BA), Mateus Alves (PE) e Fabio Negroni (RJ), que assinam arranjos de, respectivamente, cordas, madeiras e metais, mas o alicerce, a espinha dorsal é a formação instrumental clássica, de piano, baixo (Kassin) e bateria (Tutty Moreno).  De participações especiais, uma deferência à Petrolina, na voz de Dona Amélia, do Samba de Véio, da Ilha do Massangano, no rio São Francisco (em Mãe d´agua) e o canto privilegiado de Isadora Melo, nova cantora pernambucana (prestem atenção neste nome), afinadíssima, sem vibrato esbanja talento em Volta pra casa, mais uma canção marinha.
Nascido em Petrolina, onde são onipresentes as águas do “Velho Chico”, e morador no Recife, entrecortada de rios e que tem o mar como ponto de confluência, Zé Manoel não tinha como não fazer das águas, doce e salgada, seu referencial. No disco anterior, a canção que norteia o repertório é o maracatu Saraivada de Felicidade, que conta a expectativa e o deslumbramento do viajante que depara com a imensidão do oceano. Neste Canção e Silêncio, Zé Manoel varia de temas, mas o mar é quem traça o roteiro, que ele singra navegando sobre ondas, quase sempre, mansas: “E vem o mar/com seu azul e vem o mar/com sua espuma, vem o mar/com suas algas e vem o mar/com suas ondas/ vem o mar com a sua força/vem o mar com seu bramidos/ e vem o mar com seus rugidos, vem o mar... e deposita sobra a areia/cachos de estrelas marinhas (O Mar – letra de Sergio Napp e música de Ze Manoel).
Um disco que começa com chuva, um temporal, com Água Doce, um baião, em andamento lento, piano e voz, em tons graves, relâmpagos e trovões, então vem a calmaria num cantar suave e inocente como uma parlenda: “Acorda vem ver a chuva/aguando o pé de laranja lima”. Que termina com Estrela Nova (letra de Dulce Quental): “Tempo, tempo/solta as velas contra o vento/deixa ir”, melodia com requintes chopinianos (Zé Manoel estudou piano dos dez aos 18 anos). “Há uma história central que serve de roteiro para toda a escuta do disco. É uma história real de um pescador da cidade de Olinda, que ao deparar com a morte e desaparecimento no mar, do seu filho, também pescador, depois de tentativas frustradas de resgate pelos bombeiros, resolve armar a sua rede e com toda sua experiência e sabedoria de homem do mar, consegue pescá-lo”, comenta Zé Manoel.
A canção desta história central chama-se Sereno Mar, a letra mais longa do disco, um mini roteiro. Lembra os mares bravios de Dorival Caymmi, porém o mar de Zé Manoel não é especificamente o mar de Pernambuco, é o mar como metáfora. Sereno Mar recebe um arranjo de cordas (Letieres Leite), à Villa-Lobos, mais percussões, e as variações no andamento lhe revestem de um clima cinematográfico. “É um disco de canções marítimas, em referência e reverência ao universo de Caymmi, mas também de canções ribeirinhas e urbanas”, ressalta Zé.
O elemento água presente na chanson Cheio de vazio, melancólica, romântica, o personagem da letra caminha, triste, pela Rua da Aurora, margeada pelo Capíbaribe e onde, garantem, nasce o sol mais bonito no Recife. Na mesma Aurora, há uma escultura do poeta Manuel Bandeira a contemplar o Capibaribe.
Este disco também confirma Zé Manoel como um grande autor de canções, ou seja, de músicas que não se comprometem com tempo e lugar. Nascem para ser eternas, sem vínculos com modas ou tendências. Uma destas é a que dá título ao álbum, Canção em Silêncio, dos versos “Vejo a cada instante você indo embora/Eu não sei pra onde/Deve ser onde a alegria/ e o seu amor se escondem”. Aqui, ali, há regionalismos, como acontece em O Mar, Nas Asas do Mangangá, ou na carioquice de Cada Vez que Digo Adeus, um samba cadenciado, meio bossa nova (como ficaria esta na voz de Elis? Me pergunto, enquanto o ouço). Mas a maioria, feito, A Maio Ambição, Habanera Hobie Cat Acalanto (com Kassin e Mavi Pugliesi) e a citada Volta pra Casa se prestariam a ter letras em qualquer idioma, há universalidade em suas melodias. 
O disco chega ao fim, com a harmonicamente rebuscada Estrela Nova. Finda as canções, o silêncio. Recomeço a ouvi-lo, me perguntando: de onde saiu este Zé Manoel? O cara, desde a supracitada demo, e agora este novo disco, me leva a lembrar de Nelson Rodrigues sugerindo que todo mundo deveria nascer de sapatos e guarda-chuva. Zé deve ter nascido assim, pela maturidade de sua ainda curta, mas já importante obra.
José Teles (jornalista, cronista, pesquisador de música popular e escritor)

Download em www.zemanoel.com.br

Sobre o programa Natura Musical
O programa patrocina novos talentos, artistas consagrados em momentos emblemáticos da carreira e projetos de preservação de legado e formação musical em todo o Brasil, por meio de diferentes frentes, como os Editais Públicos, que selecionam projetos de diferentes formatos e estágios da produção cultural por meio das Leis Rouanet e do Audiovisual em todo o Brasil, e da Lei do ICMS em São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e no Pará; por Seleção Direta, que contempla propostas adequadas ao conceito do programa e de grande relevância e inovação, sem a obrigatoriedade das leis de incentivo; e pelos Festivais.
OUÇA A WEBRÁDIO NATURA MUSICAL E SAIBA MAIS NO PORTAL

Sobre a Natura
Fundada em 1969, a Natura é a maior multinacional brasileira de cosméticos e produtos de higiene e beleza. Líder no setor de venda direta no Brasil, registrou R$ 7,4 bilhões de receita líquida em 2014, possui sete mil colaboradores, 1,7 milhão de consultoras e operações na Argentina, Bolívia, Chile, México, Peru, Colômbia e França. Maior empresa B Corp do mundo, foi a primeira companhia de capital aberto a receber a certificação, em dezembro de 2014, o que reforça sua atuação transparente e sustentável nos aspectos social, ambiental e econômico. A estrutura da companhia é composta por fábricas em Cajamar (SP) e Benevides (PA), oito centros de distribuição no Brasil, além de centros de Pesquisa e Tecnologia em São Paulo (SP), Manaus (AM) e Nova Iorque (EUA). Detém 65% da fabricante australiana de cosméticos Aesop, com lojas em países da Oceania, Ásia, Europa e América do Norte. Produtos da marca Natura podem ser adquiridos pela Revista Natura ou pela Rede Natura www.redenatura.net. Para encontrar uma Consultora Natura por perto, os consumidores podem enviar um SMS gratuito com a palavra Natura para 28128. Para mais informações sobre a empresa, visite www.natura.com.br e confira os seus perfis nas seguintes redes sociais: LinkedinFacebookTwitter e Youtube.

Assessoria de imprensa Natura MusicalConteúdo Comunicação
Telefone: (11) 5056-9800

quinta-feira, 28 de maio de 2015

GRAMOFONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*


"Este samba foi um dos sucessos do carnaval de 1956, lançado na voz de Heleninha Costa pela Copacabana em janeiro-fevereiro desse ano, integrando o 78 rpm n.o 5526-A, matriz M-1371. Seria também faixa de encerramento do LP coletivo de 10 polegadas "Carnaval de 56, número 1." (Samuel Machado Filho)



Canção: Rádio Patrulha

Composição: Silas de Oliveira, Dias Jr., Luizinho e Marcelino Ramos

Intérprete - Heleninha Costa

Ano - 1944

78RPM - 5526-A, matriz M-1371


* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 5000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).



quarta-feira, 27 de maio de 2015

PROGRAME-SE


terça-feira, 26 de maio de 2015

LENDO A CANÇÃO

Por Leonardo Davino*



Quando o sujeito de "Borboleta" (Marcelo Jeneci/ Zélia Duncan / Arnaldo Antunes / Alice Ruiz) abre seu canto dizendo que "Música é que nem borboleta / Ela voa pra onde quer / Ela pousa em quem quiser / Não é homem e nem mulher" ele toca no cerne daquilo que é uma canção: perfume. Ou seja, artifício da sensualidade, da sensorialidade, necessário à existência.

As canções emolduram, e por vezes preenchem, nosso cotidiano. Palavra, melodia e voz, a canção encapsula os elementos que nos conectam à vida: à subjetivação, ao coletivo individualizado. Pousando em qualquer um, a canção torna-se minha, quando lhe absorvo em mim: às minhas necessidades do instante. Ao mesmo tempo ela é e sempre está livre para ser de outros.

Deste modo, "Borboleta" (bônus do disco Feito pra acabar, 2010) é uma ode à feitura e ao consumo de canções. Obviamente, o sujeito ao usar o termo "música" fica mais próximo do ouvinte, já que culturalmente aprendemos a denominar de "música" também as "canções": letra, melodia e performance voz.

Aqui música e canção são sinônimos e não cabe a distinção, embora prefiramos para fins didáticos o termo canção. Vale mais passear (voar) nas asas da borboleta-título e perceber as peripécias - o processo de sair da gaveta e travestir-se na voz - porque passa uma canção a fim de entrar na cabeça do ouvinte mantendo a autonomia: a liberdade - uma liberdade que contamina quem escuta.

O sujeito de "Borboleta" é um cantor da artesania cancional: canta as artimanhas de domínio. Avassaladora, a canção faz do ouvinte um refém (in)voluntário: cria no ouvinte a sensação de que ela foi feita para ele.

Quantas vezes ao longo do dia, sem que tenhamos consciência de tal gesto, tamborilamos, assobiamos? Quantas vezes criamos versões verbais íntimas para uma determinada melodia que nos sequestrou em algum momento do dia?

Para o sujeito de "Borboleta" tudo é possível, quando o que está em jogo é a capacidade de sedução da canção: "Se não decorar a letra / Pode cantar ola e larala / A melodia pode assoviar / Pode até dar um berro pode berrar".

Tal e qual borboleta, a música (a canção mais especificamente) colore o dia: humores. Algumas depois que entram dentro da cabeça não querem mais sair: quer repetir, repetir, repetir - asas farfalhando ligeiras (atrapalhadas): versos, silêncios e melodias.

E há música para tudo:"música para jogar baralho / música para subir serpente / música para querer morrer / música para baixar o santo / música para estourar o falante / música para escutar no rádio / música para ouvir música para ouvir música para ouvir", com lista o sujeito da canção "Música para ouvir", de Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra.

Ao final, o que elas querem - as canções de toda cor: "De acalanto, de baile de amor / De restaurante, de elevador - é sair do casulo do alto-falante, do carrossel e da roda gigante pra que você e todo mundo cante".
Com o querer-não-querendo de nossa parte, isso acontece. E a vida, naturalmente, como se disso ela dependesse, como de fato depende, fica mais leve: frágil e perecível ao tempo, como as borboletas, mas, pela consciência da morte (do fim da canção), talvez, intensa e mais feliz.


***

Borboleta
(Marcelo Jeneci/ Zélia Duncan / Arnaldo Antunes / Alice Ruiz)

Música é que nem borboleta
Ela voa pra onde quer
Ela pousa em quem quiser
Não é homem e nem mulher
Música que sai da gaveta
Se traveste na voz de alguém
Quando entra dentro da cabeça
Não é sua nem ninguém

Te invade, te assalta e te faz refém
Se a rima não vem já sabe
Bater palma com a mão
E quando chegar o refrão
Bater com os pés no chão

Se não decorar a letra
Pode cantar ola e larala
A melodia pode assoviar
Pode até dar um berro pode berrar

Às vezes ela é como um ladrão
Ou como um convidado trapalhão
Depois que entra não quer mais sair
Quer repetir, repetir, repetir

Te invade, te assalta e te faz refém
Se a rima não vem já sabe
Bater palma com a mão
E quando chegar o refrão
Bater com os pés no chão

Verde, branca, azul ou vermelha
Também tem música de toda cor
De acalanto, de baile de amor
De restaurante, de elevador
Música é que nem borboleta
Sai do casulo do alto-falante
Do carrossel e da roda gigante
Pra que você e todo mundo cante

Te invade, te assalta e te faz refém
Se a rima não vem já sabe
Bater palma com a mão
E quando chegar o refrão
Bater com os pés no chão

La la la la la la
La la la la la la
La la la la la la
La la la la la la



* Pesquisador de canção, ensaísta, especialista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Literatura Comparada, Leonardo também é autor do livro "Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso" e está presente nos livros "Caetano e a filosofia", assim como também na coletânea "Muitos: outras leituras de Caetano Veloso". Além desses atributos é titular dos blogs "Lendo a canção", "Mirar e Ver", "365 Canções".

segunda-feira, 25 de maio de 2015

80 ANOS MILTON BANANA

Por sua técnica, Milton acabou tornando-se o Rei do Ritmo na terra dos grandes bateristas

Por Marcelo Pinheiro



Edgar Nunes Rocca, o pioneiro Bituca,Edison Machado, Dom Um Romão, Wilson das Neves, Hélcio Milito, Chico Batera,Pascoal Meirelles, Jorge Autuori, Airto Moreira, Toninho Pinheiro, Ronald Mesquita, Rubinho Barsotti, Ivan “Mamão” Conti, e tantos outros. Não restam dúvidas: o Brasil dos anos 1960 e 70 foi prolífico em revelar grandes bateristas. Músicos inventivos e essenciais para reescrever a história do instrumento no País e compor um irresistível jeitinho brasileiro de conduzir pratos, bumbos e tambores. Tradição que teve em Antonio de Souza, ou melhor, Milton Banana, a figura de um desbravador. Acompanhando João Gilberto e Tom Jobim no histórico concerto da bossa nova realizado em Nova York, no Carnegie Hall, Milton fez mais que história. Deu ao instrumento novas possibilidades e estabeleceu rico diálogo entre as tradições rítmicas do samba e a riqueza técnica do jazz.

Naquela noite de 21 de novembro de 1962, em Nova York,arrebatados pela revelação da beleza harmônica das canções interpretadas por João Gilberto, os músicos presentes na plateia – e não eram poucos – também devem ter dado um nó na cabeça ao descobrir o modo peculiar com que Milton construía sua elegante teia percussiva para o baiano e o jovem maestro Tom. Se a João é atribuída paternidade da batida bossa nova ao violão, o mesmo vale para Milton em relação a seu instrumento, visto que, como o baiano, ele propôs um salto de modernidade sem precedentes. Depois deles, aos músicos que lidavam com os dois instrumentos, como diria a bela canção de Ronaldo Bastos e Milton Nascimento, nada seria como antes.



Nascido em 1935, no bairro de São Cristovão, Zona Norte do Rio de Janeiro, aos 20 anos o autodidata Milton Banana (nome artístico sugerido por sua mãe, acrescido da fruta pela qual tinha verdadeira compulsão) começou a tocar bateria profissionalmente na orquestra do maestro Waldir Calmon, que se apresentava regularmente na boate Arpège (ouça Zorra, releitura de Calmon paraPop Corn – With a Feeling, de James Brown). Meses depois, Milton passou a integrar o conjunto dançante da boate Drink, de Djalma Ferreira, também líder do popular Milionários do Ritmo, cujo crooner era o ás do sambalanço, Miltinho (ouça Samba do Drink).

Se as noites na casa de Djalma, situada na divisa do Leme e Copacabana, na Avenida Princesa Isabel, eram dedicadas à dança, na calçada do lado oposto, no Hotel Plaza, uma espécie de “laboratório” da bossa nova funcionava a revelia do grande público. No Hotel Plaza, quem dava as cartas regularmente era o grande Johnny Alf; vez ou outra, um jovem visitante armado de seu violão, chamado João Gilberto, dava canja. Foi no “after-hour” das noites solitárias e esfumaçadas do Plaza, entre uma escapada e outra da boate de Djalma, que Milton começou a trilhar os caminhos que o levaria a “paternidade” da batida bossa nova na bateria.

No final de 1955, após Johnny partir para São Paulo, convidado a liderar o conjunto do novo bar Baiuca, na boemia região central da capital paulistana, Milton passou a integrar o conjunto de Luizinho Eça, outro jovem prodígio do piano que, depois de ser laureado por ninguém menos que o presidente Juscelino Kubitscheck, ganhou bolsa para ir a Europa e foi ter aulas com o maestro dodecafonista H.J. Koellreutter (que viveu longos períodos no Brasil). Ao voltar do Velho Mundo, decidido a abrir mão da formação erudita, Luizinho montou o fundamental Tamba Trio.

O grupo liderado por Luizinho no Plaza era da pesadíssima. No contrabaixo, Ed Lincoln, que depois se tornaria célebre em bailes e LP’s ao “pilotar” seu órgão Hammond B-3, com doses cavalares de sambalanço; no acordeon, um certo pianista e trombonista acreano chamado João Donato, ex-namorado de Dolores Duran, com quilometragem de sobra em jam-sessions, e um primeiro LP na praça, Chá Dançante; tentando fugir do rótulo limitador de “Princesinha do Baião”, a miúda Claudette Soares assumiu os vocais do grupo e também encontrou ao lado de Luizinho, Ed, Donato e Milton, novos e frutíferos caminhos no bar do Hotel Plaza .

Habitué, João Gilberto passou a ser espécie de referência moderna para o local. Afinal, se o baiano, conhecido na Zona Sul carioca por estar renovando estruturas musicais, frequentava religiosamente o bar do hotel é porque ali havia pessoas com visão futurista e interessadas no novo – “gente descolada”, como diria a juventude de hoje. O Plaza passou, então, a aglutinar protagonistas da vanguarda musical carioca naquela última metade dos anos 1950. Foi lá que, acompanhando João Gilberto e Tom Jobim, Milton Banana abriu caminho para tornar-se referência mundial em seu instrumento. No livro Chega de Saudade, Ruy Castro relembra e defende: “João Gilberto não era o único a estar cozinhando ousadias no Plaza. O baterista Milton Banana recebeu permissão para acompanhá-lo, desde que tocasse bem baixinho. Aos poucos, limitando-se a escovinha em cima do pano e a uma baqueta contra o aro da caixa, Banana conseguiu transpor para a bateria Pingüim a mesma batida do violão”. E foi, assim, nas madrugadas boêmias do bar do hotel, na base do improviso, e sob o rigor técnico de João, que nasceu a batida bossa nova na bateria. Entre 1958 e 1959, não por acaso, Milton integraria as gravações dos primeiros compactos de João e do marco-zero da bossa Chega de Saudade.

No início de 1962, depois de experimentar uma temporada argentina com João, Os Cariocas e Badden Powell na boate 686, em Buenos Aires (e despertar enorme admiração no grande Astor Piazzolla, presença constante em seus shows), de volta ao Brasil, Milton integraria as gravações de Muito A Vontade, um dos clássicos da extensa discografia de João Donato. Ao lado de João Gilberto, Tom e d’Os Cariocas, o baterista participou também de outro momento divisor para a música popular do País, a temporada de shows Um Encontro – Milton fechou a cozinha com o baixista Octavio Bailly Jr, que depois integraria o Bossa Três de Luis Carlos Vinhas, com a saída do primeiro baterista, o grande Edison Machado.Produzido por Aloysio de Oliveira no nightclub Au Bon Gourmet, o show Um Encontro revelou ao Brasil a faceta de cantor do poeta e diplomata Vinicius de Moraes. O espetáculo foi também a primeira e última ocasião em que Tom, João e Vinicius dividiram um mesmo palco.



Se os últimos dias de 1962 foram marcados pelo histórico concerto no Carnegie Hall e uma fossa terrível – Milton namorava, à época, a cantora Elza Soares, que o deixou para ficar com Mané Garrincha, ironicamente, o maior craque do seu time do coração, o Botafogo –, o ano seguinte seria de conquistas ainda maiores para ele. Além de integrar, em Nova York, as gravações deGetz/Gilberto, LP que tornou a bossa nova cultuada no mundo todo, acompanhando João, o baterista fez uma temporada de três meses no Bussoloto, clube anexo à imponente casa de shows La Bussola, na cidade de Vaireggio, no Sul da Itália. A incrível banda de João também integrava Tião Neto (que apesar de vergonhosamente não ter sido creditado, foi o baixista de Getz/Gilberto) e João Donato, que aceitou convite do baiano e partiu com ele, de Nova York para a Itália. Na mesma ocasião em que os brasileiros fizeram sua temporada, o “Rei do Twist”, Chubb Checker, fez vários shows no La Bussola. Reza a lenda, não perdia uma apresentação de João e seu conjunto.


Mas o grande feito de Milton, em 1963, foi mesmo o lançamento de seu primeiro disco solo, O Ritmo e o Som da Bossa Nova. Dando conta da importância do músico, a gravadora Audio Fidelity deu ao álbum o solene sub-título Apresentando Milton Banana, o Maior Baterista da Bossa Nova, com o conjunto de Oscar Castro Neves (parte da história do selo americano do produtor Sidney Frey foi contada em texto de Quintessência que trata dos bastidores do primeiro álbum do Sambalanço Trio, lançado pela Audio Fidelity).

O álbum é composto de 12 temas instrumentais. A maioria deles standards da bossa nova, comoVocê e Eu, Desafinado, Samba de Uma Nota Só, Chega de Saudade e Influência do Jazz. Além dessas cinco unanimidades, não menos importantes, outros sete temas: de João Roberto Kelly, Boato; de Pernambuco e Antonio Maria, O Amor e a Rosa; de Dé Rosa e Vera Brasil, O Menino Desce o Morro; de Luiz Bandeira e Luiz Antonio, O Apito no Samba; de Oscar Castro Neves (morto em setembro deste ano, em Los Angeles, vitimado por um câncer), Bossa Nova Blues, Não Faz Assim e Chora Tua Tristeza (esta em parceria com Luvercy Fiorini). Dão auxílio luxuoso e acabamento requintado ao disco de estreia do baterista os seguintes músicos: o irmão de Oscar (multi-instrumentista que nele toca piano), Iko Castro Neves (contrabaixo), Roberto Pontes Dias (percussão), e os americanos Leo Wright (sax alto e flauta) e Henry Percy Wilcox (guitarra).


Tião Neto, Tom Jobim, Stan Getz, João Gilberto e Milton Banana, em 1963, durante as gravações de “Getz/Gilberto” (foto: Verve Records)

Lançado pela filial paulistana da Audio Fidelity, sediada na Rua Rego Freitas, no coração da cidade, O Ritmo e o Som da Bossa Nova seria sucedido por uma série de discos gravados em São Paulo com um novo conjunto, o Milton Banana Trio, formado pelo baterista, o pianista Wanderley e o baixista Guará. 

Entre 1965 e 1979, Milton lançou nada menos que 13 álbuns autorais. Nos anos 1980, voltaria a morar no Rio e lançaria LP’s dedicados ao repertório dos amigos Tom Jobim, Chico Buarque e Vinicius de Moraes. Em 1992, o diabetes levou Milton a desenvolver graves problemas circulatórios. Sete anos mais tarde, em abril de 1999, ele teve parte da perna direita amputada. Mesmo assim, não deixou o instrumento). Em 15 de maio daquele ano, extremamente debilitado e vivendo severas privações financeiras, Milton Banana morreu aos 64 nos, vitimado por um infarto fulminante. Tom Jobim jamais revelou tal fato em vida, mas amigos próximos garantem que foi o maestro quem manteve por anos as despesas fixas do baterista, incluindo-se aí, o aluguel de seu diminuto apartamento em Copacabana. No velório do pai da bateria bossa nova, entre inúmeras coroas de flores, uma delas se destacava pela dedicatória: “À Milton, a quem o Brasil não homenageou, nem conheceu nunca. Ass.: Todos os músicos do Brasil”. Lógico, ele jamais surgiria em público ou daria uma entrevista para confirmar, mas o belo tributo a Milton Banana, diversas fontes garantem, foi cortesia do amigo João Gilberto.

domingo, 24 de maio de 2015

PROGRAME-SE


sexta-feira, 22 de maio de 2015

EDDIE LANÇA DISCO COM TÍTULO INSPIRADO NA OBRA DE JOÃO CABRAL

Vocalista Fabio Trummer declara que o álbum é o que mais se aproxima do "alvo" estabelecido em relação ao som produzido desde a década de 1990


Por Larissa Lins



Estarás mais ancho que estavas no mundo, está escrito em Morte e vida Severina, do escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto. Fábio Trummer, a voz da banda Eddie, está, de fato, mais ancho. À vontade, conta que o sexto álbum – lançado nesta segunda-feira (04) na internet – é aquele que mais se aproxima do “alvo” estabelecido pelo grupo em relação ao som produzido desde a década de 1990. De bom tamanho, “nem raso, nem fundo”, nas palavras de João Cabral.

Isto porque o quinteto mergulhou na própria experiência, mas faz questão de fugir aos rótulos “aprofundados” da crítica musical quanto ao gênero do disco. Segundo Trummer, não se trata de rock, frevo, samba ou música caribenha. “É a música da Eddie, simplesmente. Não há como nem por que classificar o que é autoral”, reforça. Quanto ao título Morte e vida, explica: “Não se trata de uma releitura da obra [de João Cabral], mas de letras que filosofam sobre a morte e o renascimento de tudo, sobre o ciclo das coisas e relações.”

Assim como o auto de Natal pernambucano, no entanto, o álbum está repleto de dicotomias. Se Cabral lista as “vantagens” da cova em relação ao mundo, descortinando o lado “conveniente” da partida, Eddie comemora e lamenta ao mesmo tempo a perda de um amor, na faixaQuebrou, saiu e foi ser só. E em Longe de chegar – com participação de Karina Buhr – a utopia de um lugar sempre distante, porém “tão singular”, remete à vida ideal (mas jamais alcançada) das entrelinhas dos versos de Morte e vida Severina. 

A separação da esposa, a perda do pai e o contexto político do país influenciaram a construção das letras – todas compostas por Fábio Trummer, em São Paulo, entre março e novembro de 2014. O gasto com os estádios destinados à Copa do Mundo, o mau desempenho da Seleção e, principalmente, a troca de ofensas entre eleitores frente às urnas são latentes em faixas comoQueira não – “Desculpe a gentileza/ eu desculpo o empurrão.” 

Mas a prova de que são referências ideológicas e não textuais que unem os versos de João Cabral e o novo disco da Eddie está na faixa-título, Morte e vida. Nenhum trecho do escritor pernambucano é citado ou parafraseado. Mas a ideia da morte – e da vida injusta antes dela – está lá. “A prova do crime é o corpo à prova de Deus/ ao provar a bala, morto/ a prova morreu.” A violência urbana é condenada, como em Pedrada certeira, com mensagem crítica e pacifista. “Buscamos refletir sobre o ciclo das coisas, dos relacionamentos, sobre o convívio social e sobre o fim de todas as coisas. Cabral é um professor, a referência foi filosófica”, explica Trummer. 




O show de estreia da turnê está marcado para 26 de junho, em São Paulo. Depois, o grupo segue viagem pelo país, sem contratos fechados até então. Nos próximos shows em Pernambuco, não-relacionados à turnê de Morte e vida, algumas faixas inéditas já entram no repertório. No dia 5 de junho, Eddie sobe ao palco do Clube Atlântico de Olinda para comandar a festa Quando tu balança, junto com Forró Bole Bole e DJ Pós.


Frases


Morte e vida não é uma tradução literal. A morte, na verdade, representa uma renovação. Morrer é se renovar, não significa o momento final. Simboliza ainda a renovação da rotina, cada dia é uma nova luta.

Andret Oliveira, trompete e teclado


A morte vai além da morte biológica. Há o fim das coisas, dos relacionamentos. Os términos fazem parte da relação entre os seres. Isso tudo é morte e vida. Pode ser o fim de um casamento, a mudança de emprego, uma nova fase e tudo o que ela traz.
Fabio Trummer, vocalista


Morte e vida sugere uma estética nova, um conceito maduro. É sobre a renovação, sobre não se repetir. Produzir coisas novas. Ao invés de finais, recomeços.
Kiko Meira, bateria

quinta-feira, 21 de maio de 2015

GRAMOFONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*





Canção: Ao som dos violões

Composição: Jacob do Bandolim

Intérprete - Déo Rian e Conjunto Noites Cariocas

Ano - 1980

Álbum: Inéditos de Jacob do Bandolim - Déo Rian e Conjunto Noites Cariocas - Eldorado


* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 5000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

quarta-feira, 20 de maio de 2015

APÓS SHOWS DE 'CARBONO', LENINE DIZ QUE SUA MÚSICA GANHA OUTROS CONTORNOS NO PALCO

Longe do 'ambiente hospitalar' do estúdio, onde é difícil encontrar a emoção, artista percebe como suas composições chegam ao público

Por Eduardo Tristão Girão



São Paulo – Lenine se considera um “zeppeliniano”. “Uma coisa é um disco do Led Zeppelin, outra coisa é o show dos caras. É tudo estímulo, mas a mecânica é diferente”, explica. É por isso que seu novo disco, 'Carbono', soa diferente no fone de ouvido e no palco. Se no estúdio alinhou com competência colaborações díspares como Nação Zumbi e os holandeses da Martin Fondse Orchestra, no palco do Sesc Pinheiros, em São Paulo, onde encerrou na noite deste domingo a minitemporada de estreia, a aposta foi num som mais direto e pesado. Não é “mais um” show de MPB.

Para início de conversa, todas as 11 novas faixas estão lá (algumas rearranjadas) e praticamente não há hits. Cheia de ritmo, a mão direita da guitarra de Lenine, sua marca, é a mesma, mas a banda não fica à mercê dela. A concepção musical do espetáculo deixa clara a intenção de que ali se estabeleça o chamado “som de banda”, aquela colaboração orgânica entre músicos que não estão ali para cumprir um roteiro secundário. Não são meros acompanhantes.

O cantor e compositor pernambucano foi acompanhado pelo núcleo duro que gravou 'Carbono' com ele: o experiente JR Tostoi (guitarra), o filho Bruno Giorgi (bandolim e guitarra), Guila (baixo) e Pantico Rocha (bateria) – os dois primeiros assinam com Lenine a produção do disco. Sem convidados especiais, sem firulas e num cenário de poucos elementos, o que inclui fundo preto, uma escultura de ferro pairando acima da banda e 600kg de raspas de pneus espalhados pelo chão.

“No estúdio, você busca o sentimento, mas é difícil chegar a ele, já que o ambiente é hospitalar. No palco, o sentimento é a isca maior e é o melhor lugar, pois nele percebo de maneira inconteste como chega o que faço. Gosto muito da certeza de que, com a música, viajo. Já rodei o mundo fazendo o que faço, fiz amigos e tenho lugar para cair em qualquer canto do planeta. 'Carbono' também tem isso, é um somatório de amigos, é muito coletivo. Conto com a autoralidade, no caso do palco, de cada um dos integrantes”, afirma o artista.

Ao longo de uma hora e meia, ele passa de ponta a ponta pelo novo disco, pinça canções de outros trabalhos (como 'Envergo mas não quebro', 'Na pressão', 'Olho de peixe', 'Martelo bigorna' e 'Sonhei') e abre pequena janela para tocar, só com voz e violão, dois sucessos (a exemplo de 'Hoje eu quero sair só'), totalizando pouco mais de 20 composições. “Sei que tem aquela pessoa que quer ouvir isso. Tenho umas seis ou sete canções que tiveram mais exposição. Gosto desses filhos, mas tenho uma prole maior”, justifica.

No final das contas, o novo repertório mantém Lenine como um dos nomes de expressão da MPB, aliando esmero musical que mantém seu ouvinte habitual curioso e cuidado na escolha das palavras, ao lado de parceiros como Carlos Posada, Vinicius Calderoni, Lula Queiroga, Carlos Rennó e o filho João Cavalcanti. É possível que uma parcela do seu público (a mais afeita a hits) não vá achar tanta graça, mas o pernambucano cumpriu seu papel como artista. Experimentou.


COSTURA 

A audição de Carbono revela a habilidade de Lenine, Tostoi e Giorgi para deixar coerente a costura das participações que conferem matizes distintos ao disco. Isso começa já na faixa de abertura, 'Castanho', que teve participação do violeiro Ricardo Vignini. “Percebi nessa canção uma verve pantaneira e imaginei a viola. Queria alguém desse universo, mas com veia roqueira. Foi assim que cheguei ao Ricardo”, conta Lenine.

Também marcou presença em estúdio a Orkestra Rumpillez e seu maestro, Letieres Leite, naquele que é talvez o ponto alto do trabalho, 'À meia-noite dos tambores silenciosos', marcada por delicado trabalho de sopros e percussão. Também vale destacar as colaborações com a Nação Zumbi (no frevo contemporâneo 'Cupim de ferro') e com a Martin Fondse Orchestra (a introspectiva 'O universo na cabeça do alfinete'). O percussionista Marcos Suzano e o flautista e saxofonista Carlos Malta, ambos instrumentistas de peso, também estão lá.

“A hora do disco é a da experimentação. É um processo laboratorial, com uma lupa diferente, que não é a mesma do show. Meus discos são para fazer o que não fiz. Passar para o palco é outra coisa. No fundo, faço disco para agradar a umas 30 pessoas. Família, filhos e algumas pessoas que são desconfiômetros meus, que uso como filtros. Alguns, como Lula Queiroga e Bráulio Tavares, trabalham com música. São os primeiros para quem mostro. Tenho certeza de que pelo filtro desses caras não passa nada”, conta Lenine.

Sobre o título do trabalho, o pernambucano, que é formado em engenharia química, esclarece: “Carbono é a base da vida e em torno dele há possibilidades de que seja agregado a qualquer coisa para criar coisas novas. Grafite e diamante são, exclusivamente, carbono e a diferença de pressão faz um diferente do outro. Eu me aproximei disso para entender o que faço, esse hibridismo, essa busca por novas ‘moléculas’. É tudo carbono, todo mundo fazendo música e procurando a beleza juntos”.


Inspiração no Grupo Corpo

'Carbono' foi feito em apenas dois meses. “Foi tudo ao mesmo tempo agora. Precisávamos do disco físico na estreia, que já estava marcada, e, para isso, foi necessário entregar masterizado em 30 de março. No início de fevereiro, comecei do zero. As canções só surgem a partir do desejo e nunca tive tão pouco tempo. Foi um exercício maluco”, lembra.

Na visão dele, essa urgência tem ligação com sua experiência como compositor de trilhas sonoras para os mineiros do Grupo Corpo (assina as trilhas de 'Breu' e 'Triz'). “Numa dessas vezes, a única exigência eram 40 minutos de música inédita e eu só deveria mostrar quando achasse que devesse. Precisava dar subsídios para a expressão dos corpos daquelas pessoas. Então, polirritmia. Uma equação diferente que tive de fazer pelo inusitado do agora, do momento, do único. Não é do efêmero, como pode parecer. Isso me deu uma sensação muito boa”, afirma.

Até então, diz ele, fazer disco significava abrir a gaveta de composições e retirar dali o que mais lhe conviesse. O gosto pelo imediato, então, passou a ditar a forma de trabalhar e seu álbum 'Labiata' (2008) foi concebido assim. “Essa urgência é benéfica para a sensação de ‘sou eu agora’. Isso envolve todo um questionamento do que quero falar, de que maneira, o tom e o peso das palavras, como jogar com elas”, resume.

terça-feira, 19 de maio de 2015

CARREIRA DE SUCESSO DE AMADO BATISTA PROVA QUE O AMOR É FUNDAMENTAL PARA A HISTÓRIA DA MPB

Tocar o coração das pessoas em canções sobre o cotidiano brasileiro é um dos méritos do cantor


Por Lucas Rolfsen





Amado Batista é um cantor que, prestes a completar quarenta anos de carreira, prova que para carimbar o seu nome na história da música genuinamente popular brasileira, foi preciso apostar na verdade de canções como Mãe e Cuida de mim e muitas outras, que o ajudaram a conquistar um espaço de destaque na cena dos cantores românticos brasileiros.

O cuidado com o repertório é para esse goiano nascido em Davinópolis, o motivo para estar em evidência todo esse tempo. "É difícil fazer sucesso e mais difícil ainda mantê-lo por tantos anos. A única explicação parar isso é ter o mesmo cuidado desde o primeiro trabalho até hoje, com o repertório". Como ele iria imaginar que isso chegaria ao público de maneira direta, estabelecendo uma sintonia entre palco e plateia durante seus shows? Em 1951, tinha inicio a vida de um homem de origem humilde. "Canto o que sinto, por isso passo verdade e o publico se emociona junto comigo. Cada canção é uma forma diferente de se expressar sobre o amor".

Justamente por se tratar de uma temática amplamente difundida, abordada de muitas maneiras é que, Amado Batista tem os seus méritos e consegue cativar as pessoas. Sua história começou, quando trabalhava em uma livraria e montou em Goiânia uma loja de discos, que seu irmão tomava conta enquanto ele trabalhava. Em 1975 lança seu primeiro disco: Amado Batista (1975) e fez sucesso. Acontece que na capa não tinha uma imagem sua e, as pessoas faziam fila em sua loja para comprá-lo sem saber que era ele o dono de uma voz que veio para ficar.

Mas seu segundo disco Sementes de amor (1978) foi o que estourou e vendeu na época um milhão de cópias. "De lá pra cá o público vem gostando cada vez mais do meu trabalho. Este ano cheguei a 30 milhões de discos vendidos em 40 anos de carreira", diz um artista que não se cansa de amar e espalhar sentimentos bons por aí.

Ele parece não sentir o tempo passar. A energia de suas canções o faz olhar para o sólido caminho construído de maneira consciente e orgulhosa de que fez um bom trabalho: "Faço o que meu coração manda, canto o que me emociona e por isso chego aos corações das pessoas". E outros artistas parecem se espelhar nessa escola romântica e vêm utilizando o amor como tempero para outras ondas musicais que, em um primeiro momento não teriam influência direta de cantores românticos.

Ganha a música brasileira e ganhamos nós ouvintes: Mano Brown em sua nova fase solo e independente de seu trabalho com o Racionais Mc´s, já declarou que Amado Batista, entre outros românticos, serve de influência. Mais uma lição - que o próprio rap prega de não rotularmos as pessoas - a ser aprendida através da cena musical contemporânea: uma renovação a partir de um gênero que durante muitos anos ficou estigmatizado como “Brega".

A obra de Amado nos mostra que o ser humano precisa buscar a simplicidade e a alegria, sem rótulos: "Acho que o amor está aí independente do ritmo. Todo mundo vive o amor, quem gosta de rap, quem gosta de samba, quem gosta de música sertaneja, quem gosta de música romântica. Seja no ritmo que for. O amor nunca vai sair de moda", finaliza.

LENDO A CANÇÃO

Por Leonardo Davino*



"Tchau chupeta", de Taciana Barros e Arnaldo Antunes (Pequeno cidadão, 2009), é o canto da transição: a dramática hora de dar tchau à chupeta, tomada ao longo da canção como uma muleta (instrumento de dependência) que está atrapalhando o sujeito (a criança) a soltar a voz - a ter a possibilidade de se autocantar - afirmando-se, por si só, no mundo.

Há aqui duas vozes: a voz do adulto que recorda sua experiência do passado - "Quando eu era pequena eu joguei a minha no mar" (com o duplo uso do "eu" como reforçador da ação) - e a voz da criança que, seduzida pelo convite e pelas imagens estranhas, consegue se libertar: "Agora eu quero cantar / Cair de boca no som / Ficar de boca pro ar".

O sujeito adulto faz comparações tão banais quanto lúdicas, dando exemplos pessoais. Enfatizando, no primeiro momento, nas imagens que a criança tem (e deseja) daquilo que considera ser um adulto - "Já pensou uma mãe chupando chupeta? / Já pensou um pai chupando chupeta? / E uma vó de bobs e chupeta? - o sujeito se argumenta mexendo com a capacidade imaginativa de quem ouve.

Colocando um objeto estranho (a chupeta) no lugar errado (impensável), ele desestabiliza os possíveis contra-argumentos da criança: estimula o pensamento, num gesto de passar a bola da subjetivação - até então filtrada e dada pelos pais - à criança.

No segundo momento argumentativo, o adulto é mais enfático, mas não menos lúdico: "Já pensou um peixe chupando chupeta? / Aquela que eu joguei nem ele vai querer / A baleia prefere tocar a trombeta / Do que ficar com medo de crescer". Eis o cerne da canção: dar tchau a chupeta implica em crescimento interior: em abandono das muletas externas (físicas) para o mergulho no mar de si.

Importa perceber que as vozes das crianças (Brás, Luzia, Joaquim Scandurra) só entram na cena sonora (até então só ouvimos as vozes de Taciana, Arnaldo e Edgard Scandurra) nos versos "Agora eu quero cantar / Sem uma tampa de borracha pra me atrapalhar". O que intensifica a intenção da canção: instigar a transição pré e pós chupeta: favorecer a construção da subjetividade, do desejo de voz própria. Gesto metaforizado pelo abandono da chupeta: objeto que tampa as vias emissoras de ar, voz, canto, canção.

A palavra "chupeta" se prolifera na canção: contamina tudo. Isso reforça o ritual consciente e lúdico do tchau. "Todo mundo tem seu tempo de mamar / Mas depois que o tempo passa tem que se jogar no mar", diz o sujeito adulto. É hora de desfazer amarras infantis: é hora de ser adulto - botar a boca no mundo; romper a bolha de proteção; assumir a brincadeira (dolorosa e alegre) de construir e desconstruir personas; e, para além da canção materna e paterna, compor sua própria canção: Ser (sozinho) no mundo.


***

Tchau chupeta
(Taciana Barros / Arnaldo Antunes)

Já pensou uma mãe chupando chupeta?
Já pensou um pai chupando chupeta?
E uma vó de bobs e chupeta?
E um vovô de bengala e chupeta?

Todo mundo uma hora tem que se libertar
Quando eu era pequena eu joguei a minha no mar

Vai, vai navegar. Valeu obrigada
Mas minha boca não é mais seu lugar
Agora eu quero cantar
Sem uma tampa de borracha pra me atrapalhar

Já pensou um peixe chupando chupeta?
Aquela que eu joguei nem ele vai querer
A baleia prefere tocar a trombeta
Do que ficar com medo de crescer

Todo mundo tem seu tempo de mamar
Mas depois que o tempo passa tem que se jogar no mar
Vai, vai navegar. Valeu mamadeira,
Mas eu prefiro respirar

Agora eu quero cantar
Cair de boca no som
Ficar de boca pro ar

Vai, vai navegar
Sem uma tampa de borracha pra me atrapalhar




* Pesquisador de canção, ensaísta, especialista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Literatura Comparada, Leonardo também é autor do livro "Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso" e está presente nos livros "Caetano e a filosofia", assim como também na coletânea "Muitos: outras leituras de Caetano Veloso". Além desses atributos é titular dos blogs "Lendo a canção", "Mirar e Ver", "365 Canções".

MPB - MÚSICA EM PRETO E BRANCO

Gal Costa e Gilberto Gil 

sábado, 16 de maio de 2015

QUE SE VOLTEM NOVAMENTE OS HOLOFOTES

Nome presente em diversas trilhas sonoras das dramaturgias nacionais ao longo dos anos 1990, Edmon Costa tenta retomar o espaço alcançado a duas décadas atrás

Por Bruno Negromonte





Há quem julgue a década de 1990 como uma década perdida dentro da música popular brasileira devido à enxurrada de produtos comercialmente descartáveis com que as grandes gravadoras preenchiam as prateleiras as seções de cd's das grandes lojas de departamento Brasil afora.  Diferente das décadas anteriores onde a música produzida pelos artistas em evidências faziam-se, por suas qualidades, perenes; a grande maioria da sonoridade tão executada e propagada na última década do século XX não tinha fôlego para resistir (raras as exceções) por mais que alguns semestres.  No entanto, pode-se dizer quem nem tudo foi perdido. Expressivos nomes surgiram nessa leva. Uns permanecem ainda hoje escrevendo a história da música de qualidade como é o caso de nomes como Chico CésarZeca Baleiro e até mesmo Lenine, que apesar de alguns projetos fonográficos na década anterior só a partir dos anos de 1990 firmou-se como cantor e compositor. Outros nomes, apesar do talento, não tiveram a mesma sorte. Acabaram sem chance ao passar pelo clivo de uma industria cultural tacanha que leva em consideração ao avaliar determinados trabalhos características que atendem mais a expectativa do mercado do que necessariamente dos amante da boa música como é o caso do artista aqui em questão: Edmon Costa, cantor que ao longo dos anos de 1990 teve seu trabalho conhecido pelo grande público a partir da Rede Globo nas trilhas sonoras de suas novelas. De 1991 à 1994, o músico teve seu nome inserido em diversos folhetins, dentre os quais O dono do mundo” (1991), “Olho no olho” (1993), Quatro por quatro” (1994) e “Cara e coroa” (1995). Além dessa façanha, Edmon também chegou a participar de outros programas da grade da emissora carioca, a exemplo do extinto "Planeta Xuxa" e do show anual "Criança Esperança". Vale ressaltar ainda a sua participação no coral que cantou junto com Stevie Wonder em um a das apresentações do músico americano aqui em nosso país ainda nos anos 90.




Com essa bagagem e talento é de se estranhar a ausência do Edmon Costa na crista da onda de nossa música popular brasileira. O que consequentemente acaba gerando uma incoerência no cenário musical nacional, uma vez que atesta-se de modo veemente que não basta o talento e é preciso algo mais que o sucesso momentâneo para manter-se em evidência. Nascido no Rio de Janeiro em meio ao universo protestante, o pequeno Edmon teve seu destino traçado de modo semelhante a alguns dos grandes nomes do soul mundial. Rapidamente inserido neste cenário, o futuro cantor logo estava dando os seus primeiros passos na música cantando em coros gospeis. Daí em diante foi galgando espaços cada vez mais significativos a partir de trabalhos diversos, dentre os quais a sua participação em bandas como Fanzine e Sindicato do Soul. Na década de 1990 surge a oportunidade de gravar o seu primeiro álbum solo via Sony Music. O destaque deste debute fonográfico foi a canção "Coração de gelo", faixa também presente na novela "O dono do Mundo" como tema do personagem Herculano, interpretado pelo ator Stênio Garcia. Já o seu segundo disco saiu pela Polygram tendo como grande destaque para duas canções: "Toda Noite" e "Tocar você", a primeira tema musical presente em "Olho no olho", teledramaturgia global exibida às 19 horas de 6 de setembro de 1993 à 8 de abril de 1994; já a segunda foi escolhida como a canção tema de abertura da novela "Cara ou coroa", outra produção da Rede Globo exibida no horário das 19 horas entre outubro de 1994 e julho do ano seguinte. De lá pra cá chegaram ao mercado mais três álbuns contendo a assinatura de Edmon e que reforçam o seu talento a partir da escolha de um seleto repertório que abrande alguns dos maiores da música.

Recentemente, em busca de uma nova oportunidade de levar a sua música ao público de norte ao sul do país, o o artista subiu ao palco do “The voice Brasil” cantando a clássica “Samba de verão”, de autoria dos irmãos Marcos e Paulo Sergio Valle. A partir de uma peculiar interpretação conseguiu chamar a atenção de dois dos quatro jurados participantes. Edmon conseguiu virar a cadeira” de Lulu Santos e Claudia Leitte. Sem contar o baiano Carlinhos Brown, que arrependeu-se de não ter virado a sua cadeira para o artista carioca: “Eu me arrependi. É uma das vozes mais surpreendentes”. Apesar de não lograr êxito na edição a qual participou a presença do artista carioca no programa acabou tornando-o lembrado novamente e isso, é claro, acaba por gerar novas possibilidades abrindo-o portas que acabaram fechando-se nos últimos anos devido justamente a essa falta de oportunidade e abrangência.

Atualmente o artista vem apresentando o show Do samba ao soul”, onde atende aos mais distintos gostos musicais procurando pautar-se sempre na coerência e qualidade das canções escolhidas. Com um repertório que abrange nomes de destaque dentro da música nacional e internacional, o artista carioca vem mostrando toda a sua versatilidade, sensibilidade e talento a partir de um repertório bastante diversificado que busca apresentar nomes como o dos grupos Brilho (“Noite do prazer”) e Banda Black Rio (“Maria Fumaça”); Cassiano (“Coleção”), Djavan (“Flor de lís” e “Samurai”), Stevie Wonder (“Superstition”) entre outros destaques do samba e do soul. Mesmo não tendo levado o título da edição a qual participou, Edmon pode considerar-se um vitorioso por ter tido a oportunidade de voltar à mídia assim como também aos olhos dos saudosos fãs que não o viam há tempos. Esta nova chance também possibilitou ao seu trabalho a oportunidade de chegar ao conhecimento das novas gerações, plantando através do seu talento a tal semente que corre-se o risco de brotar a qualquer momento. Sem sombra de dúvidas voltar a mídia através de um programa televisivo que tem uma média de audiência entre 17 e 22 pontos (a julgar pela última temporada) renova a esperança de Edmon Sebastião Silva Costa ou simplesmente Edmon Costa de reviver os áureos tempos vividos no início dos anos de 1990 onde sua voz e talento abarcava os mais distintos corações de norte ao sul do país.


Maiores Informações:

Contato para shows - luizaugusto69@yahoo.com.br

Fones - (21) 3597 1909 / (21) 9 8382 5534

LinkWithin