segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A FAUNA E A FLORA NORDESTINAS REPRESENTADAS NAS MÚSICAS DE LUIZ GONZAGA – REI DO BAIÃO - PARTE 01

Por Neuridan Gonçalves Nunes


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INTRODUÇÃO

O presente trabalho, cujo tema é “A Fauna e a Flora Nordestinas Representadas nas Músicas de Luiz Gonzaga – Rei do Baião” foi escolhido pelo fato de que tivemos um grande artista brasileiro e nordestino que cantou e encantou a todos os nordestinos brasileiros com suas músicas, principalmente ao retratar os animais e as plantas da Região Nordeste, completando centenário neste ano de 2012.

Como se sabe o Brasil é o país com a maior diversidade do mundo. A fauna pode ser doméstica, pois compreende os animais domesticados pelo homem e selvagem que são os animais selváticos: os animais que vivem em estado selvagem, aqueles que não dependem do homem para sobreviver e procriar, os que vivem livres em seu habitat.

Luiz Gonzaga foi o maior representante do Nordeste brasileiro, destacou as nossas riquezas, vida e sofrimento dos conterrâneos, defendeu os animais, exaltou a nossa flora e a fauna, tudo através do seu musical inesquecível, relembrando por todos depois da sua morte.

Luiz Gonzaga não foi apenas o Rei do Baião. Ele foi historiador, biólogo, linguista, matemático e geógrafo. Suas canções abordam conhecimentos das diversas áreas do saber. Seja através do contexto histórico da época em que as músicas foram escritas, do tema ou do vocabulário escolhido, o acervo musical de Gonzagão é uma boa pedida para professores e alunos interessados em aprender ou ensinar de uma forma nada convencional: cantando.

Além de representar a realidade, as palavras usadas pelo artista expressam sentimentos à frente de seu tempo. Nada é mais atual que a preocupação com o meio ambiente, já expressa na letra “Xote Ecológico”, escrita por ele e Agnaldo Batista em 1989. O xote é dedicado ao defensor da Amazônia Chico Mendes e descreve uma realidade onde até as flores “a poluição comeu”.

Em todas as musicas de Luiz Gonzaga são abordados temas sobre o nordeste, principalmente a caatinga com sua fauna e flora e na maioria delas existe a relação entre a natureza e o homem. Na música “o xote das meninas” não é diferente. A comparação entre o mandacaru e a menina é evidente. Quando o mandacaru floresce é sinal de chuva e quando a menina da boneca é sinal que já virou moça. O florescer do mandacaru e a menstruação da menina simbolizam o amadurecimento. O xote das meninas mostra a mudança de comportamento das meninas logo após de entrar na adolescência. A mudança de roupas: “meia comprida, não quer mais sapato baixo...”,o uso das maquiagens e os problemas enfrentados durante a adolescência. De acordo com Santos (2004, p. 88):

Gonzaga cantou a seca; cantou a triste partida do povo nordestino para as terras do Sul; cantou a chuva, grande alegria do pobre agricultor sertanejo; cantou o verde da mata, a aridez do agreste e as asperezas da caatinga; cantou também os rios, a fauna (jumento, assum-preto, acauã, o sabiá, o gogó da ema e o vem-vem) e a flora (coqueiro, embuzeiro e o juazeiro); cantou a geografia nordestina, homenageando cidades (Penedo, Porto Calvo, Maceió, Recife, Pesqueira, Caruaru, Garanhuns, Campina Grande, Piancó, Salgueiro, Bodocó e Exu), aspectos da cultura popular (feira-livre, boi-bumbá, festas de São João) e, como não poderia faltar, cantou personagens típicos do cenário humano nordestino, tais como cangaceiros (Lampião), violeiros, vaqueiros, viajantes, boiadeiros, romeiros, caçadores, Frei Damião, Padre Cícero e, é claro, o sanfoneiro.

Vê-se que a crueldade da seca e a migração marcam a triste sina do sertanejo que sofre com a falta de chuva e a migração para os grandes centros. A proteção divina representa a esperança celestial apontada como alternativa para a ocorrência de chuva. A relação homem/natureza é expressa pela associação de pássaros e outros animais ao cotidiano da seca. E, por fim, o desejo de retorno e o contraste entre o Nordeste e o Sudeste anunciam o desencanto e a saudade da terra natal e a tristeza das relações sociais.

Luiz Gonzaga, bem como Euclides da Cunha denunciou as tristezas do sertão nordestino e, na obra Os Sertões de Euclides da Cunha, pode se entender que é uma obra de Sociologia, Geografia, História ou crítica humana. Mas não é errado lê-la como uma epopeia da vida sertaneja em sua luta diária contra a paisagem e a incompreensão das elites governamentais (REZENDE, 2001, p. 201).

Este trabalho fora realizado através de pesquisa bibliográfica, tendo como base os teóricos Ângelo (1990), Dreyfus (1997), Oliveira (1991), Rezende (2001), Santos (2004) e Travassos (2000) para aprofundamento da fundamentação teórica desta monografia, bem como por meio de entrevistas a 50 pessoas com perguntas fechadas sobre o Rei do Baião.

O presente trabalho monográfico está dividido em três capítulos. O primeiro trata de um breve histórico do Rei do Baião nordestino, onde pode-se encontrar a biografia de Luiz Gonzaga; o segundo capítulo trata de Luiz Gonzaga e a música como expressão popular nordestina e o terceiro capítulo trata da fauna e da flora cantadas pelo Rei do Baião, no qual apresenta músicas do cantor com suas respectivas análises.

Este trabalho tem como objetivos conhecer a vida e a obra de Luiz Gonzaga no contexto da história e da influência da música popular brasileira na fauna e na flora da Região Nordeste; identificar os problemas sociais do Nordeste a partir das músicas do compositor; conhecer e analisar as canções de Gonzaga e de outros compositores influenciados por ele; bem como apresentar, através das músicas de Luiz Gonzaga, informações da vida e dos costumes da população nordestina e apresentar a riqueza e a beleza da nossa fauna e da nossa flora.

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