PROFÍCUAS PARCERIAS

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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Um bate-papo com alguns dos maiores nomes da MPB e outros artistas em ascensão.

HANGOUT MUSICARIA BRASIL

Em novo canal no Youtube, Bruno Negromonte apresenta em informais conversas os mais distintos temas musicais.

sábado, 30 de novembro de 2019

VERDADE TROPICAL (CAETANO VELOSO)*

Verdade Tropical - Caetano Veloso


VEREDA

A maioria das canções por que sou reconhecido hoje em dia foi composta e gravada depois do Araçá azul. Com exceção do fenômeno de "Alegria, alegria", que no Brasil (mas só no Brasil) ainda ê mais conhecida do que quaisquer outras, hoje sou sobretudo o autor de algumas canções escritas de meados dos anos 70 em diante. Evidente, portanto, que há muita história para contar referente a esses tempos. E, de fato, a colaboração com Perinho Albuquerque em Jóia, Qualquer coisa e Bicho marca um período memorável. E com A Outra Banda da Terra (que tinha como núcleo Arnaldo Brandão, Vinícius Cantuária, Bolão, Zé Luís e Tomaz Improta) atravessei o que não temeria considerar a fase de maior felicidade de minha vida musical. Retomando uma conquista de Transa, eu só agora engrenava uma carreira propriamente profissional, com apuro e liberdade no canto.
Depois dos loucos 60, os anos 70 se me afiguravam desenxavidos: eu não gostava de David Bowie nem de rock progressivo nem de Woody Allen nem dos novos filmes alemães nem do Weather Report nem do Earth, Wind & Fire. Só Bob Marley, Stevie Wonder e algo do punk eram novidades animadoras vindas do mundo anglófono. Achava a moda (roupas, cabelos, estilos de dançar) feia e careta, em suas esquematizações das ousadias dos anos 60. Mas me sentia feliz e o Brasil me estimulava. Daqueles anos para cá, interessei-me pelo fenômeno de
modernização das telenovelas brasileiras (e, em geral, pelo papel da tv Globo na educação das grandes massas), pelo trabalho do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone (que, sem ambicionar a grandiosidade de Zé Celso ou Boal, trouxe uma vitalidade espontânea - e uma poesia - para o teatro, que o aproximava da força da música popular), pelas novas ondas de samba carioca no mercado ("pagode"), pelo surgimento dos blocos afro nas ruas de Salvador (a canção de Gil "Filhos de Gandhi" fez mais por isso do que o meu "Atrás do trio elétrico" tinha feito pelos trios elétricos), pelo estouro comercial do pop carnavalesco baiano, pela explosão das bandas brasileiras de rock nos anos 80, pelo repentino interesse do mercado litorâneo pela música sertaneja, por alguns filmes coloridos
feitos por diretores do Cinema Novo com um aspecto de bom entretenimento que os filmes da fase heróica desconheciam; aproximei-me do candomblé - a partir de conversas bonitas com a ialorixá Mãe Menininha do Gantois - e me mudei para o Rio para fazer psicanálise. Na metade da década de 80, meu casamento com Dedé teve que chegar ao fim e meu encontro com Paula Lavigne, uma menina de treze anos que atuava num grupo de teatro de adolescentes, terminou tendo conseqüências de grande porte: estamos vivendo juntos há dez anos e temos dois filhos: Zeca, nascido em 92, e tom, em 97. Por causa da atenção a coisas como a tv Globo, a axé music, o rock-Brasil - e mesmo o Asdrúbal Trouxe o Trombone - ouvi de amigos mais ou menos íntimos o comentário de que eu embarcava em muitas canoas furadas. Mas eu acreditava que podia andar sobre as águas.
Eu amava os discos experimentais de tom Zé ou de Walter Franco, os filmes de Júlio Bressane e de Rogério Sganzerla - mas sabia que meu lugar era lá no meio da corrente central da cultura de massas brasileira, muitas vezes nadando contra a maré ou apenas atrapalhando-lhe o fluxo, outras, tentando desimpedir-lhe o caminho. Haveria muito o que discutir sobre tudo isso, mas a história por trás das reflexões expostas neste livro acaba aqui.
Trinta anos transcorreram entre a deflagração do movimento tropicalista e os dias em que escrevo estas últimas páginas. Naturalmente muitos pensamentos que aqui aparecem desenvolvidos e conclusos eram ainda informes em mim durante a ação narrada. Mas também é verdade que muitos outros estiveram mais vividamente claros em minha mente no calor da hora do que puderam ser agora reconstruídos. E outros tantos se mantiveram imutáveis em seu ritmo e forma por todos esses anos. Outros, ainda, são simplesmente novos em mim. O que vale mesmo ressaltar é que o que me levou ao tropicalismo aqui me traz. Em O choque de civilizações, Samuel P. Huntington descreve o retorno das antigas forças civilizacionais que estiveram recalcadas pela guerra fria, a volta de um mundo mais velho e muito mais resistente do que a aventura ocidental que culminara com os Estados Unidos. Dogmas culturais particularistas e fundamentalismos religiosos comandam a cena. Ele então propõe que os Estados Unidos liderem o Ocidente num programa de | reafirmar -se como cultura particular com uma religião própria. "A Cristandade" ressurge como sinônimo para "Civilização Ocidental". O critério de classificação das "civilizações" que ele apresenta é duvidosíssimo. Há uma civilização islâmica, uma ortodoxa, uma sínica, uma africana, uma ocidental e uma latino-americana. Sobretudo não me parece convincente a interpretação dos EUA como guardiães da civilização européia. Vejo a América como um estágio radicalmente novo da história da cultura ocidental. Traumaticamente "lavada em sangue negro e sangue índio", toda ela é uma antítese agressiva da Europa. Sob certos aspectos, os EUA o são mais do que o conjunto dos países latinos do Novo Mundo. A violência de sua cultura de massas, a saúde com que, a partir dos anos 20, eles exportaram uma cultura "vira-lata" (Ann Douglas) definem uma realidade que mais aponta para uma superação do estágio europeu da História do que para uma sua cristalização.
Mas Huntington termina caracterizando como Ocidente apenas os países "brancos" ricos: sob a tutela dos Estados Unidos, estes deveriam organizar-se contra "o resto". O Brasil aparece como o possível "país-núcleo" da alegada civilização latino-americana.
Seria simplesmente desprezível para nós essa confusão deliberada de blocos geopolíticos com "civilizações" se ela não tocasse uma corda sensível da intuição que têm os brasileiros do que seja o Brasil. De fato, nosso país se nos mostra como uma eterna indefinição entre ser o aliado natural dos Estados Unidos em sua estratégia internacional e ser o esboço de uma nova civilização. Suas características de país gigantesco e linguisticamente solitário contribuem igualmente para as duas tendências. O caráter único de sua música popular - tanto em sua beleza quanto em sua precariedade - vem disso. O tropicalismo pôde tentar extrair energia original dessa tensão. Livros como o de Huntington (ou o Trustde Fukuy ama, que aparentemente se lhe opõe) me fazem sentir - e pensar o tropicalismo - posicionado mais nitidamente à esquerda do que me seria possível em 67.
Foi no Ocidente que se desencadeou um processo de secularização do conhecimento que resultou na ciência de eficácia universal tal como a conhecemos, e na moral individualista ateia em que se baseiam os "direitos humanos". Como recentemente observou Décio Pignatari, os ateus são a verdadeira minoria do nosso tempo. A "revanche de Dieu" é, pois, um fato estatístico - o que não deixa de ser irônico. Mas, se uma mente norte-americana vigorosa receita uma amedrontada submissão a essa "revanche", a mente musical brasileira não pode aceitar esse tipo de restauração. Thomas Mann dizia: "Não há nada pior do que o sonho de restauração. Uma época medrosa de si mesma procura restaurar fundamentos. Em vão: não há volta". Kapucinski conclui seu livro sobre a derrocada do Império Soviético com a constatação de que os países territorialmente grandes sempre encontram meios de se reerguer - e cita o Brasil junto com a China e a índia como exemplos: a Rússia também, diz ele, se reerguerá dos escombros do pós-socialismo. Vejo nessa observação um mero reconhecimento da auto -imagem ambiciosa que tais países fatalmente
têm. Sendo assim, que a ambição brasileira seja a de levar o ateísmo, filho do Ocidente, às suas últimas conseqüências. O fato de ser provável que a religiosidade seja reencontrada em outro estágio ao fim do processo não autoriza a regressão aos moldes pré-científicos, pré-filosóficos e pré-jurídicos de religião. É isso que me fascina em O mundo desde o fim, o livro de filosofia de Antônio Cícero, com sua retomada do cogito como "apócrise". E quando falo, a esse respeito, de "um Ocidente ao ocidente do Ocidente", penso não num fundamentalismo dessa cultura particular, mas no compromisso com alguns conseguimentos historicamente ocidentais irreversíveis, Takeshi Umehara (citado por Huntington) escreveu que "o completo fracasso do marxismo e o espetacular esfacelamento da União Soviética são apenas os precursores do colapso do liberalismo ocidental, a principal corrente da modernidade. Longe de ser a alternativa do marxismo e a ideologia dominante no final da História, o liberalismo será a próxima pedra de dominó a cair". Essa observação leva Huntington a sugerir a união estratégica dos Estados Unidos com os países europeus "cristãos".
A mesma afirmação do filósofo japonês me levaria a perguntas mais fundas sobre o que significa o que aconteceu no Ocidente. Huntington cita também Arthur Schlesinger Jr.: "A Europa é a fonte - a fonte singular- das idéias de liberdade individual, democracia política, império da lei, direitos humanos e liberdade cultural. Essas idéias são idéias europeias, não são asiáticas, nem africanas, nem do Oriente Médio, a não ser por adoção". Mas, como disse Ernest Gellner, que tais idéias tenham surgido no Ocidente (assim como a ciência moderna) não significa que os povos brancos europeus sejam seus donos ou mesmo que estejam mais capacitados para pô-las em prática ou desenvolvê-las. É óbvio que o liberalismo será a próxima pedra de dominó a cair, se os autointitulados amantes de tais conquistas ocidentais – os conservadores dos países ricos do Ocidente - fatalmente o desvalorizam quando festejam a falência do socialismo acenando com uma volta explícita à submissão à fé - e uma volta implícita a valores raciais - que o pensamento liberal não toleraria. E quando - desistindo momentaneamente do economicismo desbragado dos anos 80 - voltam a um culturalismo de disfarçado tom romântico, em que se desconfia de que as ideias racionais possam produzir algo real na vida das sociedades. 
O choque de civilizações lembra aquele texto de Wagner que tanto impressionou Nietzsche - em que cinicamente se propõe que as massas sejam conduzidas, por homens irreligiosos, na ilusão da religião. O que, por sua vez, me recorda o sargento que, quando eu estava preso, me confessava orgulhoso ter espancado atores de uma peça em que supostamente se desrespeitava a figura da Virgem Maria, apesar de afirmar grosseiramente não acreditar ele próprio nessas merdas. Aqui também, eu me sinto mais religioso do que os conservadores americanos que receitam o protestantismo como cura para o atraso da América Latina.
Huntington atribui a onda libertária dos anos 60 ao crescimento percentual de jovens no Ocidente depois da Segunda Guerra (baby boom). Eríc Hobsbawm, ao crescimento econômico mundial naquela década e na anterior. Perguntar sobre o tropicalismo é perguntar sobre o sentido da interseção da singularidade brasileira com a força dessa onda. O século XX foi chamado de "o século americano". Hobsbawm - que o caracterizou como "breve" - afirmou que, em matéria de cultura popular, pudemos ser, no denso espaço dessa brevidade, "ou americanos ou provincianos". Na periferia da economia mundial, o Brasil apresentou, com o tropicalismo, um modelo de enfrentamento dessa questão que só agora se torna mundialmente inteligível. Algo desse modelo mais ou menos reproduz-se (não por influência direta, na maioria dos casos) no desabuso do melhor pop&rock mexicano e argentino dos anos 80 para cá.
Em rápidas palavras, eu próprio poderia dizer que não vivencio o que me interessa em minha criação a partir da perspectiva do "século americano" e sim de uma sua possível superação. Mas isso sobretudo porque no século americano ainda sobra espaço para que se teime em fazer dos Estados Unidos da América o mastim de um grupo racial e religioso. O livro de Huntington tem algo de profundamente antiocidental: ele expõe o esforço dos conservadores em transformar a cultura de Camões, Lutero, Washington e Picasso numa cultura fechada. Simplesmente não dá. A grande movimentação que levou a chama civilizatória das áreas quentes para o frio Norte do hemisfério norte parece estar - depois de atingir o Japão e tigres asiáticos neocapitalistas e China neocomunista - madura para fazer um desvio de rota. Ter como horizonte um mito do Brasil gigante mestiço lusófono americano do hemisfério sul como desempenhando um papel sutil mas crucial nessa passagem é simplesmente uma fantasia inevitável. Antônio Cícero, no citado O mundo desde o fim, relembra a revolta de Nietzsche contra a tendência dos pensadores "moralistas" a depreciarem o homem tropical: em favor de quê, pergunta o filósofo alemão, "das zonas temperadas? Em benefício dos homens temperados? Daquilo que é moral? Do medíocre?". Com efeito, o economista brasileiro Eduardo Giannetti, em livro publicado mais ou menos à mesma época, relaciona as opiniões de alguns desses grandes moralistas, justamente para contrapô-las ao protesto nietzschiano.
A citação de Kant nos basta: "A excelência das criaturas pensantes, sua rapidez de apreensão, a clareza e vivacidade dos seus conceitos, e, em suma, toda a extensão de sua perfeição, torna-se mais alta e mais completa na proporção direta da distância do seu lugar de moradia em relação ao sol".
O nome de "tropicalismo", que rejeitei a princípio por considerar restritivo, hoje me parece adequado como nenhum outro o seria. Justamente por eu ter preferido enfatizar em primeiro lugar nossa aceitação do repertório do pop internacional - como oposição de choque ao nacionalismo -, o apelido hoje me soa como uma revelação involuntária da essência do movimento. Sua própria construção - por jornalistas ingênuos a partir de uma sugestão de Luís Carlos Barreto por causa da obra de Oiticica - tem a marca do acaso significativo, do acercamento inconsciente a uma verdade. Uma responsabilidade pelo destino do homem tropical, um dínamo escondido que desencadeasse uma resposta histórica para uma pergunta semelhante à de Nietzsche - eis a motivação íntima do que se chamou de tropicalismo em música popular brasileira. Não se trata aqui de atribuir intenções grandiosas a gestos banais: um grupo de garotos fazendo música de divertimento decide por fim reivindicar um sentido maior para o desenrolar de suas carreiras. Creio antes que tal sentido se impõe a despeito do que há de pequeno nessas carreiras. E termina até por se alimentar de seus aspectos mais mesquinhos. Sem necessariamente enaltecê-los. Menos do que uma visão mística da História, eu gostaria que estas palavras fossem tomadas como um esforço de lucidez diante do que se apresenta como a matéria mesma da nossa história sendo vivida.
Isso tem como lastro o som real produzido por João Gilberto. João assume a instância música popular como determinante de nossa verdade dada e criável.
Creio mesmo que eu teria agido mais responsavelmente se tivesse escrito, em vez destas memórias reflexivas, o livro que por tanto tempo sonhei escrever sobre ele. Nunca desisti de todo de fazê-lo. Mas acontece que tal projeto apresenta o duplo risco de, diferentemente deste aqui, substituir-se à minha música e de, afinal, não agradar ao próprio João. Que minha música canhestra e errática seja por enquanto o livro que posso escrever sobre ele - é assim que ele a ouve - (e que este livro aqui seja uma extensão de seu caráter algo disforme),
pois ela, sem encantá-lo (se bem que sua gravação de "Menino do Rio" me leve a duvidar), tampouco o aborrece com análises e interpretações de seu mistério tão genialmente protegido até (ou talvez sobretudo) dos que querem mistificá-lo.
Fique apenas claro aqui que a vereda que leva à verdade tropical passa por minha audição de João Gilberto como redentor da língua portuguesa, como violador da imobilidade social brasileira - da sua desumana e deselegante estratificação -, como desenhador das formas refinadas e escarnecedor das elitizações tolas que apequenam essas formas. Por meu intermédio, o tropicalismo tomou a realidade da música popular no Brasil pela sua vocação
mais ambiciosa materializada no som de João.
Nos anos 50, uma marchinha de Carnaval carioca ridicularizava as fãs de cantores de rádio nos seguintes termos:
Ela é fã da Emilinha
Não sai do César de Alencar
Grita o nome do Cauby
E, depois de desmaiar,
Pega a Revista do Rádio e começa a se abanar.
Uma foto aqui, uma foto ali
O dia inteirinho ela não faz nada
Enquanto isso em minha casa
Eu não arranjo uma empregada.
A canção foi um grande sucesso. Eu, que, aos treze anos frequentava os auditórios da Rádio Nacional do Rio de Janeiro onde Emilinha e Cauby se apresentavam no Programa César de Alencar-, ria da sátira sem me sentir ofendido: supunha -me acima dos outros freqüentadores, mas mesmo assim não achava que eles tivessem muito do que se envergonhar. Eram pessoas ingênuas e um tanto inautênticas em seus arroubos, mas amavam o que a mim mesmo parecia amável.





* A presente obra é disponibilizada por nossa equipe, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudiável a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo.

MEMÓRIA MUSICAL BRASILEIRA

Por Luiz Américo Lisboa Junior 


Caymmi visita Tom (1964)




Existem coisas na vida que devem ser aproveitadas ao máximo, são prazeres, digamos, inenarráveis, que apesar de simples enchem de alegria nossa existência. Para muitas pessoas os momentos bons da vida devem ser vividos intensamente para serem eternamente lembrados. Porém, apesar de muitos considerarem fama, dinheiro, sucesso profissional, valores que adoçam a existência, são nos pequenos prazeres que encontramos a verdadeira felicidade, ou chegamos perto dela. Isso porque o que vale mesmo são aqueles instantes compartilhados com harmonia, paz de espírito, livres de superficialidades, espontâneos, pois, dessa forma eles acontecem mais serenamente e fluem com mais freqüência e intensidade. 

Se formos fazer um balanço de como anda a vida das pessoas no mundo atual verificaremos sem maiores dificuldades que vivemos em um planeta estressado, correndo sempre atrás de resultados que nos supram a sobrevivência e depois de algumas conquistas, gastamos todas as economias em coisas supérfluas, dominado que somos pelo mercado de consumo a fim de extravasarmos as nossas vaidades. É uma vida superficial que invariavelmente nos leva a uma perspectiva enganosa do que sejam os verdadeiros prazeres da existência, daí a constatação de que as frivolidades do mundo moderno nos consomem tão vorazmente que nem sequer não nos damos conta de as quantas andam nossa relação com o universo que nos cerca acarretando problemas existências presentes e futuros. 

Nessa conjetura devemos então ficar atentos para não nos deixarmos envolver com situações desnecessárias, aumentando a sua importância e somatizando seus resultados, deixemos, portanto, nos levar pelo nosso livre arbítrio com responsabilidade e vigilância necessária para que os acontecimentos importantes que vivenciarmos surjam de forma espontânea, pois serão mais verdadeiros e deixarão um legado de saudade e frescor muito agradáveis quando relembrados, pois serão muito especiais, assim, construiremos nossas biografias com mais segurança, tranqüilidade e certeza de que não nos deixamos seduzir pelas futilidades e valores pífios que a vida nos oferece, e teremos então sido plenamente felizes e realizados. 

Foi justamente pensando nos momentos de encantamento que podemos proporcionar a nos mesmos e aos nossos amigos e familiares que se deu uma reunião de músicos da mais alta linha da canção brasileira, resultando na perpetuação de um trabalho magnífico, atemporal, permanente. O ano era 1963 e o produtor Aloysio de Oliveira dono da gravadora Elenco resolveu unir a família Caymmi ao talentoso compositor bossanovista Tom Jobim para uma gravação onde predominaria a intimidade e a espontaneidade de um encontro de grandes músicos num clima de festa em família, mas, sem as artificialidades de uma típica gravação de estúdio. 

A idéia era justamente que na informalidade dos convidados surgissem momentos únicos, aqueles que só aconteceriam se fossem realizados sem nenhuma preparação prévia, naturalmente. Para esse encontro musical foram também chamados o baixista, Sergio Barroso e os bateristas Do Um Romão e Edson Machado, com o objetivo de fazerem o acompanhamento e darem também sua canja na reunião. As gravações ocorreram em um clima ameno e esse encontro musical definiu as vidas de alguns de seus personagens. Estavam presentes além de Tom Jobim e Dorival Caymmi os filhos e a esposa do compositor baiano, Nana, Dori, Danilo e Stela. Como em toda reunião de amigos fraternos houve trocas de gentilezas e Caymmi ofereceu a Tom Jobim a inédita canção...Das rosas e Tom devolveu com a também inédita, Só tinha de ser com você em parceria com Aloysio de Oliveira, duas musicas que brevemente se tornariam clássicas. Nana Caymmi que vinha de um casamento desgastado e morando na Venezuela, estava passando uma temporada no Brasil e ainda tinha dúvidas quanto as suas pretensões em ser cantora profissional, depois, portanto, de ter cantado nesse disco Inútil paisagem, de Tom e Aloysio de Oliveira, acompanhada do pai e num belíssimo vôo solo, Sem você, de Tom e Vinicius e Tristeza de nós dois, de Durval Ferreira, Bebeto e Maurício Einhorn, definiu de vez sua vocação resolvendo seguir carreira como intérprete. Dori Caymmi também sentiu-se estimulado e a partir de então profissionalizou-se como violonista, arranjador e depois cantor, um artista completo. 

De todos o mais jovem era Danilo Caymmi, que aos 16 anos estudante de flauta, não fez feio ao lado de músicos consagrados e tornou-se num dos mais talentosos instrumentistas e compositores de sua geração, chegando inclusive a participar da Nova Banda grupo musical que acompanhou Tom Jobim em seus últimos anos. 

O repertório do disco que foi lançado no suplemento de 1964 da gravadora inclui ainda Saudades da Bahia, samba clássico de Dorival Caymmi, interpretado num magistral dueto por Jobim e Caymmi, Vai de vez, de Roberto Menescal e Lula Freire e Berimbau, de Vinicius e Baden Powell, apresentadas de maneira instrumental pelos filhos de Caymmi acompanhados dos músicos convidados, por fim, Canção da noiva, de Dorival Caymmi, interpretada divinamente por sua esposa Stela, cantora de belos recursos vocais, mas que abandou precocemente a carreira por causa do casamento. 

Com uma capa idealizada como um recorte de jornal bem ao estilo moderno da produção gráfica da gravadora Elenco, este disco reafirma o conceito de que para serem grandes, os bons momentos da vida devem ser construídos espontaneamente, repletos de paz e felicidade entre seus participantes e protagonistas, deixando para a história a tarefa de perpetuá-los e transformá-los em saudade, a audição do desse LP, portanto, nos remete a isso, consagrando-o definitivamente como fundamental para a musica popular brasileira.


Músicas: 
01) ...Das rosas (Dorival Caymmi) 
02) Só tinha de ser com você (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira)
03) Inútil paisagem (Tom Jobim/Aloysio de Oliveira) 
04) Vai de vez (Roberto Menescal/Lula Freire)
05) Saudades da Bahia (Dorival Caymmi)
06) Tristeza de nós dois (Durval Ferreira/Bebeto/Maurício Einhorn)
07) Sem você (Tom Jobim/Vinícius de Moraes)
08) Canção da noiva (Dorival Caymmi)

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

SILVIO CÉSAR E SUAS HISTÓRIAS (80 ANOS)

Em comemoração aos 80 anos do cantor e compositor o Musicaria Brasil relembra algumas de suas histórias


TOM

LUIZA 

Em 1981, eu estava na sala do Raymundo Bithencourt, na gravadora Som Livre, quando ele me disse que a Globo estava pensando em mim pra cantar a música que iria abrir a novela "Brilhante", no horário das 8 horas: a canção "Luiza", do Tom.

Dias depois o Guto Graça Melo - diretor musical da Globo, na época, me ligou e confirmou tudo. 

Marcamos um encontro e ele me entregou uma fita com a gravação da melodia tocada ao piano pelo próprio Tom e a letra pra eu decorar. 

No dia da gravação, chamei o Tom num canto e cantei a música pra ele conferir se estava tudo certo. 

Estava. 

Gravamos, com arranjo do Dori Caymmi - Tom ao piano - numa sexta feira.

A novela iria estrear na segunda. 

Eu, mineiramente, não falei nada pra ninguém. 

Nem pra minha família.

No dia da estreia, surpresa! - A voz que apareceu na gravação foi a do Tom e não a minha. 

Não entendi nada.

O Guto me ligou se desculpando, dizendo que não sabia de nada, que pra ele também foi uma surpresa e se ofereceu pra me dar alguma compensação. 

Eu estava terminando um disco independente e precisando de apoio, então combinamos que a RGE (gravadora filiada da Globo) lançaria no mercado a minha gravação de "Luiza" acoplada à "A mais antiga profissão", do meu disco, música essa que o Guto mandaria incluir na trilha sonora da próxima novela das sete "O jogo da vida" e ainda me pagariam um valor a ser negociado.

Achei ótimo. 

Com o dinheiro recebido pude remunerar os músicos que haviam gravado comigo e ainda mantive a propriedade do meu fonograma.

Algum tempo depois, eu estava saindo da churrascaria Plataforma, no Rio, quando ouvi alguém me chamar. 

Era o Tom. 

Ele me abraçou e disse ao meu ouvido: "Meu cantor (ele me chamava assim), eu quero explicar o que aconteceu...". 

Eu o interrompi (e fui sincero): "Maestro, você é o meu ídolo, não tem que me explicar nada". 

E deixamos assim.

O tempo passou.

Em 1992 eu estava trabalhando num projeto de homenagens chamado "Aos Mestres, com carinho" (o título foi dado pelo Armando Pitigliani) e já contava com a participação do Chico Buarque.

Um dia vi o Tom na Plataforma, criei coragem e o convidei a participar. 

Ele aceitou na hora. 

Marcamos o dia e ele chegou ao estúdio pontualmente. 

A gravação (só com composições dele) ficou maravilhosa.

E fim da história.

Eu nunca soube o que aconteceu de verdade.. 

Nunca me senti traído, ofendido ou prejudicado.

Ao contrário, fiquei feliz e satisfeito.

Só tenho uma coisa a dizer: 

QUE FALTA O TOM ESTÁ FAZENDO! 



Em tempo: Quem quiser ouvir a gravação de LUIZA vá em Gravações > Silvio Cesar - Compacto simples RGE - 1981


CURIOSIDADES DA MPB

O choro "Brasileirinho" já foi utilizado em campanha política; comerciais de TV para creme dental, refrigerante e motocicleta; e em campanha publicitária da Petrobras. Deu nome a uma cor de esmalte para unhas, da mesma forma que "Delicado". Mais recentemente, "Brasileirinho" foi a trilha executada pela ginasta brasileira Daiane dos Santos em competições.

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

GRAMOPHONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*





Canção: Retalhos de amor

Composição: José Fortuna

Intérprete - Sólon Sales

Ano - 1962

Álbum - Orion R-083-B - matriz 51052



* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 10.000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

FABRÍCIO BOLIVEIRA CONTA QUE 'CHOROU MUITO' EM GRAVAÇÃO DE 'SIMONAL': 'É UMA HISTÓRIA DE DOR'

Fabrício Boliveira conta que 'chorou muito' em gravação de 'Simonal': 'É uma história de dor'

Fabrício Boliveira encarou o desafio de interpretar Wilson Simonal na cinebiografia do cantor. O filme "Simonal", que estreia nesta quinta-feira (8) nos cinemas, mostra o sucesso do carioca nos anos 1960 e 1970, além de abordar o momento em que ele foi acusado de usar agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), órgão de repressão da Ditadura Militar no Brasil, para ameaçar o seu ex-contador. Com a repercussão do caso, o artista ainda chegou a ser citado como colaborador do regime pela imprensa na época. Apontado como dedo-duro, Simonal passou anos no ostracismo e foi rejeitado pelos veículos de comunicação e pela sociedade.
"É dolorido, de algum jeito. É uma carga dramática muito forte que esses caras tiveram, que essa família carregou. Eu chorei muito nesse filme. Foi uma coisa muito louca fora de cena, porque eu não sabia nem o que era, eu tive que conversar muito com os filhos, porque é uma história de dor, é uma família destruída por conta de uma mentira, de uma fake news, então traz uma dor real. Mas ao mesmo tempo eu tive muita compaixão, e compaixão de paixão mesmo e de tristeza desse lugar, de pensar num artista que não pode mais cantar. E eu fiquei pensando muito no meu lugar de artista, se eu sou impedido de atuar, que é a forma que eu tenho de falar com o mundo, de me comunicar, ser impedido de fazer o que você mais deseja, o seu "gift", o seu talento, é muito dolorido", contou o intérprete de Simonal ao Bahia Notícias.
Boliveira destacou a relação da trama do filme com a atualidade, que aborda temas como fake news, racismo e ditadura militar. Além disso confessa que, para ele, somente a arte pode ser capaz de dar um "basta" nas situações vividas por Simonal que acontecem até os dias de hoje. “Parece que o filme, que a gente fez em 2016, já estava prevendo, intuindo que a gente ia chegar nesse momento caótico e desesperador que o Brasil está passando com um presidente eleito por fake news. [...] A gente discute racismo nesse filme também, com pessoas do governo dizendo que não existe racismo nesse país. E a gente, graças a Oxalá, hoje, pode falar disso mais livremente. Mas que bom que esse assunto está voltando e com tanta força assim, com tanta necessidade. Fake news, racismo, ditadura, a censura da Ancine, que é um traço, um apontamento para a ditadura. Eu tô dizendo que esse filme vem como uma espiral: quando a gente perpassa um ponto, mas não é um círculo em que estamos limitados às mesmas respostas. Não, nós estamos evoluindo", acredita. “Simonal”, que foi dirigido por Leonardo Domingues, tem também no elenco artistas como Isis Valverde, Caco Ciocler, Leandro Hassum, Mariana Lima, Sílvio Guindane, entre outros.

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

PREFEITURA ADIA ENTREGA E TEATRO DO PARQUE PERMANECE FECHADO ATÉ 2020


A reforma começou em 2010. Foto: Gabriel Melo / Esp. DP- LOCAL

Quem vê a fachada desbotada, a placa de reforma - há anos - e a atmosfera de abandono tem dificuldade de imaginar que o Teatro do Parque, localizado no número 81 da Rua do Hospício, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, já foi um dos mais importantes do Brasil. No último dia 24 de agosto, foi criada a lei para instituir o Dia Municipal do Teatro. Não por acaso, a data remete à fundação do Parque, em 1915. Desde 2010, um dos corações das artes de Pernambuco está de portas fechadas para o público. Falta apenas um mês para acabar o prazo previsto de entrega parcial do teatro. Mas a reforma não está sequer perto de ser encerrada.

Segundo Simone Ozias, responsável pela coordenação da restauração do Teatro do Parque, a entrega dessa fase estrutural da obra - marcada para 2 de outubro - sofreu um aditivo de quatro meses por conta de imprevistos. “A obra está correndo dentro do prazo. O que acontece é que foi descoberto que as colunas são ‘falsas’, o que torna a estrutura muito insegura”, explica. Para ela, esses imprevistos são comuns em uma obra, que além de reforma, necessita de restauração, um trabalho muito mais cuidadoso. A previsão da entrega da reforma estrutural agora está prevista para março de 2020.

Espera-se entregar o teatro em seu aniversário de 105 anos. Foto: Gabriel Melo / Esp. DP- LOCAL

A reforma no teatro começou a passos lentos em 2013, três anos após o fechamento e um ano depois de ser transformado em Imóvel Especial de Preservação (IEP) do município - atualmente, está em processo de tombamento. Em 2015, as obras foram suspensas e reiniciadas somente em junho do ano passado. Primeiramente, os trabalhos se concentraram em sanar problemas que aceleravam a degradação, como infiltrações. A obra de restauração é avaliada em mais de R$ 12 milhões, sendo R$ 5,6 milhões da prefeitura.

Um dos divulgadores da mudança de data de entrega da obra é o vereador Ivan Moraes (PSOL). “Antes de mais nada, houve um atraso para o início das obras. Com a obra iniciada, se previa que ao menos o final da obra física pudesse ser agora em um mês”, conta. O vereador ressalta que a prefeitura ainda precisa de cinco licitações para a reforma do Teatro do Parque: complemento de obra, equipamentos (cinema e teatro), equipamentos de audiodescrição, mobiliário administrativo e cadeiras do camarote, que serão confeccionadas. Em resposta, a Prefeitura do Recife argumenta que, até outubro, essas licitações estarão “na rua”. 

A reforma tem o objetivo de deixar o Teatro do Parque com as características obtidas em sua primeira grande mudança, em 1929, quando foi reformado pelo empresário Severiano Ribeiro, um dos grandes nomes do ramo do cinema. Para alcançar o resultado, Simone e a equipe responsável pelo prédio precisaram raspar as paredes e estudar a aparência do prédio a partir de arquivos, imagens e reportagens em revistas e jornais. Além de melhorias físicas, o projeto também prevê aquisição de equipamentos modernos de sonorização, iluminação, climatização e projeção de filmes - inclusive de cinema 4K.

O Teatro do Parque é o único teatro jardim centenário do Brasil. O espaço era amplamente utilizado para peças, performances e apresentações musicais. Segundo a coordenadora, o prazo de entrega final para a população está para o segundo semestre do próximo ano. “O nosso sonho é que ele fique pronto no aniversário de 105 anos, no dia 24 de agosto de 2020”, pontua.

Fonte: Diario de Pernambuco

MPB - MÚSICA EM PRETO E BRANCO

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Inezita Barroso

terça-feira, 26 de novembro de 2019

LENDO A CANÇÃO

Por Leonardo Davino*


Hoje eu quero sair só

No documentário Palavra encantada, Lenine faz uma declaração apaixonada da musicalidade da nossa língua e de como isso está impresso no nosso cancioneiro. Tal declaração diz muito do modo como Lenine compõe, preocupado mais em brincar com os sons das palavras, explorar a potência da palavra falada, do que com os sentidos que elas têm, ou melhor, dando novos e felizes sentidos às palavras.
A canção "Hoje eu quero sair só", de Lenine, Mu Chebabi e Caxa Aragão, lançada no disco O dia em que faremos contato (1997) desnuda o sujeito diante do outro (amante), na busca da sinceridade dos sentimentos. Ou seja, expõe as sensações vindas da insegurança: as possíveis mudanças de comportamento, a urgência dos encontros - tchau.
Antônio Cícero, no poema "Guardar", aponta: "Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
(...) Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado".
O sujeito da canção de Lenine parece querer traduzir este desejo de liberdade (que deve ser inerente às relações erótico-afetivas), que une os amantes em um "nó", quando escreve: "Você não quer me trancar num quarto escuro": ele "quer sair só", mas "não demora está de volta".
Obviamente, o "hoje eu quero sair só", pode ser lido como "hoje eu quero sair apenas", o que amplia a possibilidade de interpretação: "sair" é diferente de "separar", mas igual à "liberdade".
"Só" igual a "sozinho": a solidão necessária ao pensamento; "Só" igual a "apenas": o sujeito quer espairecer, respirar para voltar com mais gás: "a lua (musa dos amantes) me chama eu tenho que ir pra rua". Ele precisa a ser só, e a só ser, para, de viés, entender a solidão do outro.
Por outro lado, ao deixar claro o perigo que é seguir alguém, o sujeito deixa o outro livre para ser o que quiser e, assim, livre para amar: o sujeito.


***
Hoje eu quero sair só 
(Lenine / Mu Chebabi / Caxa Aragão)

Se você quer me seguir
Não é seguro
Você não quer me trancar
Num quarto escuro
Às vezes parece até
Que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só

Você não vai me acertar
À queima-roupa
Vem cá, me deixa fugir
Me beija a bôca
Às vezes parece até
Que a gente deu um nó
Hoje eu quero sair só

Não demora eu tô de volta
Tchau
Vai ver se eu tô lá na esquina
Devo estar
Tchau
Já deu minha hora
E eu não posso ficar
Tchau
A lua me chama
Eu tenho que ir pra rua




* Pesquisador de canção, ensaísta, especialista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Literatura Comparada, Leonardo também é autor do livro "Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso" e está presente nos livros "Caetano e a filosofia", assim como também na coletânea "Muitos: outras leituras de Caetano Veloso". Além desses atributos é titular dos blogs "Lendo a canção", "Mirar e Ver", "365 Canções".

A MELHOR DE TODAS (LÚCIO MAIA)



Ficha Técnica do clipe:
Direção – Fernão Ciampa
Direção de Fotografia - Ivan Vale Ferreira
Montagem e pós produção – Rafael Cerqueira
Imagens aéreas – Fernando Sverner
Atriz - Mariana Oliveira
Makeup – Leura

Ficha Técnica da faixa:
"A melhor de todas" (Lúcio Maia)

Lúcio Maia - guitarra
Mauricio Fleury - teclado
Fabio Sá - baixo
Felipe Rosseno - percussão
Hugo Carranca - bateria
Gravado no estúdio Rootsans por Rodrigo Sanches
Mixado por Carlos Trilha no Orbita Music
Produzido por Lúcio Maia

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

PAUTA MUSICAL: LEO PERACCHI - MESTRE DA INSTRUMENTAÇÃO MODERNA BRASILEIRA

Por Laura Macedo



Leo Peracchi (30/9/1911 - 16/1/1993) atuou como regente, pianista, professor e compositor, tornando-se um dos grandes Mestres da Instrumentação Moderna Brasileira.

Sua atuação como professor foi, junto à de regente-arranjador, uma constante em toda a sua vida. Ensinava principalmente harmonia, composição, arranjo e orquestração. Leo Peracchi teve enorme importância como formador de músicos e incentivador de jovens artistas brasileiros.

Era amigo de Villa-Lobos, que o solicitava para ler no piano novas partituras orquestrais. Um belo dia levou Tom Jobim para conhecê-lo - a história deste encontro, e das conversas entre os três, foi mais tarde contada por Tom em diversas oportunidades.

Segundo Eduardo Gudin, Tom era muito reservado no que dizia respeito aos seus estudos musicais. Isso sempre foi um mistério na sua biografia. Chega a ser lacônico, só mudava quando pronunciava o nome de Leo Peracchi: “Aí eu chamava meu professor Leo Peracchi. O Leo sabe tudo.” (palavras de Tom Jobim em seu último especial para a TV Cultura).

O importante é que o público tenha a oportunidade de apreciar a estética da sua obra de Leo Peracchi, para que, enfim, se faça justiça a este gênio da batuta. Saiba Mais, AQUI.

FRANCIS HIME, 80 ANOS

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Compositor, cantor, pianista, arranjador e maestro.



Representante da melhor geração de compositores surgida no Brasil, desde o fim da década de 1920 (quando foram lançados os jovens Noel Rosa, Ary Barroso, Lamartine Babo, João de Barro, Ismael Silva e tantos outros), Francis Hime assumiu o papel de um dos principais protagonistas da música popular brasileira a partir da primeira metade dos anos 60. Seria impossível escrever a história da música brasileira nas últimas décadas sem dar a Francis Hime um destaque muito especial. No mapa da MPB, todos os afluentes confluem para o talento estuário de Francis Hime.


Tom Jobim é um piano, Caymmi um violão, Vinicius, uma caneta, Noel, um terno branco. Por analogia, Francis Hime é uma orquestra. E uma orquestra sinfônica. Não uma sinfônica convencional, apoiada exclusivamente nas cordas, madeiras e gravatas, mas uma formação enriquecida por metais de gafieira, cavaquinhos de chorões e tamborins de escola de samba. Se a música do Rio é uma fusão – a música de todos os Brasis confluindo para um estúdio onde as águas se misturam e ganham ritmo e densidade – , Francis é a personificação dessa fusão. A todos estes ritmos brasileiros, Francis empresta seu inspirado refinamento e deles toma emprestado a vitalidade e a beleza. Atenção: essas não são palavras vazias. Como Francis Hime (agora que já não temos Villa-Lobos, Radamés Gnatalli, Tom Jobim e Luizinho Eça), estamos diante de um compositor cujo domínio da técnica permite vôos de asa-delta – ou de orquestra – à criação.

Francis Hime estudou piano desde os 6 anos de idade, no Conservatório Brasileiro de Música.Em 1963, começa a sua parceria com Vinicius de Moraes, com quem compôs inúmeras canções, tais como: “Sem mais adeus, “Anoiteceu”, “A dor a mais”, “Tereza sabe sambar” e outras. Nessa época, começa também a compor com Ruy Guerra canções como “Minha” (gravada por Elis Regina, Tony Bennett, Bill Evans e muitos outros), “Último canto”, “Por um amor maior” e outras. Participou de vários festivais de música nos anos 60, quando suas canções foram cantadas por Elis Regina, Roberto Carlos, Jair Rodrigues, MPB-4 e outros.Em 1969, foi para os Estados Unidos, onde ficou 4 anos estudando composição, orquestração e trilhas para filme com Lalo Schifrin, David Raksin, Paul Glass, Albert Harris e Hugo Friedhopfer. De volta ao Rio, em 1973, grava seu primeiro disco para a Odeon. Nessa época, sempre escrevendo a música, ele começa a compor com Chico Buarque grandes sucessos, tais como: “Atrás da porta”, “Trocando em miúdos”, “Meu caro amigo”, “Pivete”, “Passaredo”, “Amor barato”, “A noiva da cidade”, “Embarcação”, “Vai Passar”.Em 1973, começa a compor trilhas para filmes, tais como: “A estrela sobe”, “Dona Flor e seus maridos”, ambos dirigidos por Bruno Barreto, “O homem célebre”, “República dos assassinos”, ambos dirigidos por Miguel Faria, “A noiva da cidade” de Alex Vianny, “Marília e Marina” de Luis Fernando Goulart, “O homem que comprou o mundo”, de Eduardo Coutinho, “Marcados para viver”, de Maria do Rosário, “Lição de amor”, de Eduardo Escorel. Duas dessas trilhas foram premiadas no Festival de cinema de Gramado e no Coruja de Ouro, como melhor trilha do ano.

No teatro, Francis escreveu trilhas para: “Dura lex sed lex no cabelo só Gumex” de Oduvaldo Vianna Filho, “O rei de Ramos”, de Dias Gomes, “A menina e o vento”, de Maria Clara Machado, “Belas figuras” de Ziraldo, “Foi bom, meu bem”, de Alberto Abreu, “O banquete”, de Mario de Andrade, “Pinoquio” de A. Collodi, “Tá ruço no açougue”, do grupo Tem folga na direção, “Na sauna”, de Nell Dunn, e “Love letters”, de A. R. Gurney. Conhecido como um dos mais talentosos compositores do Brasil, Francis é especialmente dotado por uma versatilidade em compor sobre vários ritmos brasileiros, escrevendo sambas, frevos, modinhas, calangos, choros, etc. Para este repertório eclético, Francis conta com um não menos eclético e talentoso grupo de parceiros escrevendo letras para suas canções, tais como: Geraldo Carneiro, Milton Nascimento, Olivia Hime, Gilberto Gil, Paulo César Pinheiro, Cacaso, Capinam, Adriana Calcanhoto, Paulinho da Viola, Lenine, Joyce, Moraes Moreira, Georges Moustaki, Livingston & Evans, Sergio Bardotti (além dos já citados Chico Buarque, Vinicius de Moraes e Ruy Guerra). Ele também musicou poemas de Fernando Pessoa, Manoel Bandeira, Castro Alves. Como arranjador, Francis trabalhou para Milton Nascimento, Gilberto Gil, Gal Costa, Georges Moustaki, Caetano Veloso, Clara Nunes, Toquinho, Elba Ramalho, Vania Bastos, Fafá de Belém, Olivia Hime, MPB-4 e Chico Buarque (para o qual, ele fez a direção musical de 4 discos).Como compositor, suas canções foram gravadas por Elis Regina, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa, Ivan Lins, Djavan, Tony Bennett, Bill Evans, Kenny Burrel, Lany Hall, João Bosco, Lenine, Beth Carvalho, Nara Leão, Elizete Cardoso, Ângela Maria, Luis Eça, Toquinho, Zélia Duncan, Olivia Hime, Daniela Mercury, Simone, Nana Caymmi, Wandá Sá, Joyce, Adriana Calcanhoto, Paulinho da Viola, Fafá de Belém, MPB-4, Georges Moustaki.

A partir dos anos 80, Francis começou também a escrever peças eruditas. Em 1986, escreveu a sua Sinfonia n°1, apresentada em São Paulo e Campinas com a Orquestra Sinfônica de Campinas regida por Benito Juarez, e em Recife, com a Orquestra Sinfônica de Pernambuco regida por Osman Gióia. Em 1993 o próprio Francis regeu essa sinfonia, à frente da OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira). Em 1988, Francis compôs “Carnavais para coro mixto e orquestra”, a partir de um poema especialmente escrito por Geraldo Carneiro, tendo sido a peça apresentada com a Orquestra Sinfônica de Campinas e CORALUSP regidos por Benito Juarez. Em 1997, Francis escreveu a partitura sinfônica de “Terra Encantada”. Em 2000, compôs a Sinfonia de Rio do Janeiro de São Sebastião, em 5 movimentos (Lundú, Modinha, Choro, Samba, Canção brasileira), com textos de Geraldo Carneiro e Paulo César Pinheiro. A estréia da sinfonia deu-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo como solistas Lenine, Leila Pinheiro, Olivia Hime, Zé Renato e Sérgio Santos, com Francis regendo a orquestra sinfônica, num espetáculo dirigido por Flavio Marinho. Francis regeu esta sinfonia em duas outras ocasiões: em 2002, na Praia de Copacabana, para um público de mais de 20.000 pessoas, e na UNESCO, em Paris, encerrando as festividades do ano França-Brasil de 2005.

Em 2001, Francis escreveu “Fantasia para piano e orquestra”, que apresentou como solista – no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, com a orquestra Pró-Música sob a regência de Roberto Tibiriçá. Em 2007 Francis compôs o Concerto para violão e orquestra em três movimentos, dedicado a Rafael Rabello, que teve a sua “première” em Maio de 2008, na sala São Paulo, tocado por Fabio Zanon, com a OSESP sob a regência de Alondra de la Parra. Já em 2008, Francis concluiu também a partitura da “Ópera do Futebol”, ópera em 4 atos, com “libretto” de Silvana Gontijo, ainda inédita. Francis escreveu, em 2011, um concerto para harpa e orquestra em três movimentos, também inédito.

No campo da música popular, Francis lançou em Agosto de 2007 um novo CD/DVD, “Francis Hime Ao Vivo”, pela gravadora Biscoito Fino. Em julho de 2007, se apresentou no Festival de Montreux juntamente com Maria Bethânia. No mesmo ano, circulou com o show “AlmaMúsica”, primeiro de sua carreira em parceria com Olivia Hime, sua parceira de vida há 47 anos. Este trabalho gerou o CD de estúdio e o CD e DVD ao vivo, gravados em São Paulo em 2012. Seu trabalho seguinte, “Francis e Guinga”, CD em parceria com o compositor Guinga, foi lançado em 2013 pela Biscoito Fino. No ano de 2014, Francis lançou pelo selo SESC o CD “Navega Ilumina” em comemoração aos seus cinquenta anos de carreira. Trata-se de um CD de músicas inéditas em parceria com Geraldo Carneiro, Olivia Hime, Thiago Amud, Joana Hime, e uma letra antiga e inédita de Vinicius de Moraes que Francis achou em seus guardados, Maria da Luz. Em 2015, lançou pela gravadora Biscoito Fino o CD e DVD “Francis Hime 50 Anos de Música”, e atualmente está escrevendo um concerto em três movimentos para clarinete e orquestra.

Discografia Oficial

Os seis em ponto (1964)

Faixas:

01 - Samba do Carioca
02 - Inútil Paisagem
03 - 
Mar Azul
04 - Luciana
05 - Borandá
06 - Amos a Esmo
07 - A Paz do Homem Só
08 - Sem Mais Adeus
09 - Se Você Pensar
10 - Canção da Liberdade
11 - Só Tinha de Ser Com Você
12 - Menino das Laranjas



Francis Hime (1973)

Faixas:
01 - Atrás da Porta
02 - Á meia luz 
03 - Olivia 
04 - Sem mais adeus 
05 - Ave Maria
06 - Valsa Rancho 
07 - Minha 
08 - Último canto 
09 - Requiém 



Passaredo (1977)


Faixas:
01 - Passaredo
02 - Máscara
03 - Trocando em miúdos
04 - Meu homem (Interpretada por Olivia Hime)
05 - Lindalva
06 - Último retrato
07 - Pouco me importa
08 - Carta
09 - Maravilha
10 - Ave Maria
11 - Anoiteceu
12 - Meu melhor amigo
13 - Luiza





Se porém fosse portanto (1978)



Faixas:
01 - Pivete
02 - Santa Tereza
03 - Se Porém Fosse Portanto
04 - Demolição
05 - Ode Marítima
06 - A Noite
07 - Saudade de Amar
08 - Ieramá
09 - Três Marias
10 - Desembolada
11 - Maria
12 - Joana
13 - O Sim Pelo Não
14 - Terceiro Amor



Francis – 1980 ( Som Livre )

Faixas:
01 - E Se
02 - Cabelo Pixaim
03 - Pàssara
04 - Navio Fantasma
05 - Baião Do Jeito
06 - Cinzas
07 - Parintintin
08 - Elas Por Elas
09 - Meio Demais
10 - O Rei De Ramos
11 - Flor Do Mal
12 - Marina Morena
13 - Grão De Milho



Passeio No Bosque Encantado / O Dirigível Tereré (1981)

Faixas:
01 - Passeio No Bosque Encantado 
02 - O Dirigível Tereré



Sonho de moço (1981)




Faixas:
01 - A Tarde
02 - Lua De Cetim
03 - Patuscada
04 - Luar
05 - Hora e Lugar
06 - Homem feito
07 - Amor barato
08 - Doce vida
09 - O farol
10 - Cachoeira
11 - Sonho de moço


Os 4 mineiros (1981)


Pau Brasil (1982)


Essas parcerias  (1984)


Clareando  (1985)


Choro rasgado  (1997)


Meus caros pianistas  (2001)


Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião (2001)


Brasil lua cheia (2003)


Álbum musical (2004)


Arquitetura da flor (2001)


Francis Hime – ao vivo (2007)


Álbum Musical 2 (2008)


O Tempo das Palavras / Imagem (2009)


O Tempo das Palavras Ao Vivo (2009)


Concerto Para Violão e Orquestra (2011)


AlmaMúsica (2012)


AlmaMúsica Ao Vivo (2012)
Almamúsica Ao Vivo (CD, Album) capa do álbum
Faixas:
01 - Valsa De Eurídice (Instrumental)
02 - Canta Maria
03 - Minas Geraes
04 - 
Saudade De Amar
05 - O Grande Amor / A Felicidade (Citação)
06 - Desde Que O Samba É Samba / Samba De Benção (Citação)
07 - Smile
08 - Paciência / Morro Velho (Citação Instrumental)
09 - Versos Soltos No Mar (Citação) / A Ostra E O Vento
10 - O Mar (Citação) /Morena Do Mar / Joao Valentao [Citação]
11 - Camélia Quântica (Citação) / Chiens Perdus Sans Collier [Citação Instrumental] / A Minha Valsa / La Valse Des Lilas / Canção Transparente
12 - Du Soleil Plein La Tête
13 - Canção de Pedroca
14 - Trocando Em Miúdos
15 - Risque
16 - Pra Machucar Meu Coração
17 - Existe Um Céu / Tristão E Isolda (Citação Instrumental)
18 - O Que Será (À Flor da Pele)
19 - Almamúsica
20 - Canta Maria (Citação) / Desde Que O Samba É Samba [Citação]
21 - Suíte Carioca (Instrumental)
22 - Eu Não Existo Sem Você



Navega Ilumina (2014)

Faixas:
01 - Amorosa
02 - Ilusão
03 - Maria da luz
04 - Mistério
05 - Navega ilumina
06 - Cecília (Fantasia para harpa)
07 - Ilusão
08 - Beatriz (Choro seresta)
09 - Sessão da tarde
10 - Breu e graal
11 - Canção apaixonada
12 Isabel (Modinha para violino e orquestra)



Francis Hime – 50 Anos de Música (2015)
Resultado de imagem para Francis Hime – 50 Anos de Música (2015)

Faixas:
1 - Ilusão
2 - Amor barato
3 - Sem mais adeus
4 - Maria da luz
5 - Fantasia para harpa e orquestra
6 - Minha
7 - Amorosa
8 - Sessão da tarde
9 - Fantasia para violino e orquestra
10 - Passaredo
11 - Atrás da porta
12 - Breu e graal
13 - Mistério
14 - Canção apaixonada
15 - Trocando em miúdos
16 - Navega ilumina





Francis e Olívia Hime – Sem mais adeus: uma homenagem a Vinicius (2017)
 

Faixas:
01 - Valsa de Eurídice
02 - Pela luz dos olhos teus
03 - Saudade de amar
04 - O grande amor
05 - A felicidade
06 - Samba da benção
07 - Nature boy
08 - Serenata do adeus
09 - Sem mais adeus
10 - Anoiteceu
11 - Canto de Ossanha
12 - Monólogo de orfeu / Minha desventura
13 - Se todos fossem iguais a você
14 - Eu sei que vou te amar
15 - Insensatez
16 - Pobre menina rica
17 - Coisa mais linda
18 - Primavera
19 - Valsa dueto
20 - Água de beber
21 - Berimbau
22 - Labareda
23 - Chega de saudade
24 - Samba pra Vinicius
25 - Eu não existo sem você
26 - Samba de Maria

27 - Um sequestrador







Prêmios:
1975 – Coruja de Ouro ( Melhor trilha de cinema do ano )
para “Lição de amor”, de Eduardo Escorel. 1975 – Kikito ( Melhor trilha de cinema do Festival de Gramado )
para “Lição de amor” de Eduardo Escorel . 1976 – Coruja de Ouro ( Melhor trilha de cinema do ano )
para “Dona Flor e seus dois maridos” de Bruno Barreto.
1997 – Melhor disco do ano pelo “O Globo”
para “Choro rasgado”.
2003 – Melhor disco do ano pelo “Universo Musical”
para “Brasil lua cheia”
2006 – Indicação para Grammy para melhor canção brasileira do ano, por “Canção transparente”, com letra de Olivia Hime
2012 – Indicação ao Grammy como melhor álbum de música instrumental por Concerto para Violão e Orquestra
2015 – Melhor Arranjador pelo “Prêmio da Música Brasileira” para “Navega Ilumina”



Fonte: Site oficial do artista

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