Raul Seixas morreu no dia 21 de agosto de 1989. No próximo ano, portanto, será o 30º aniversário da partida daquele que é apontado por muitos como o Rei do Rock no Brasil. Baiano, Raul é referência até hoje. Muitos artistas – Lobão já disse isto em entrevista; Zeca Baleiro escreveu uma música sobre os tais pedidos – ficam irritados quando o público grita: toca Raul! Uma galhofa para quem está no palco. Mas resume bem a importância de Raulzito. Afinal, quem tem o nome aclamado três décadas após a morte?(Ilustração ao lado: produto.mercadolivre.com.br)

O site e-biografias diz que desde a adolescência, Raul ficou impressionado com o fenômeno do Rock and Roll, o que levou a criar uma banda chamada “Os Panteras”. Lançou o seu primeiro disco em 1968, “Raulzito e seus Panteras”. Mas o sucesso veio mesmo depois do lançamento do disco “Krig-ha, Bandolo!” (1973), cuja música principal, “Ouro de Tolo”, fez grande sucesso no Brasil. O disco tinha outras músicas de grande repercussão, como “Mosca na Sopa” e “Metamorfose Ambulante”.

Raul Seixas se envolveu com ocultismo, estudou filosofia e psicologia, o que o fez um dos poucos compositores a tentar imprimir suas idéias em letras aliadas ao som vibrante do Rock, juntamente com ritmos nordestinos. Em 1974, criou a Sociedade Alternativa, um conceito de sociedade livre inspirada no ocultista Aleister Crowley e que foi tema de uma de suas canções do disco “Gita” (1974). Raul Seixas enfrentou sérios problemas com o álcool. Faleceu no dia 21 de agosto de 1989, com apenas 44 anos, vítima de pancreatite aguda.

Por aqui – A história de Raul Seixas passa por Jundiaí em pelo menos duas ocasiões. A primeira de forma mais comportada: num show na antiga concha acústica do Parque da Uva. Infelizmente, não há registro conhecido deste espetáculo. Numa segunda, que será contada no próximo domingo(18), por conta de uma confusão que acabou na Polícia.

É claro que Raul marcou a vida de quem mora aqui. “O Maluco Beleza foi um precursor, pelo interesse que tinha, do uso filosofia (principalmente metafísica e ontologia), psicologia e história. Apesar de ser cético e agnóstico, Raul possuía uma tremenda recepção e mostrava isso em suas composições. Suas letras eram uma mistura do psicodélico e filosófico, contestadora e mística, permeada por uma dose maravilhosa de bom humor e outras de tremendo baixo astral… um conflito constante. Minha adolescência foi bombardeada pelas letras de músicas como “Ouro de Tolo”, “Mosca na Sopa” e “Metamorfose Ambulante”, que fizeram a minha geração pensar. Saudades do Rauzito!”, diz o publicitário Fernando Costa e Silva(foto acima). 



A jornalista Tatiana Rosa(abaixo), “movida pela música, sempre pesquisando e inteirada neste universo”, não chega a ser uma fã de Raul. Não coleciona discos, nem se descabela ao ouvir as músicas dele. Mas, Tatiana o coloca entre os grandes da música brasileira. “Raul Seixas foi um marco. Não houve nada antes e não haverá nada parecido depois. Eu o admiro muito. Ele sintetiza o que é o artista dentro do cenário musical. Sempre trouxe para as letras das músicas aspectos satíricos, existenciais e críticos. Ele é um artista de verdade. A música do Raul é ouvida por várias pessoas e cada uma entenderá de uma forma, com significados complexos que mexem com cada um. Esta é a missão do artista verdadeiro”.

Raul traz à tona a subjetividade de cada um, explica a jornalista. “E isto é arte, é o que faz uma obra de arte. Ele fez isto com a música, é eterno e louco. Aliás, loucura compatível com aquela época. Hoje vivemos um momento careta, mais conservador. As letras dele são menos compreendidas hoje. O ideal seria que ele fosse mais entendido. Ele e outros, como Legião Urbana, deveriam ser mais ouvidos atualmente. Estes artistas, críticos, faziam a gente entender mais o outro, a nossa vida e a sociedade”, conclui.

Gênio – Para o radialista Tony Araújo(ao lado), que apresenta um programa de músicas da Jovem Guarda, Raul foi um gênio na vida e na música. “Ele era um cara à frente de seu tempo. Na minha opinião é o Rei do Rock no Brasil. Isto é indiscutível”.

Para Tony Araújo, “a música brasileira perdeu muito nestes 30 anos sem Raul. Ele faz muita falta. Porém, como não poderia deixar de ser, é lembrado até hoje”.

Devido às ligações com artistas da Jovem Guarda, o radialista conhece o guitarrista de Raul, Rick Ferreira. “Uma curiosidade: o Rick, assim como outros que trabalharam com o Maluco Beleza não falam mal dele. E ao contrário do que pensam, Raul era um cara muito tímido. Na vida pessoal ele nada tinha a ver com o artista que as vezes se apresentava bêbado. Raul era uma pessoa doce e educada. Infelizmente, Deus sempre leva os gênios embora mais cedo. Eu toco e continuarei tocando as músicas do Raul no meu programa. Apesar das três décadas, parece que foi ontem que ele morreu. Ainda não caiu a ficha”, finalizou.

Toca Raul! O cantor Rudy (ao lado)engrossa o coro de Tony Araújo. “Pra mim, Raul Seixas é o rei do nosso Rock. Ele era fã de Elvis Presley. O primeiro fã clube da Bahia para Elvis foi criado por Raul. Ele tinha apenas 11 anos”, conta Rudy.

Musicalmente, segundo o cantor jundiaiense, o Maluco Beleza “inovou com músicas com temas filosóficos, astronômicos e místicos. “Ele tinha um estilo inconfundível de carisma que agrada a todos com seu topete e cavanhaque e óculos escuros. Era um grande personagem, cantor e compositor. Toca Raul! Viva Raul”, diz Rudy. Quanto ao “Toca Raul” que muitos cantores abominam, Rudy não está nem aí. “Para mim é um honra. Quando alguém grita ‘Toca Raul’ eu falo para todo mundo pedir a mesma coisa. Todos gritam e eu canto. Raul amava Elvis. Eu amo Raul e Elvis. Então, tá tudo certo”.(Foto: www.collectorsroom.com.br)


Fonte: 
jundiagora.com.br