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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Um bate-papo com alguns dos maiores nomes da MPB e outros artistas em ascensão.

HANGOUT MUSICARIA BRASIL

Em novo canal no Youtube, Bruno Negromonte apresenta em informais conversas os mais distintos temas musicais.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

RICARDO MACHADO APRESENTA UM TRIBUTO À ALTURA DO HOMENAGEADO

Depois de abranger mais de 150 anos de música em seu trabalho anterior, Ricardo Machado chega radiante (tal qual o título de uma das faixas presentes neste projeto) para aborda a obra de um dos artistas mais expressivos da música mundial do último século: Stevie Wonder.

Por Bruno Negromonte



Previsto para ser lançado até o final deste primeiro semestre de 2013 como foi anunciado aqui mesmo no Musicaria Brasil, o mais recente trabalho do cantor e compositor fluminense Ricardo Machado chega antes do previsto ao mercado fonográfico e traz como marcante característica ser mais um expressivo trabalho pautado no requinte e bom gosto. Um primoroso título onde o artista consegue sintetizar de modo bastante singular os 50 anos de carreira do renomado cantor e compositor Stevland Hardaway Morris. Stevie (como ficou conhecido) elencou um expressivo repertório ao longo das últimas décadas e acabou tornando-se uma das maiores lendas do rhythm and blues ao redor do planeta, disseminando a cultura musical americana de modo bastante significativo no último meio século. Essa homenagem se deu porque segundo o cantor a obra do artista norte-americano está presente em sua vida desde sempre e faz parte de suas mais felizes reminiscência.


Idealizado a princípio para ser um projeto predominantemente acústico, Ricardo tinha a princípio o desejo de imprimir nas canções de Stevie uma identidade bastante pessoal a partir de toques brasileiros. Com o decorrer do tempo, o disco foi seguindo outro percurso, havendo a introdução de batidas eletrônicas sob a programação do músico Eric Brandão. "São inserções eletrônicas bem discretas e elegantes, encaixadas no arranjo, absolutamente nada que lembre remixes. São parte do arranjo, pontuais, e ousadas em alguns momentos, aproximando o jeitão do disco da modernidade", como recentemente nos declarou o cantor e compositor.

Neste trabalho intitulado "Vozvioletronicamente - Ricardo Machado canta Stevie WonderRicardo traz, além do neologismo 'Vozvioletronicamente', canções das diversas fases da carreira do artista norte-americano, resgatando clássicos que vão desde a década de 1960 até meados dos anos 80. Em ordem cronológica a primeira da lista é 'My Cherie Amour', um dos primeiros sucessos do repertório do 'little'  Wonder. Feita em parceria com Sylvia Moy e Henry Cosby e lançada em 1969, este clássico da música soul americana chega a este projeto como uma new bossa, trazendo consigo a leveza sonora que a canção pede a partir do violão do maestro Heitor e a programação eletrônica de Eric Brandão. Do álbum "Talking Book", de 1972Machado traz duas canções: 'You and i' e 'You Are the Sunshine of My Life' em versões acústicas. A primeira trata-se de um dos hits românticos da lavra de Wonder e nesta nova versão o marcante piano da gravação original dá lugar ao violão de Heitor em um blues pontuado pela precisa interpretação do intérprete fluminense. Diferente da versão de 1972,  onde entre os acordes do seu do seu Fender Rhodes o compositor divide os vocais com Jim Gilstrap, a versão 'vozvioletronicamente' de 'You Are the Sunshine of My Life' é caracterizada pelo violão cheio de bossa de BrandãoJá a densa interpretação de 'All in Love Is Fair', lançada em 1973 por Stevie no álbum "Innervisions" dá vez ao lancinante canto do homenageante em solos de violão. O passeio no repertório pela década de 1970 encerra-se no álbum "Songs in the Key of Life", de onde foram pinceladas 'Isn't She Lovely?', 'Sir Duke', 'Ngiculela – Es Una Historia – I Am Singing'. As duas primeiras são apresentadas neste tributo marcadas pelas inserções eletrônicas de Eric Brandão. já a 'Ngiculela' entrou neste tributo a partir de uma sugestão acatada por Ricardo


A década seguinte chega como ponto alto do disco, onde Machado fomenta seu canto na paixão e entrega-se de corpo e alma na belíssima interpretação  de 'Lately',  canção de 1980 presente no disco "Hotter than July" e que aqui no Brasil ganhou notoriedade na voz da Gal Costa, que a registrou em 1984 em uma belíssima versão assinada por Ronaldo Bastos no álbum "Profana". Neste trabalho, 'Nada mais' (como ficou conhecida a sua versão no Brasil) ganha, sob o acompanhamento do músico Heitor Brandão ao teclado, uma desnuda e visceral interpretaçãoDe 1982 vem a canção 'Ribbon in the Sky', outra da lavra romântica do homenageado, cuja a vigorosa e pessoal interpretação de Ricardo Machado foge dos padrões voluptuosos da gravação original, evidenciando de modo mais aflorado a proposta deste tributo, uma homenagem com um toque minimalista e pessoal. A última faixa dessa trinca romântica vem a ser 'Overjoyed', presente no álbum "In Square Circle" de 1985. A canção neste tributo ganha uma radiosa interpretação (fazendo jus ao título original) e vem acentuada tanto pelo violão do Heitor quanto pelas intervenções eletrônicas  do Eric, atendendo a proposta do tributo: apresentar uma sonoridade minimalista com algumas inserções pontuais, discretas ou estratégicas para dar um ar de contemporaneidade a homenagem.

Machado, que aos 19 anos já participava do Coral da Universidade Gama-Filho, já traz em sua bagagem três trabalhos anteriores a este, sendo inclusive um deles, "A sombra confia ao vento", indicado ao Prêmio da Música Brasileira ao longo de 2011. Depois de fazer um relevante resgate cultural na abordagem de cerca de 150 anos de música brasileira, Ricardo aborda pela primeira vez em disco um repertório totalmente em outro idioma mostrando-se muito a vontade nesta condição e reiterando, a partir de seu canto, a impressão que tem deixado a todos que tem acompanhado a sua trajetória musical: a constituição de uma carreira pautada na coesa escolha de bons repertórios, independente do artista escolhido. 

Quanto a ficha técnica Ricardo Machado assina a produção fonográfica, a direção musical e, em parceia com Heitor Brandão, a produção artística e arranjos. As programações eletrônicas ficaram a cargo do Eric Brandão neste projeto que fez o artista carioca flertar com o repertório de um dos maiores nomes da música mundial, assumindo assim uma série de riscos, além de uma grande responsabilidade diante de uma obra que para muitos é irretocável. No entanto é preciso enfatizar que o artista conseguiu quebrar este estigma de modo bastante pessoal pautando-se em uma destreza que exige estimular sentidos e percepções para assimilar plenamente, pois diferente de Stevie, cego é aquele que não têm olhos para o sensível, aquele que não escuta a sensível voz da melodia.

Maiores informações:
Blog Oficial - http://ricardomachadocantasteviewonder.blogspot.com.br/

quarta-feira, 24 de abril de 2013

LANÇAMENTO DE 'SAMBABOOK' E 'DISCOBIOGRAFIA' DE MARTINHO DA VILA REVEEM CARREIRA DO SAMBISTA

Lançamento de ‘Sambabook’ e ‘Discobiografia’ de Martinho da Vila reveem carreira do sambista.

Por Leonardo Lichote


Obra do compositor de 75 anos ocupa lugar único na música brasileira

RIO - “Quem quiser saber meu nome/ Não precisa perguntar/ Sou Martinho lá da Vila/ Partideiro devagar.” A sintética autodefinição de Martinho reafirma: em sua voz e seus versos, tudo sempre é mais profundo e parece mais simples. Chegando agora às lojas, o “Sambabook” (Musickeria) dedicado ao compositor — o segundo da série, que estreou homenageando João Nogueira — dá oportunidade de comprovar isso. E, mais importante, de vislumbrar o tamanho do artista que cabe num “partideiro devagar”.

No CD/DVD/Blu-ray do “Sambabook”, está lá o compositor do samba-enredo revolucionário (“Sonho de um sonho”), do partido alto modelo (“Casa de bamba”), da crônica social refinada (“O pequeno burguês”), da experimentação formal (“Odilê, odilá”), da sensibilidade de se olhar o amor sob ótica original (“Ex-amor”). Mais: com intérpretes que vão de Paulinho da Viola a Pitty, de Ney Matogrosso a Casuarina, o projeto aponta para o alcance da obra de Martinho, 75 anos. E no livro “Discobiografia” (Casa da Palavra) — parte do “Sambabook”, que inclui ainda um fichário com 60 partituras e um aplicativo para celulares e tablets —, percebe-se que mais que um “sambista”, “autor sofisticado” ou “partideiro devagar”, há um artista que o tempo todo reflete sobre sua obra e sobre onde quer chegar.

— Martinho é o artista da música brasileira que melhor se encaixa na “Discobiografia” (que acompanha a trajetória do artista pela análise de sua discografia) — diz Hugo Sukman, autor do volume sobre o compositor da Vila. — Quase todos os seus discos são conceituais, têm ideias muito firmes por trás deles.

Martinho confirma:

— Tirando o primeiro (“Martinho da Vila”, de 1969, que gravou para apresentar à gravadora RCA Victor seu trabalho como compositor), nunca trabalhei num disco só juntando músicas. Penso sempre numa ideia central, que às vezes é um tema, outras uma forma. Isso acontece desde o segundo disco (“Meu laiaraiá”, 1970), que vem da vontade de fazer um disco de samba bem produzido, com orquestra, sair do esquema que existia na época. O terceiro, “Memórias de um sargento de milícias” nasceu quando estava dando baixa do Exército (ou seja, escolhendo em definitivo a carreira de artista), trabalhei pensando nisso. E assim é até hoje.

O exercício de pinçar aleatoriamente álbuns em sua discografia reforça o que Sukman e Martinho dizem. “Rosa do povo”, de 1976, parte do universo poético de Carlos Drummond de Andrade (sem usar um verso do poeta); “Tendinha”, de 1978, transporta para o disco o espírito do encontro das rodas de samba, antecipando algo que a geração Cacique de Ramos consagraria; “Samba enredo”, de 1980, é um estudo sobre o gênero, salientando seu caráter de arte negra; “Ao Rio de Janeiro”, de 1994, olha para a cidade sob variados prismas; “Brasilatinidade”, de 2005, é sua viagem pela música da América Latina.

— Vejo o disco quase como um livro, um espetáculo roteirizado — define Martinho. — Como um enredo de um desfile, enfim. Acho que o que me levou a pensar dessa maneira foi minha proximidade com a escola de samba.

Da Vila, Martinho já se declarou pertencente a diversos universos, espalhando-se nos títulos de seus discos: “Martinho da vida”, “Martinho da Vila, da roça e da cidade”. Algo que dá pistas sobre o lugar único que ocupa na música brasileira. Tem todas as características de um “sambista autêntico” (a formação na favela, a escola de samba, o domínio das formas do gênero), mas explora temas inusuais e não se aferra ao ritmo. Por outro lado, sua trajetória não o alinha diretamente aos colegas de geração que definiram os fundamentos da chamada MPB, elaborada, universitária. E, como poucos, dialoga com rádios e gravadoras, afirmando sua arte sem negar os interesses deles.

— Sempre procurei entender do meu ofício. Procurei saber o que é um artista, ter noção da importância do que faço. Sempre fui de pensar — afirma o compositor, que tem também um livro infanto-juvenil a ser publicado em breve, “O nascimento do samba”, sobre as origens do gênero.

Uma das epígrafes do livro é de Tunico Ferreira, filho de Martinho: “Se você quer ser amigo íntimo do meu pai basta escutar seus discos, desde o primeiro até o último. Todos os problemas, alegrias, momentos marcantes estão nas músicas”. É assim com todos os temas que ocupam o pensamento do homem que sempre foi de pensar:

— Ele faz discos sobre partido alto, sobre o samba-enredo... Traduz seus projetos em discos. E, assim, leva a cultura que representa a um patamar que antes ela não ocupava — diz Sukman. — Sem Martinho, sem a popularização do gênero promovida por ele, o samba estaria num outro lugar hoje. Ele existe como música comercial em grande parte porque Martinho existe. Zeca Pagodinho, por exemplo, é filho do Martinho. Tanto que o ressurgimento de Zeca nos anos 1990 foi com Rildo Hora (fundamental na construção da sonoridade dos discos de Martinho).

No “Sambabook”, esse som de Martinho é representado já na escalação da banda. Ela estará completa, e terá a presença dos convidados, nos shows de lançamento do projeto — no Imperator (Centro Cultural João Nogueira), nos dias 22 e 23 de maio, e no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, em 31 de maio, 1º e 2 de junho.

— São músicos que tocaram com Martinho em diferentes momentos, como Zeca da Cuíca e Claudio Jorge, e um coro que tem filhos de Martinho (Analimar, Juju Ferreira e Martinho Filho) e sua neta Dandara — explica Flavio Pinheiro, diretor de Marketing da Musickeria. — Para os intérpretes convidamos pessoas identificadas com ele, como Paulinho da Viola, Leci Brandão, João Donato e Mart’Nália. Mas também procuramos artistas das novas gerações, seja do samba, como Moyseis Marques, ou de fora dele, como Pitty.

Martinho lembra que, quando começou, tudo era mais setorizado:

— Pitty cantou maravilhosamente bem meu samba (“Roda ciranda”). E Chorão era meu grande fã. Me falou uma vez que se inspirou muito em mim, veja só.

Apesar da surpresa de Martinho, não é difícil entender o fascínio que exerce o artista que estabeleceu de forma pioneira pontes entre a periferia e a indústria, entre o campo e a cidade, entre o Brasil e a África — sempre com os pés fincados em ambos os lados. Pontes construídas ao longo de uma vida que parece ficção.

— Ele foi retirante, vindo do interior do Rio (Duas Barras), e favelado (da Serra dos Pretos Forros, na Boca do Mato). Conseguiu se educar, sustentar a família, ficar rico, ter prestígio perene, tudo isso vindo do estrato mais baixo da sociedade. Ele compra a fazenda onde seu pai trabalhava e faz um samba-enredo lindo (o da Vila Isabel, campeã deste ano) que fala do homem do campo, e no qual o filho é um dos parceiros. Trajetória perfeita para um biógrafo — elogia Sukman.

terça-feira, 23 de abril de 2013

RENATO BARUSHI - ENTREVISTA EXCLUSIVA

Tendo seu trabalho de estreia entre os pré-selecionados do maior prêmio da música brasileira, Renato mostra que sem perseverança não chegamos muito longe. 

Por Bruno Negromonte


A música independente em nosso país vem ganhando força e espaço ao longo dos últimos anos, principalmente através das novas tecnologias e redes sociais. Advindo deste cenário, o Renato Barushi vem galgando o seu espaço dentro da fértil cena musical mineira e ganhando adeptos de sua sonoridade por onde tem levado o seu som. Depois de ter passado longo período tocando nas noites de Belo Horizonte, o cantor e compositor decidiu que era chegada a hora para da gravação do seu primeiro registro fonográfico solo. Foram cerca de 13 anos até a gravação desse álbum e isso deu ao artista maturidade suficiente para reconhecer e encarar todos os percalços existentes no caminho que escolheu seguir.

Perseverante, Barushi procurou superar cada uma das dificuldades que cruzaram o seu caminho e como "se virou na raça", como ele mesmo costuma dizer. o resultado dessa sua tenacidade vocês podem conferir um pouco na pauta publicada recentemente aqui em nosso espaço cujo título é "RENATO BARUSHI ABRE CONCESSÕES SEM PERDER A COERÊNCIA, MOSTRANDO O SEU UNIVERSO PARTICULAR EM UM VARIADO MERCADO SONORO". A matéria mostra toda a versalidade desse mineiro de Cataguases a partir de um disco que não poderia ter título mais sugestivo: Renato e O Mercado.

Renato gentilmente nos concedeu esta entrevista onde aborda um pouco de sua trajetória, as dificuldades inerentes ao artistas independente e surpreende-se com uma agradável notícia sobre o Prêmio da Música Brasileira como vocês podem conferir, na íntegra, abaixo:



Em sua biografia consta que a sua família apesar de grande não é, digamos, propensa a música; porém você desde cedo se deixou envolver-se por ela. Como aconteceram esses primeiros contatos com a música em sua infância?

Renato Barushi - Com exceção de um tio paterno que sempre tocou muito bem violão, autodidata, ele dizia que eu ficava vidrado quando pegava o violão e sempre cantava junto, adorava quando tocava a canção “peixe vivo”, inclusive, foi comigo e minha mãe escolher o meu primeiro violão em Juiz de Fora, um Di Giorgio, no pré-primário a professora também havia notado que minha voz destacava, eu devia ter apenas 5 anos.


E a estória de que você desde os 10 anos de idade já compunha é verdade? Você lembra de alguma coisa referente a essa composição algum verso ou o porquê do surgimento da inspiração para escrever?

RB - Aos 10 anos, pegava canções conhecidas e brincava, trocava suas letras, lembro-me perfeitamente de uma música do grupo SPC que fiz isso, a canção chamava-se “domingo”, na verdade, até hoje faço isso..rs, coloco a letra que me referi abaixo, ganhei meu primeiro violão aos 11 anos, a partir daí comecei a prestar mais atenção nas letras e melodias, comecei escrever frases soltas, creio que após os 14 anos comecei a compor, foi muito natural, mas assim como tocar um instrumento, escrever é um exercício.

Segue a letra:
Titulo: Segunda

Segunda, tenho que estudar
Acordar bem cedo e ir pro colégio
Aturar as professoras, até enjoadas
A de português e a de geografia outra vez

refrão:
Quando eu vou estudar
Vai ter que ser bom
Se não vou trabalhar, numa padaria
Vai ter que ser a do meu pai
La eu só entrego pão
Depois ganho um dinheirão
Só por uma entrega, amor... só por uma entrega, amor, amor, amor..
Só por uma entrega, amor... amor, segunda..


Em dado momento de sua vida, você resolve aventurar-se na capital mineira trazendo com você coragem, fé e expectativas para dar continuidade aos projetos traçados em sua cidade. Você pode nos falar um pouco dessa decisão de vir a Belo Horizonte? Essa decisão fez com que você abrisse mão de algo?

RB - Fui aos 17 anos para Belo Horizonte, sem muitas pretensões, queria somente tocar na noite, conhecer outros músicos, somar e se possível viver de arte, e foi o que fiz, fazia jingles, trilhas, direção e produção musical e executivo, em paralelo trabalho minhas canções autorais e escrevendo minhas leis de incentivo, creio que o artista hoje está cada vez mais desenvolvendo múltiplas funções em suas carreiras. Eu abri mão de ficar perto de meus familiares, amigos de infância e musicais, e por ser de família pobre tive que me virar, bancar o meu sustendo, mas feliz por sempre fazer o que amo. 


Diversos músicos afirmam que não há laboratório mais válido do que a experiência de tocar na noite. Você teve a oportunidade de vivenciar essa experiência antes da gravação do seu álbum à frente da banda Machinari. Há algo que se evidencia em sua música e que seja fruto dessa época?

RB - Claro, concordo que a noite é um grande laboratório, e com o Machinari foi o período que mais toquei, eram cerca de três a quatro shows semanais, a banda começou seus ensaios no final de 1999, iniciou os shows no início de 2000, seu ultimo show, por incrível que pareça foi dia primeiro de abril de 2004, na casa chamada Pop Rock Café, tenho o convite até hoje. Em 2002 gravamos um EP com três canções autorais, essas canções estão no site http://palcomp3.com/renatobarushi/.


Você costuma dizer que a sua música sustenta-se a partir de três, digamos, alicerces: a música negra, a MPB tradicional e o rock nacional. Dessas três vertentes musicais você poderia citar alguns nomes que são essenciais em sua formação enquanto músico e compositor?

RB - Não gosto muito de citar minhas referências, pois costumo dizer que elas se renovam constantemente e sempre esquecemos alguém importante, mas pensando rapidamente poderia citar alguns nomes que me inspiraram, como Barão Vermelho e Cazuza, Lobão, Raul Seixas, Secos e Molhados, Novos Baianos, Djavan, Tom Jobim, Chico Buarque, Tim Maia, Beto Guedes, Cartola, Noel Rosa, e gringas, Janis Joplin, Wilson Pickett, Buddy Guy, Aretha Franklin, Marvin Gaye, George Benson, Al Green, Stevie Wonder, AC/DC, Jimi, The Doors, Stones, Jimi Hendrix, dentre outros.


A sua parceria com o Robson Pitchier evidencia-se de modo significativo em seu disco. Das nove composições presentes, a maioria ele assina em parceria com você. Como se deu esse encontro musical e como é o seu processo de composição em parceria?

RB - Em 2001 eu ainda trabalhava durante o dia e tocava com o Machinari durante a noite, comecei a trabalhar como gerente de marketing em uma escola de informática, logo após Robson entrou nessa empresa, ele vivia com desenhos, perguntei o que ele gostava de fazer, me disse que era ator e gostaria de trabalhar com moda, por isso os desenhos, hoje ele trabalha em São Paulo como estilista, cerca de 7 anos, eu estava começando a tocar muito, e estávamos a todo vapor com as canções autorais, tínhamos onze, eu só pensava em compor e perguntei se ele gostaria de escrever comigo, no início ele teve uma certa resistência, mas assim que começamos não paramos mais e até hoje trabalhamos juntos, somos grandes amigos e parceiros, escrevemos até uma peça teatral, tenho outros poucos parceiros, mas metade das minhas canções são com ele, quarenta por cento sozinho e dez por cento com os demais, quero sempre somar. Quanto ao processo de composição não há regras, já peguei uma história de um parceiro e fiz música, ou a partir de uma estrofe, já fiz um personagem, já comecei com a letra e criei melodia em cima e vice-versa, de todas as formas, mas normalmente minhas parcerias são nas letras, eu crio as melodias e harmonias. 


Quanto tempo foi a “gestação” desse disco? 

RB - Dois anos, sendo um ano pesquisando e compondo as canções, pensando no clima e na concepção geral do cd, e um ano em estúdio.


Como se deu o critério de escolha do repertório para este álbum de estreia?

RB - Após 13 anos na noite eu quis um registro de minha obra, nesse álbum coloquei somente duas canções antigas, “Onde quero chegar” e “Meu lugar”, o restante foi criado para o cd, pensei muito no clima, queria algo leve, para colocar no carro e dirigir, por exemplo, ao mesmo tempo fazer algo mais radiofônico, letras de fácil assimilação, introduções curtas, sem solos de guitarras enormes, ao invés disso, temas e riffs, sou muito over, tenho um vocal agressivo, devido muito tempo tocando rock, e por isso trazer de novo a MPB e o balanço da música negra para minha música, foi um processo de pesquisa enorme e reencontro com algo que adoro. 


Todos sabem que fazer música independente no Brasil é uma aventura na qual poucos conseguem lograr êxito. Muitas são as dificuldades existentes, e os estorvos vem nas diversas etapas, desde a captação de recursos até divulgação depois de pronto. Você acredita que a facilidade existente na atualidade acabou gerando uma demanda muito grande e isso gera alguns desses problemas ou a coisa não é bem por aí?

RB - Não há facilidade para os músicos autorais, nem atualmente, com banda você ainda divide com algumas pessoas os gastos, se você não tem dinheiro para investir ou desenvoltura para escrever leis, fica mais difícil ainda, são poucos que trabalham com leis, que tem alguém para escrever, pois é caro, eu comecei e me virei na raça, e captar é pior ainda, não captei nada até hoje, este ano tenho uma lei estadual aprovada no valor de R$ 250.000,00 reais, consegui gravar o cd Renato e O Mercado devido ao falecimento do meu pai, um cara que eu amava muito, ele estava em seu segundo casamento e o pouco que me sobrou, investi tudo no cd. A internet é muito boa pra trocar figurinhas, pesquisar, mas não pense que lhe fará famoso, normalmente, os que são conhecidos na internet, não são para o grande publico e vice-versa, na verdade a música não há receitas para o sucesso, não é como uma engenharia que você faz a faculdade, estágio e em seguida arruma um bom emprego, mas há diversas áreas para se trabalhar, não só tocar na noite ao contrário que muitos pensam.


Você já se acha um vitorioso tendo seu disco entre os pré-selecionados para o Prêmio da Música Brasileira? O que mais espera para 2013?

RB - Eu fui? Lembro-me de uma produtora do Prêmio da Música Brasileira, seu nome era Luciana Cardoso, ela pediu para enviar o meu material para seleção, isso pra mim já foi uma vitória, mas creio que não fui pré-selecionado. Em 2013, após 15 anos em Belo Horizonte, voltei para minha cidade natal, Cataguases, fica na zona da mata mineira, a cena aqui é ótima, já estou com uma banda chamada “Eu, tu, elas e os Pachiega”, com uma influência muito forte do rock’n’roll, e claro, a pitada de MPB e o balanço e alegria da música negra não pode faltar.



Maiores Informações:
Site Oficial - www.renatobarushi.com.br

BALUARTE DO RITMO EM PERNAMBUCO, A MESA DE SAMBA AUTORAL CHEGA AO SEU OITAVO ANO

A quase uma década de existência, a mesa de samba autoral evidencia-se como o grande reduto do samba pernambucano.

Por Bruno Negromonte

Crédito da imagem: Joás Benedito
"Isso aqui não trata-se apenas de um encontro musical, o que fazemos aqui é política. É um processo de resgate cultural onde o que prevalece são os compositores que geralmente não tem espaço nos grandes meios. Criamos oportunidade para que os compositores de samba pernambucanos mostrem seus trabalhos. Estamos indo para oito anos de valorização do genuíno samba pernambucano. Por que cantar os sambas de fora se temos grandes sambistas e compositores aqui? Passei 40 anos de minha no Rio de Janeiro e as grandes mesas de samba de lá só tocam o samba feito lá, você não vê a turma de lá cantando sambas de outros estados; aqui não poderia ser diferente, queremos criar oportunidade para a divulgação do samba feito aqui pelos músicos de Pernambuco", é com esse discurso engajado que o cantor e compositor Paulo Perdigão resume os encontros da mesa de samba autoral que hoje, dia do choro, completa oito anos de existência. Carioca, Perdigão veio para Recife a cerca de duas décadas e aqui chegando deu continuidade a grande paixão que ele não abdicou nesta sua vinda: o samba.

Em 2006, Perdigão soma forças com mais alguns compositores para a concretização de uma espécie de trincheira do samba e criam juntamente com nomes como Neguinho da Samarina, Tadeu Júnior, Rui Ribeiro e Dona Selma do Samba o coletivo intitulado de Mesa de Samba Autoral de Pernambuco, evento que hoje agrega novos compositores e mantendo viva a chama da proposta inicial do projeto que é a luta pelo reconhecimento do autor e sua obra. A única exigência para fazer parte da roda é ter uma ligação coerente com o ritmo como relata Rui Ribeiro. “É fundamental que os participantes da Mesa tenham uma produção própria de sambas e um pensamento solidário e horizontal”, diz o músico. Devotos de 'são' Pixinguinha (como alguns costumam a se referir ao músico Alfredo da Rocha Viana Filho), a escolha da data para a comemoração do aniversário do projeto não se deu à toa, foi em um dia 23 de abril de 1897, no Rio de Janeiro, que Pixinguinha nasceu para tornar-se uma das maiores referências da música brasileira de todos os tempos, inclusive no samba com nomes como Donga e João da Baiana.

E é desse modo, imbuído de generosidade, que a mesa de samba autoral vai somando forças, pois traz consigo essa característica acolhedora, onde adeptos e pretensos perpetuadores do gênero aqui no estado agregam notas e versos a favor do samba genuinamente pernambucano. Vislumbrando que as futuras gerações possam ter uma oportunidade cada vez maior de ver a cena local em evidência como tem acontecido com nomes com Gerlane Lops e Karynna Spinelli, nomes hoje que representam o samba pernambucano brilhantemente de modo irrefutável. E assim fica aqui os versos escritos por João Grande para João Nogueira registrar em 1980 no álbum "Boca do povo": "O tempo vai passando, e o samba vai seguindo... O povo está feliz, cantando, sambando, sorrindo e assim vamos nós...



Serviço:
Roda de Samba Autoral
Sábados das 18h às 21h – A cada 15 dias
Local: Bar Livraria Exposição Almanaque, em Olinda.

Próximo encontro - 04 de maio de 2013

segunda-feira, 22 de abril de 2013

DIA NACIONAL DO CHORO

O Dia Nacional do Choro é comemorado em 23 de abril, em homenagem à data de nascimento de Pixinguinha, uma das figuras exponenciais da música popular brasileira, e em especial do choro.


Em 2004, eventos lembraram a data em várias cidades do Brasil: Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba, Juiz de Fora, Niterói, Santos, São João do Meriti, Uberaba e Uberlândia, São José dos Campos, para citar algumas. Até no exterior, na França e no Japão, o Dia Nacional do Choro foi comemorado.

O choro

O choro entra na cena musical brasileira em meados e finais do século 19, e nesse período se destacam Callado, Anacleto de Medeiros, Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. Inicialmente, o gênero mesclava elementos da música africana e européia e era executado principalmente por funcionários públicos, instrumentistas das bandas militares e operários têxteis. Segundo José Ramos Tinhorão, o termo choro resultaria dos sons plangentes, graves (baixaria) das modulações que os violonistas exercitavam a partir das passagens de polcas que lhes transmitiam os cavaquinistas, que induziam a uma sensação de melancolia.
O século 20 traria uma grande leva de chorões, compositores, instrumentistas, arranjadores, e entre eles, com destaque, Pixinguinha.


40 anos sem Pixinguinha

Alfredo da Rocha Viana Filho, conhecido como Pixinguinha nasceu no Rio de Janeiro em 23 de abril de 1897 e faleceu na mesma cidade em de fevereiro de 1973.

Pixinguinha é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.

Era filho do músico Alfredo da Rocha Viana, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos.[1] Pixinguinha aprendeu música em casa, fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles o China (Otávio Viana). Foi ele quem obteve o primeiro emprego para o garoto, que começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.

Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, muito ativo a partir de 1919. Na década de 1930 foi contratado como arranjador pela gravadora RCA Victor, criando arranjos celebrizados na voz de cantores como Francisco Alves ou Mário Reis. No fim da década foi substituído na função por Radamés Gnattali. Na década de 1940 passou a integrar o regional de Benedito Lacerda, passando a tocar o saxofone tenor. Algumas de suas principais obras foram registradas em parceria com o líder do conjunto, mas hoje se sabe que Benedito Lacerda não era o compositor, mas pagava pelas parcerias.

Quando compôs "Carinhoso", entre 1916 e 1917 e "Lamentos" em 1928, que são considerados alguns dos choros mais famosos, Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz, enquanto hoje em dia podem ser vistas como avançadas demais para a época. Além disso, "Carinhoso" na época não foi considerado choro, e sim uma polca.[carece de fontes?] Outras composições, entre centenas, são "Rosa", "Vou vivendo", "Lamentos", "1 x 0", "Naquele tempo" e "Sofres porque Queres".



No dia 23 de abril comemora-se o Dia Nacional do Choro, trata-se de uma homenagem ao nascimento de Pixinguinha. A data foi criada oficialmente em 4 de setembro de 2000, quando foi sancionada lei originada por iniciativa do bandolinista Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello.

Pixinguinha faleceu na igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, quando seria padrinho de um batizado. Foi enterrado no Cemitério de Inhaúma.

Pixinguinha é considerado um dos maiores compositores da música popular brasileira, contribuiu diretamente para que o choro encontrasse uma forma musical definitiva.

Era filho do músico Alfredo da Rocha Viana, funcionário dos correios, flautista e que possuía uma grande coleção de partituras de choros antigos. Pixinguinha aprendeu música em casa, fazendo parte de uma família com vários irmãos músicos, entre eles o China (Otávio Viana). Foi ele quem obteve o primeiro emprego para o garoto, que começou a atuar em 1912 em cabarés da Lapa e depois substituiu o flautista titular na orquestra da sala de projeção do Cine Rio Branco. Nos anos seguintes continuou atuando em salas de cinema, ranchos carnavalescos, casas noturnas e no teatro de revista.

Pixinguinha integrou o famoso grupo Caxangá, com Donga e João Pernambuco. A partir deste grupo, foi formado o conjunto Oito batutas, muito ativo a partir de 1919. Na década de 1930 foi contratado como arranjador pela gravadora RCA Victor, criando arranjos celebrizados na voz de cantores como Francisco Alves ou Mário Reis. No fim da década foi substituído na função por Radamés Gnattali. Na década de 1940 passou a integrar o regional de Benedito Lacerda, passando a tocar o saxofone tenor. Algumas de suas principais obras foram registradas em parceria com o líder do conjunto, mas hoje se sabe que Benedito Lacerda não era o compositor, mas pagava pelas parcerias.

Quando compôs "Carinhoso", entre 1916 e 1917 e "Lamentos" em 1928, que são considerados alguns dos choros mais famosos, Pixinguinha foi criticado e essas composições foram consideradas como tendo uma inaceitável influência do jazz, enquanto hoje em dia podem ser vistas como avançadas demais para a época. Além disso, "Carinhoso" na época não foi considerado choro, e sim uma polca.[carece de fontes?] Outras composições, entre centenas, são "Rosa", "Vou vivendo", "Lamentos", "1 x 0", "Naquele tempo" e "Sofres porque Queres".



No dia 23 de abril comemora-se o Dia Nacional do Choro, trata-se de uma homenagem ao nascimento de Pixinguinha. A data foi criada oficialmente em 4 de setembro de 2000, quando foi sancionada lei originada por iniciativa do bandolinista Hamilton de Holanda e seus alunos da Escola de Choro Raphael Rabello.

Pixinguinha faleceu na igreja de Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, quando seria padrinho de um batizado. Foi enterrado no Cemitério de Inhaúma.

 
Algumas de suas composições:
A Pombinha (com Donga)
Aguenta, seu Fulgêncio (com Lourenço Lamartine)
Ai, eu queria (com Vidraça)
Bnguelê
Carinhoso (com João de Barro)
Carnavá tá aí (com Josué de Barros)
Corinho no parque São Jorge (com Salgado Filho)
Dominó
Fala baixinho (com Hermínio Bello de Carvalho)
Foi muamba (com Índio)
Fonte abandonada (com Índio)
Há! hu! lá! ho! (com Donga e João da Baiana)
Iolanda
Isso é que é viver (com Hermínio Bello de Carvalho)
Isto não se faz (com Hermínio Bello de Carvalho)
Lamentos (com Vinícius de Moraes)
Mama, meu netinho (com Jararaca)
Mundo melhor (com Vinícius de Moraes)
Naquele tempo (com Benedito Lacerda e Reginaldo Bessa)
Nasci pra domador (com Valfrido Silva)
Os batutas (com Duque)
Os home implica comigo (com Carmen Miranda)
Onde foi Isabé
Patrão, prenda seu gado (com Donga e João da Baiana)
Promessa
Raiado (com Gastão Viana)
Samba de nego
Samba do urubu
Samba fúnebre (com Vinícius de Moraes)
Samba na areia
Teus ciúmes
Triangular
Tristezas não pagam dívidas
Um a zero (com Benedito Lacerda)
Um caso perdido
Uma festa de Nanã (com Gastão Viana) * Urubu
Vi o pombo gemê (com Donga e João da Baiana)
Você é bamba (com Baiano)
Você não deve beber (com Manuel Ribeiro)
Vou pra casa
Xou Kuringa (com Donga e João da Baiana)
Yaô africano (com Gastão Viana)
Zé Barbino (com Jararaca)
Proezas de Solon
Vou Vivendo


Fontes:

OSWALDO MONTENEGRO DIVULGA TRAILER DE 'SOLIDÕES', SEU SEGUNDO FILME

Por Bossuet Alvim



Vanessa Giácomo pode não ser classificada pelo cinéfilo mais atento como a estrela de 'Solidões', uma vez que o filme é dividido em seis episódios independentes, mas o papel de sua personagem, que atua como condutora do espectador entre as histórias diversas, lhe garante no mínimo o status de protagonista. No segundo longa de Oswaldo Montenegro, que estreou no cinema com o premiado 'Léo e Bia' (2010), a atriz parece exercitar suas capacidades de atuação entre variações de suavidade e aspereza, agressividade e brandura. 

Entre os fragmentos antecipados pelo diretor em um primeiro trailer, Vanessa se destaca no papel de manipuladora das narrativas. Ela ainda explora um jogo de sensualidade com outra atriz em cena, além de dividir a narração das imagens com o personagem de Oswaldo, apontado por outras figuras do filme como o demônio. 

A exemplo de 'Léo e Bia', 'Solidões' procura romper com as linguagens mais comuns ao cinema, mas adota métodos bem diversos do primeiro filme do compositor e cantor consagrado. Enquanto seu début nas telas, estrelado por Paloma Duarte, tinha ambientação e jogo de cena comparável aos criados por Lars Von Trier em 'Dogville' (2002), a nova empreitada surge com algo como os trabalhos de Domingos Oliveira, a quem o cineasta dedica, extra-oficialmente, sua obra.

domingo, 21 de abril de 2013

MÚSICO MINEIRO VENCE CONCURSO DE COMPOSIÇÕES NOS EUA

Via Redação EM Cultura




Entre 50 compositores estrangeiros e nacionais, o mineiro Andersen Viana ficou em primeiro lugar na categoria internacional do Concurso 2012-2013 de Composição, promovido pela orquestra americana Susanville Symphony, da Califórnia.

A 'Peça de concerto in blue', que reúne elementos jazzísticos e ritmos da tradição oral do Brasil, ganhou o prêmio graças aos critérios de qualidade artística e técnica. De acordo com o diretor da Susanville Symphony, Benjamin J. Wade, a obra reflete novo olhar da música orquestral moderna, formando conjunto estético agradável. 'Concerto.

GILBERTO GIL IRÁ COMPOR A TRILHA SONORA DA NOVA NOVELA DAS SEIS

Do UOL, em São Paulo


O músico Gilberto Gil fará a canção de abertura de "Joia Rara", nova novela das seis de Duca Rachid e Thelma Guedes. A música será criada especialmente para trama, informou uma das autoras do folhetim, Thelma Guedes ao UOL. Gil também compôs "Minha Princesa", tema de abertura de "Cordel Encantado", trama da dupla, com direção de Amora Mautner. A trama terá cenas gravadas no Butão e no Nepal. O budismo será um dos principais temas da nova novela das seis, prevista para estrear em setembro de 2013. "Foi uma viagem mágica. O Nepal e o Butão são lugares muito especiais", escreveu Thelma em seu site. A novela será dirigida por Amora Mautner e Ricardo Waddington, diretores de "Avenida Brasil". O ator Bruno Gagliasso será protagonista da trama, que terá no elenco a atriz mirim Mel Maia [a Rita de "Avenida Brasil"], Cauã Reymond, Cacau Protásio [a Zezé de "Avenida"], Carmo Dalla Vecchia, Marcos Caruso e Mariana Ximenes.

PROGRAME-SE


DISCOS DE VINIL E SEUS COLECIONADORES

sábado, 20 de abril de 2013

PROGRAME-SE


CURIOSIDADES DA MPB

Até os 55 anos de idade, Cartola acreditava se chamar Agenor. Foi em 1964, quando decidiu casar-se com Dona Zica para oficializar a relação de 12 anos, que descobriu em sua certidão de nascimento que seu nome de registro era Angenor. O nome em comum fez com que mais tarde o sambista fosse uma das influências de Cazuza, líder do Barão Vermelho, batizado como Agenor.

MPB - MÚSICA EM PRETO E BRANCO

Pixinguinha, João da Baiana e Donga

sexta-feira, 19 de abril de 2013

20 ANOS SEM BETO SEM BRAÇO

Em 2013 completa-se duas décadas sem um dos mais significativos nomes da Império Serrano.


Por Bruno Negromonte


Ex-feirante, Laudenir Casemiro nasceu no Rio de Janeiro nos idos anos de 1940. Ainda criança, devido a uma queda do cavalo, acabou perdendo o braço direito, o que acabou gerando o seu pseudônimo.

A sua carreira fonográfica teve início na década de 70, quando estreou no mercado fonográfico com a gravação, por Oswaldo Nunes, da canção "Ai que vontade". A partir daí seu nome começou a figurar no repertórios e em discos de notórios intérpretes, tais quais Paulinho Mocidade com "Põe pimenta" (presente no álbum "Se o caminho é meu", de 1977), Beth Carvalho que gravou no LP "De pé no chão", de 1978, a canção "Marcando bobeira", Almir Guineto (gravando no LP "Jeito de amar", de 1979, a canção "Lindo requebrado").

Na década seguinte consolida-se como um dos grandes compositores da nova geração do samba carioca tendo canções gravadas novamente por Beth Carvalho nos LP's "Sentimento brasileiro" (1980), "Na fonte" (1981) e "Suor no rosto" (1983). É dessa época a composição de um dos seus maiores sucessos: "Camarão que dorme a onda leva" (com Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz). Não posso deixar de citar ainda a interpretação "São José de Madureira" em parceria com Zeca Pagodinho, em outro disco, distinto dos citados anteriormente, da cantora carioca.

Outro artista recorrente as composições de Beto nesta década foi Zeca Pagodinho, que gravou dentre outras de sua lavra "Quando eu contar, Iaiá"; "Vou lhe deixar no sereno"; "Cidade do pé junto"  e "Brincadeira tem hora". Sem contar outros diversos intérpretes como Carlos Sapato ("Papagaio"), Almir Guineto ("Coisa da roça", "Quem me guia" e "Flecha do cupido"), Dominguinhos do Estácio ("Dura prova" e  "Coco de Catolé"), Elza Soares ("Erê"), Alcione ("Na paz de Deus"), Jovelina Pérola Negra ("Feira de São Cristóvão" e "Calango do morro"), Bezerra da Silva ("Manera mané" e "Meu bom juiz") entre outros grandes nomes do gênero interpretaram as cerca de 463 músicas gravadas de sua autoria em diversas parcerias.



No ano de 2002, o sambista Deni Lima gravou um disco só com composições de Beto Sem Braço, cujo título é "Deni de Lima canta Beto Sem Braço", lançado pela gravadora Virrec, que, entre outras, apresenta as inéditas "Panos de Buda", "Marimbondo dá mel" e "Um dia de rei" e ainda regravações de grandes sucessos do compositor.

Um fato de destaque na biografia do compositor ocorreu em 1987, quando Beto sem braço
descontente com a desclassificação de seu samba, atirou no presidente e no vice-presidente da Império Serrano,  Jamil Cheiroso e Roberto Cunha, respectivamente.

Quanto ao carnaval vale frisar que o compositor pertenceu a Ala de Compositores da Vila Isabel e mais tarde, transferiu-se para a Escola de Samba Império Serrano, onde foi além de compositor, diretor de bateria por vários anos. Na Império compôs um dos maiores sucessos da escola: "Bum, bum baticumbum, prugurundum", em parceria com Aluízio Machado.


Beto faleceu aos 53 anos vitimado por tuberculose.



Alguma de suas principais composições:
A paisagem
Aonde quer que eu vá (Com Martinho da Vila)
Boi (Com J. C. Santos)
Brincadeira tem hora (Com Zeca Pagodinho)
Calango no morro (
Com Paulo Vizinho)
Camarão que dorme a onda leva (
Com Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz)
Cidade do pé junto (
Com Zeca Pagodinho)
Coco de Catolé (
Com Joel Menezes)
Coisa da roça (c/ Almir Guineto)
Com toda essa gente (
Com Dudu Nobre e Zeca Pagodinho)
Daltônico Varela (
Com Serginho Meriti)
Deixa a fumaça entrar (
Com Martinho da Vila)
Dura prova (
Com Serginho Meriti e Aluízio Machado)
Erê (
Com Bandeira Brasil)
Escasseia (
Com Aluízio Machado e Zé do Maranhão)
Feira de São Cristóvão (
Com Bandeira Brasil)
Flecha do Cupido (
Com Almir Guineto e Guará da Empresa)
Lindo requebrado (
Com Carlos Senna, Almir Guineto e Adalto Magalha)
Manera, mané (
Com Serginho Meriti e Arlindo Cruz)
Mão baiana (
Com Aluízio Machado)
Marcando bobeira (
Com Dão e João Quadrado)
Meu bom juiz
Morena do canjerê (
Com Joel Menezes)
Na paz de Deus (
Com Sombrinha e Arlindo Cruz)
Papagaio (
Com Almir Guineto e Luverci Ernesto)
Pintou uma lua lá (
Com Maurição)
Põe pimenta (Com Jorginho Saberás)
Quando eu contar Iaiá (
Com Serginho Meriti)
Quando o povo entra na dança (
Com Carlito Cavalcanti)
Quem me guia (
Com Serginho Meriti)
Samba em Berlim (
Com Joel Menezes)
São José de Madureira (
Com Zeca Pagodinho)
Vou lhe deixar no sereno (
Com Jorginho Saberás)

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OS POETAS DE LUA – O CONTRADITÓRIO

Por Abílio Neto


O compositor João Leocádio da Silva, nascido em Arcoverde/PE, em 16/08/1935, no dia 23/06/2011, deu uma entrevista para o Diário de Pernambuco na qual passou a limpo essa história das suas parcerias com Luiz Gonzaga. Por não ser um homem de cultura igual a Zé Dantas ou Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga se sentia muito à vontade com esse parceiro que foi muito importante na sua vida, do final da década de setenta até a sua morte, em 02/08/1989. Mas a parceria começou antes, em 1968, com a música “Meu Araripe”, homenagem ao centenário daquele lugar. Em 1964, Luiz Gonzaga gravou a primeira produção dele em conjunto com João do Vale: “Não Foi Surpresa”.


Percebe-se pela entrevista que o que eles fizeram na música foi parceria mesmo. Luiz Gonzaga dava o tema e depois que recebia as músicas sugeria alterações nas letras, nas melodias, enfim tudo o que fez com seus parceiros mais famosos. A mesma coisa que Jackson do Pandeiro também fazia com os seus.

Foi muita boa essa conversa registrada porque bate de frente com o conteúdo da reportagem de 20/06/2012, do JC de Pernambuco, na qual o jornalista José Teles fez João Silva se contradizer. Eu achei interessante isso, apesar de que tenho a maior admiração pelo seu trabalho. O maior sucesso dele com Luiz Gonzaga foi a polca “Pagode Russo”, instrumental do sanfoneiro de Exu, que ganhou letra debochada de João Silva em 1984. Ao lado da obra antes citada estão as músicas “Nem se Despediu de Mim”, “Danado de Bom”, “Sanfoninha Choradeira”, “A Mulher do Sanfoneiro”, “Forró de Cabo a Rabo”, Vou Te Matar de Cheiro” e “Deixe a Tanga Voar” que também agradaram muito aos fãs de Gonzagão.

Mas vamos ao que José Teles “arrancou” de João Silva para atender a seus objetivos de manchar a memória de Luiz Gonzaga no ano do seu centenário:

Eu fazia a música sozinho e a gente assinava junto. Ele nem tinha tempo de fazer música, viajava demais. Dava os temas, fazia sugestões, e eu compunha, mas sempre deixava uma brecha para ele mexer na música...

O fato de deixar brecha para alguém mexer na música parece ser uma prática usual de João Silva. Das músicas que eu conheço dele (dizem que chega a 2.000), ele sempre precisou de uma escora, ou melhor, de um parceiro. Pouquíssimas ele assina sem companhia. Os selos dos discos de diversos artistas confirmam isso. Ele iria compor sozinho justamente para Luiz Gonzaga? Na reportagem, ainda é dito que ele entregou ao Rei do Baião 130 músicas. É inverídico isso: gravadas por Luiz Gonzaga (em parceria) eu somente conto 53 composições. E mais 16 músicas de João Silva com outros parceiros, todas gravadas por Gonzaga. No entanto, na aludida publicação, o jornalista reconhece que “curiosamente os últimos álbuns em que as parcerias foram feitas conjuntamente são os dois discos instrumentais derradeiros, Forrobodó Cigano e Luiz Gonzaga e sua sanfona, lançados tendo como sanfoneiro o maestro gaúcho Chiquinho de Moraes” (sic). 

Ah, bom, um reconhecimento! Porém existe um erro monumental aí. O sanfoneiro em questão foi Chiquinho do Acordeon, cujo nome de registro era Romeu Seibel, gaúcho de Santa Cruz do Sul.

O livro “Vida de Viajante - A saga de Luiz Gonzaga”, de Domenique Dreyfus, trouxe às páginas 300, um depoimento muito interessante do compositor João Silva:

Se eu for me encontrar com ele e ficarmos só trabalhando os dois, em uma hora saem três, quatro músicas. Mas ele não tem tempo nem de terminar uma música. Ele tem a idéia, o esboço da música e pronto, o parceiro que termine. Mas quando resolve compor, ele é bom. Nós fizemos ‘Forrofiar’ para Alcione em cinco minutos, no estúdio da RCA. (...) Nossa parceria é um casamento que deu certo até nas brigas. A gente briga muito porque eu bebo e ele não gosta, aí fica perguntando: você tá achando que é Vinícius de Moraes?

Quando Gonzaga gravou o disco “Forró de Cabo a Rabo”, disse Pedro Cruz, seu produtor na época: “a gente percebeu que não havia a música que ia puxar o disco (que foi justamente essa). Faltava o gancho que passaria no rádio e daria o Disco de Ouro a Gonzaga. Todo mundo podia dar música a Gonzaga, mas as que aconteciam mesmo eram as que ele fazia com João Silva. Então nós chamamos ele: olha João, pegue uma suíte num hotel, pegue sua garrafa de uísque, chame Gonzaga e pelo amor de Deus, façam a música para amanhã”.

E assim foi feito. Os dois se juntaram, discutiram e por fim a música saiu. Disse Dominique que eles ficaram até altas horas da noite e que, quando o monstro ficou pronto, Gonzaga pegou a sanfona e João o gravador. Gravaram a música, mas Gonzaga avisou ao parceiro: “olha, agora acabou e eu quero me deitar. Vá pra sua suíte e pelo amor de Deus não fique tocando violão que eu quero dormir”. No dia seguinte, Gonzaga escutou a gravação, ainda acrescentou uns versos, deu um jeito na música e com João Silva foi direto para a RCA. A fonte dessas informações foi o próprio João Silva que acrescentou: “A música foi um estouro total! Mas com três semanas, eu e Gonzaga já brigamos de novo, quando ele me disse: não quero mais conversa com cachaceiro”.

Forró de Cabo a Rabo” recebeu dois discos de ouro e mais um de platina por conta das parcerias com o suposto “cachaceiro”.

Sinceramente, se o que João Silva disse a José Teles não o diminuiu junto a seus admiradores, pelo menos manchou um pouquinho aquela sua áurea de “o mais fiel parceiro” de Luiz Gonzaga. Eu o tenho em alta conta. Acho que dos parceiros de Gonzaga, ele é quem mais tem o cheiro do povo. Em uma festa na loja Passa Disco do Recife, no ano 2011, eu fui cumprimentá-lo porque ele é uma pessoa cativante e muito alegre. Não o questionei sobre o “problema” das parcerias, porém outro amigo que também o saudou chegou a abordá-lo sobre o tema. Leiam isto:

No ano de 2011 estive com o “Padre” (as aspas são minhas) Bruno (Negromonte) em uma festividade na PASSA DISCO e conversamos com o compositor João da Silva, o principal parceiro de Luiz Gonzaga. Ele nos revelou que Gonzaga sempre participou das parcerias em todas as músicas que ele assinava como compositor. Este encontro acima citado poderá ser comprovado no meu PERFIL do FACEBOOK, na parte de FOTOS e no álbum PASSADISCO, onde na 7ª foto poderá ser visto a constatação deste encontro”. (Jorge Macedo)

E aqui dou por encerrada esta série de três artigos que se põem como "o contraditório" ao libelo acusatório do jornalista e crítico musical José Teles no ano do centenário de Luiz Gonzaga. Garanto que o Rei do Baião não ficou menor depois daquela reportagem infeliz.

Vou colocar para tocar aqui um sensacional forró da dupla (Luiz Gonzaga e João Silva): é a música “Forrofiar”, na belíssima interpretação de Alcione:


quinta-feira, 18 de abril de 2013

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