Por Neudiran Gonçalves Nunes
sábado, 16 de dezembro de 2017
A FAUNA E A FLORA NORDESTINAS REPRESENTADAS NAS MÚSICAS DE LUIZ GONZAGA REI DO BAIÃO - PARTE 06
Em “Qui nem Jiló”
Se a gente lembra só por lembrar
De um amor que a gente um dia perdeu
Saudade entonce assim é bom pro cabra se convencê
Que é feliz sem saber pois não sofreu
Porém se a gente vive a sonhar
Com alguém que se deseja rever
Saudade entonce assim é ruim eu tiro isso por mim
Que vivo doido a sofrer
Ai quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz doer e amarga que nem jiló
Mas ninguém pode dizer
que vivo triste a chorar
Saudade o meu remédio é cantar
Saudade o meu remédio é cantar (Luiz Gonzaga)
O jiló é o fruto da planta herbácea jiloeiro, muito cultivado no Brasil. É um fruto, geralmente confundido com um legume, famoso por seu gosto amargo. Nessa canção, Luiz Gonzaga compara as dores da saudade à amargura do jiló: “ai, quem me dera voltar pros braços do meu xodó Saudade assim faz doer E amarga que nem jiló”
Em “Quero chá”
Morena eu quero chá, eu quero
chá, eu quero chá morena velha
eu quero chá. (bis)
Já, já, já, já morena velha eu
quero chá. (bis)
Morena eu quero chá, eu quero
chá, eu quero chá morena velha
eu quero chá. (bis)
Já, já, já, já morena velha eu
quero chá. (bis)
Pula, pula moreninha não deixa
o samba esfriar catuca Zeca do fole
para o compasso agitar
nas tanta da madrugada antes
da barra quebrar vai depressa
na cozinha e traz cházim pra
nós tomar.
Já, já, já, já morena velha eu
quero chá. (Luiz Gonzaga)
Nessa música, Luiz Gonzaga fala do chá como um calmante e o chá é uma bebida preparada através da infusão de folhas, flores, raízes de chá. Geralmente é preparada com água quente. Cada variedade adquire um sabor definido de acordo com o processamento utilizado, que pode incluir oxidação, fermentação, e o contato com outras ervas, especiarias e frutos.
Em “O Adeus da Asa Branca”
Quando o verde dos teus óio
Se espáia na prantação
Uma lágrima doída
Vai moiá todo o sertão
No cantá do assum preto
Vai se ouvir mágoas e dor
Ribaçã morrê de sede
Com sodade de douto
Foi se embora a Asa Branca
Lá pro céu ela levou
O poeta de alma franca
Que todo mundo cantou
Meu Padrinho Padim Ciço
Faça dele um acessô
Morre o homem fica o nome
E o nome dele ficou (Dalton Vogeler)
A música "O adeus da asa branca" é uma continuação da música "Asa branca", que mostra justamente a seca do nordeste, a questão da saída do sertanejo para os grandes centros urbanos e a repulsa dele em deixar suas terras e as pessoas amadas. Música essa criada em busca de protestar para chamar a atenção das autoridades para os problemas, e para o descaso do poder público com o nordeste.
Em “Erva Rasteira”
Erva rasteira
Nasceu pra ser pisada
Nasce pra ser pisada
Nasce e cresce
E morre bem embaixo
Mas o homem
Que é homem de valor }bis
Jamais se propõe
A ser capacho
É covarde aquele que cair
Por não tentar jamais se levantar
Sem ter-se os pés feridos
Em lamentos se deixa acomodar
Se um dia
Ele tenha abrir a boca
Se ver sem direito de falar
Seu destino é viver bem rente ao chão
Até que ele venha lhe tragar
Erva rasteira, erva rasteira (bis)
Erva rasteira
É que pode ser pisada
Mas descuido
Ela paga com espinho
O homem que é homem de valor
Se levanta e conquista seu caminho } bis
Erva rasteira, erva rasteira (bis) (Gonzaguinha)
Em “Frutos da Terra”
Esta terra dá de tudo
Que se possa imaginar
Eu e ela, ela e eu
Mão de Deus abeçoando
Eu e ela, ela e eu
Sapoti, jaboticaba
Mangaba, maracujá
Cajá, manga, murici
Cana caiana, juá
Graviola, umbu, pitomba
Araticum, araçá
Engenho Velho ô, carnaval
Favo de mel no meu quintal (bis)
O fruto bom dá no tempo
No pé pra gente tirar
Quem colhe fora do tempo
Não sabe o que o tempo dá
Beber a água na fonte
Ver o dia clarear
Jogar o corpo na areia
Ouvir as ondas do mar
Engenho Velho ô, carnaval
Favo de mel, no meu quintal (bis) (Jandhuy Finizola)
Essa música é uma retratação da utilidade das frutas que a terra nos dá como as mencionadas na canção. Os frutos da terra são vistos como alimentos importantes na vida do ser humano. E, por isso, Luiz Gonzaga, ao cantar essa música de Jandhuy, soube muito bem falar sobre eles, pois ninguém melhor do que ele para mostrar a riqueza do pomar nordestino.
Em “Projeto Asa Branca”
Louvado seja Deus
Abençoada a canção
Louvado seja o homem
Que dá água pro sertão
Bendito foi o momento
De divina inspiração
Quando feita a conclusão
De um grande planejamento
Dia onze de dezembro
Do ano setenta e nove
Vem à tona e se promove
Uma idéia rica e franca
Marco Antonio Maciel
Criou o Projeto Asa Branca
Dia vinte e um de março
Data marcante, ano oitenta
Maciel num tempo escasso
Prevendo a seca cruenta
Na cidade de salgueiro
Promoveu o lançamento
Para o engrandecimento
Da terra em sua mensagem
Consagrou esse projeto
Pra salvação da estiagem
Parabéns sertão e agreste
Pela graça que hoje alcança
Com a cor da esperança
Toda a região se veste
Tantas obras preventivas
Por ele realizadas
Açude, barragem, estrada
Para comunicação
Prendendo as águas dos rios
Pela perenização (José Marcolino e Luiz Gonzaga)
Nessa música, José Marcolino e Luiz Gonzaga mostram a alegria por um projeto que já estava pronto para a melhoria da estrada nordestina no governo de Marco Maciel em 1980.
Em “Rodovia Asa Branca”
Eu vi um dia
Dois homens fazer um trato
De ligar Exu ao Crato
Pernambuco ao Ceará
O homem de cá
Trabalhou chegou primeiro
E o de lá também ligeiro
Num dançou eu chego lá
Olha o homem aí
É gente da gente
Olha o homem aí
Alegre e contente
Olha os homen aí
É o povo que diz
Olha os homen aí
Juntos com Luiz
Roda, rodada
Rodando, roda rodeia
Rodovia, Asa Branca
Tá todinha prá você
Olha o homem aí....
Ei, êi...
É Asa Branca voltando
É carreta rodando
É o povo cantando
Junto com Luiz
Olha os homen aí...
Roda, rodada...
Ê,ê
Vocês precisavam também ver
Os dois homem de manga de camisa
Abraçados em cima da divisa
Pernambuco e Ceará
Naquela data tão festiva
Pareciam imitar o Patativa
Você canta lá
Que eu canto cá (Luiz Gonzaga e João Silva)
A Rodovia Asa Branca é um trecho asfaltado da BR-122, exatamente na divisa entre os Estados de Pernambuco e Ceará. Ela foi batizada assim, com o nome de Rodovia Asa Branco para homenagear o rei do baião, Luiz Gonzaga, que também estava presente à inauguração e devolveu a homenagem compondo uma música com o mesmo nome da rodovia.
Em “Canto do Sabiá”
Canto
Como canta o sabiá
Canta preso na gaiola } bis
Porque não sabe chorar
Oh! Minha viola amiga
Esta modinha que eu canto
Tem roupagem de cantiga
Mas seu motivo é de pranto
Há quem cante por cantar
Mas meu canto é diferente
Canto porque tão somente
Não aprendi a chorar
Tocar viola
Porque chorar não dá jeito }bis
Se fechar esta ferida
Que vive aberta em meu peito (Zé Alves Jr. e Dirceu Rabelo)
O sabiá vive originalmente em florestas abertas e beiras de campos, mas como é uma espécie bastante adaptável adentrou com sucesso nas áreas de lavoura e cidades, exigindo, porém a proximidade de água. É visto com frequência percorrendo o solo, mas nunca longe das árvores. É uma ave territorial, mas um tanto quanto tímida, e seu canto é melodioso, aflautado e frequente logo denuncia sua presença, podendo ser ouvido a mais de 1 km de distância. Entretanto, nessa música, Luiz Gonzaga mostra a importância de a ave ser livre para que seu canto seja mais bonito.
Em “Sabiá”
A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu)
Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu)
Tendo um coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)
A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu)
Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu)
Tendo um coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)
Tu que anda pelo mundo (Sabiá)
Tu que tanto já voou (Sabiá)
Tu que fala aos passarinhos (Sabiá)
Alivia minha dor (Sabiá)
Tem pena d'eu (Sabiá)
Diz por favor (Sabiá)
Tu que tanto anda no mundo (Sabiá)
Onde anda o meu amor
Sábia...
A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu)
Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu)
Tendo um coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)
A todo mundo eu dou psiu (Psiu, Psiu, Psiu)
Perguntando por meu bem (Psiu, Psiu, Psiu)
Tendo um coração vazio
Vivo assim a dar psiu
Sabiá vem cá também (Psiu, Psiu, Psiu)
Tu que anda pelo mundo (Sabiá)
Tu que tanto já voou (Sabiá)
Tu que fala aos passarinhos (Sabiá)
Alivia minha dor (Sabiá)
Tem pena d'eu (Sabiá)
Diz por favor (Sabiá)
Tu que tanto anda no mundo (Sabiá)
Onde anda o meu amor
Sábia...
(Psiu, Psiu, Psiu)
(Psiu, Psiu, Psiu)
(Psiu, Psiu, Psiu)
(Sabiá)
(Sabiá)
(Sabiá)
Sabiá...
Tem pena d'eu (Sabiá)
Diz por favor (Sabiá)
Tu que tanto anda no mundo (Sabiá)
Onde anda o meu amor
Sábia... (Luiz Gonzaga e Zé Dantas)
O sabiá é uma ave citada por diversos poetas como o pássaro que canta o amor e a primavera. Luiz Gonzaga e Zé Dantas retratam, aqui, o sabiá como referência para chamar pelas pessoas para perguntar pelo seu amor, na esperança de encontrá-la.
Luiz Gonzaga nos deixou, além de toda uma cultura popular muito forte, o ritmo baião, o xote, as toadas, outras tantas músicas de sua autoria como: A dança da moda, Assum preto, o xote das meninas, pau de arara, qui nem jiló, vozes da seca, entre outras.
Uma curiosidade sobre o forro do Luiz Gonzaga é que ele era tocado com sanfona, zabumba e triangulo a formação que ainda se usa atualmente.
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