PROFÍCUAS PARCERIAS
Gabaritados colunistas e colaboradores, de domingo a domingo, sempre com novos temas.
ENTREVISTAS EXCLUSIVAS
Um bate-papo com alguns dos maiores nomes da MPB e outros artistas em ascensão.
HANGOUT MUSICARIA BRASIL
Em novo canal no Youtube, Bruno Negromonte apresenta em informais conversas os mais distintos temas musicais.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
70 ANOS DE ROBERTO RIBEIRO
28 DE AGOSTO - 01 ANO SEM BOB NELSON
Roberto Carlos era fã do “Vaqueiro Alegre”. Quando criança, o rei gostava de colar o ouvido nos radinhos sintonizados na Rádio Nacional e ouvir as “canções de caubói” de Bob Nelson. O cantor, cujo nome verdadeiro era Nelson Roberto Perez, nasceu na cidade de Campinas (SP) em 12 de outubro de 1918. Reza a lenda que, quando Carmen Miranda se apresentou em Campinas no ano de 1939, ele a acompanhou no show. Na época, já cantava no “Grupo Cacique”.
Inspirado pelo filme “Idílio nos Alpes”, começou a arranhar o ritmo tirolês (também conhecido como “yodel”) no início dos anos 1940. Em 1943, Bob Nelson faz uma adaptação para o português de uma tradicional canção norte-americana. Música premiada na rádio Cultura, “Oh,Suzana” torna-se um de seus maiores sucessos. A música também catapultou Bob Nelson para um evento histórico.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o dono dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, resolveu homenagear o comandante norte-americano General Douglas MacArthur. Não teve dúvidas: mandou chamar Bob Nelson e sua “Oh, Suzana”. A homenagem funcionou: Douglas MacArthur era natural do Arkansas e adorou a versão brasileira de uma música sobre a Guerra da Secessão nos Estados Unidos. Ao final da apresentação, o general subiu ao palco e abraçou o cantor. Também foi Chatô quem deu o dinheiro para que Bob Nelson comprasse a sua primeira fantasia de caubói, com direito a chapéu e revólver no coldre.
Em 1944, Bob Nelson gravou seu primeiro disco com “Oh, Suzana” e “Vaqueiro Alegre”. Ao longo da década de 1940, apresentou-se em diversos programas de rádio e gravou músicas usando o nome artístico “Bob Nelson e seus Rancheiros”. Foi mais ou menos nessa época que ele se tornou o ídolo das estrelas da Jovem Guarda, Roberto e Erasmo Carlos.
A dupla gravou até mesmo uma música em homenagem ao caubói brasileiro: “A Lenda de Bob Nelson”, lançada em 1974. Um dos primeiros artistas a misturar a música sertaneja do interior com o country norte-americano, Bob Nelson ainda arranjava tempo para desfilar no Carnaval, sempre pela escola de samba Império Serrano. Foi no Rio de Janeiro que ele morreu, há exatamente 01 ano, no dia 28 de agosto de 2009, aos 91 anos.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
EXCLUSIVIDADE DA MUSICARIA
01 - Dupla Traição (Nana Caymmi)
02 - Dejame Ir (Vida Real) (Danilo Caymmi)
03 - Meu Bem Querer (Nana Caymmi)
04 - Faltando Um Pedaço (Dori Caymmi)
05 - Nuvem Negra (Nana Caymmi)
06 - Tanta Saudade (Danilo Caymmi)
07 - Sorrir (Smile) (Nana Caymmi)
08 - Alegre Menina (Dori Caymmi)
09 - De Volta Pro Meu Aconchego - Faltando Um Pedaço (Nana Caymmi)
10 - Flor De Lis (Danilo Caymmy)
11 - Dejame Ir (Nana Caymmi)
12 - Dupla Traição (Nana Caymmi)
sábado, 14 de agosto de 2010
AS PRIMEIRAS GRAVAÇÕES DE GIL CHEGAM EM CD DUPLO
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
CHICO XAVIER PSICOGRAFOU TEXTO DE CLARA NUNES
EIS OS CONTEMPLADOS EM 2010 COM O 21º PRÊMIO DE MÚSICA
Pop / Rock / Reggae / Hip Hop /Funk
Grupo: Paralamas do Sucesso
Disco: Rock'n'Roll (Erasmo Carlos)
Cantor: Caetano Veloso
Cantora: Zélia Duncan
Projeto Especial: Dolores Duran - Entre Amigos
Disco Eletrônico: Ultrasom, de Siri
Disco Erudito: Debussy (Nelson Freire)
Disco Infantil: Adriana Partimpim 2
Disco em Língua Estrangeira: Tributo a Ella Fitzgerald (Jane Duboc e Victor Biglione)
DVD: Luz Negra (Fernanda Takai)
Concurso Vale Cantar
Externo: Tony Daniel (Acreditar)
Interno: Cleyton Melo da Silva (Alguém me Avisou)
Instrumental
Grupo: Letieres Leite e Orkestra Rumpilezz
Disco: Luz da Aurora (Yamandú Costa e Hamilton de Hollanda)
Solista: Yamandú Costa
Canção Popular
Grupo: Trilogia
Dupla: Zezé Di Camargo & Luciano
Disco: O Coração do Homem-Bomba ao Vivo Mesmo (Zeca Baleiro)
Cantor: Cauby Peixoto
Cantora: Rita Ribeiro
Projeto Visual: Ocimar Versolato por Beijo Bandido (Ney Matogrosso)
Arranjador: Mario Adnet (AfroSambaJazz - A Música de Baden Powell)
Regional
Grupo: Orquestra Frevo Diabo
Dupla: Chitãozinho & Xororó
Disco: Alma Cabocla (Ana Salvagni)
Cantor: Targino Gondin
Cantora: Elba Ramalho
Voto Popular
Cantor: Juraildes da Cruz
Cantora: Daniela Mercury
Revelação: Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz
Canção: Feita na Bahia (Roque Ferreira)
Samba
Grupo: Casuarina
Disco: Tantinho canta Padeirinho da Mangueira
Cantor: Tantinho
Cantora: Alcione
MPB
Grupo: 4Cabeça
Disco: Encanteria (Maria Bethânia)
Cantor: Ney MatogrossoCantora: Maria Bethânia
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
NELSON RUFINO, O REQUINTADO SAMBA DA BAHIA
Nelson Rufino Tempo e vida(2009)
01 - Tempo e vida
02 - Sublime tentação
03 - Ketu Angola
04 - Amor de matar
05 - Chuva Santa
06 - Inusitado
07 - Nas águas de Amaralina
08 - Meu pranto
09 - Oké odé
10 - Marejou
11 - Não rolou mas vai rolar
12 - Amado Jorge Amado
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
CURIOSIDADES DA MPB
domingo, 8 de agosto de 2010
DICAS DA MUSICARIA
sábado, 7 de agosto de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
100 ANOS DE ADONIRAN BARBOSA
Abandona a escola cedo, pois não gosta de estudar. Necessita trabalhar, para ajudar a família numerosa - Adoniran tem sete irmãos. Procurando resolver seus problemas financeiros, os Rubinato vivem mudando de cidade. Moram primeiro em Valinhos, depois Jundiaí, Santo André e finalmente São Paulo.
Em Jundiaí, conhece seu primeiro ofício: entregador de marmitas. Aos quatorze anos, ainda criança, o encontramos rodando pelas ruas da cidade e, legitimamente, surrupiando alguns bolinhos pelo caminho. "A matemática da vida lhe dá o que a escola deixou de ensinar: uma lógica irrefutável. Se havia fome e, na marmita, oito bolinhos, dois lhe saciariam a fome e seis a dos clientes; se quatro, um a três; se dois, um a um".
O magistral período das rádios, também no Brasil, criou diversas modas, mexeu com os costumes, inventou a participação popular – no mais das vezes, dirigida e didática. Têm elas um poder e extensão pouco comuns para um país rural como o nosso. Inventam a cidade, popularizam o emprego industrial e acendem os desejos de migração interna e de fama. Enfim, no país dos bacharéis, médicos e párocos de aldeia, a ascensão social busca outros caminhos e pode-se já sonhar com a meteórica carreira de sucesso que as rádios produzem. Três caminhos podem ser trilhados: o de ator, o de cantor ou o de locutor.
Adoniran, aprendiz das ruas, percebe as possibilidades que se abrem a seu talento. Quer ser ator, popularizar seu nome e ganhar algum dinheiro, mas a rejeição anterior o leva a outros caminhos. Sua inclinação natural no mundo da música é a composição mas, nesse momento, o compositor é um mero instrumento de trabalho para os cantores, que compram a parceria e, com ela, fazem nome e dinheiro. Daí sua escolha recair não sobre a composição, mas sobre a interpretação.
Entrega-se ao mundo da música. Busca conquistar seu espaço como cantor – tem boa voz, poderia tentar os diversos programas de calouro. Já com o nome de Adoniran Barbosa – tomado emprestado a um companheiro de boêmia e de Luiz Barbosa, cantor de sambas, que admira – João Rubinato estreia cantando um samba brejeiro de Ismael Silva e Nilton Bastos, o Se você jurar. É gongado, mas insiste e volta novamente ao mesmo programa; agora cantando o belo samba de Noel Rosa, Filosofia, que lhe abre as portas das rádios e ao mesmo tempo serve como mote para suas composições futuras.
A vida profissional de Adoniran Barbosa se desenvolve a partir das interpretações de outros compositores. Embora a composição não o atraia muito, a primeira a ser gravada é Dona Boa, na voz de Raul Torres. Depois grava em disco Agora pode chorar, que não faz sucesso algum. Aos poucos se entrega ao papel de ator radiofônico; a criação de diversos tipos populares e a interpretação que deles faz, em programas escritos por Osvaldo Moles, fazem do sambista um homem de relativo sucesso. Embora impagáveis, esses programas não conseguem segurar por muito tempo ainda o compositor que teima em aparecer em Adoniran. Entretanto, é a partir desses programas que o grande sambista encontra a medida exata de seu talento, em que a soma das experiências vividas e da observação acurada dá ao país um dos seus maiores e mais sensíveis intérpretes.
O mergulho que o sambista fará na linguagem, suas construções linguísticas, pontuadas pela escolha exata do ritmo da fala paulistana, irão na contramão da própria história do samba. Os sambistas sempre procuraram dignificar sua arte com um tom sublime, o emprego da segunda pessoa, o tom elevado das letras, que sublimavam a origem miserável da maioria, e funcionavam como a busca da inserção social. Tudo era uma necessidade urgente, pois as oportunidades de ascensão social eram nenhumas e o conceito da malandragem vigia de modo coercitivo. Assim, movidos pelos mesmos desejos que tinha Adoniran de se tornar intérprete e não compositor, e a partir daí conhecido, os compositores de samba, entre uma parceria vendida aqui e outra ali, davam o testemunho da importância que a linguagem assumia como veículo social.
Mas a escolha de Adoniran é outra, seu mergulho também outro. Aproveitando-se da linguagem popular paulistana – de resto do próprio país – as músicas dele são o retrato exato desta linguagem e, como a linguagem determina o próprio discurso, os tipos humanos que surgem deste discurso representam um dos painéis mais importantes da cidadania brasileira. Os despejados das favelas, os engraxates, a mulher submissa que se revolta e abandona a casa, o homem solitário, social e existencialmente solitário, estão intactos nas criações de Adoniran, no humor com que descreve as cenas do cotidiano. A tragédia da exclusão social dos sambistas se revela como a tragicômica cena de um país que subtrai de seus cidadãos a dignidade.
Como acontecera com os programas escritos por Osvaldo Moles, que deram a Adoniran a medida exata da estética a ser seguida, o samba inspira Osvaldo a criar um quadro para a rádio, que se chamava História das Malocas, com um personagem, que faz sucesso, o Charutinho. De novo ator, Adoniran, tendo provado o sucesso como compositor, não mais se afasta da composição.
Arguto observador das atividades humanas, sabe também que o público não se contenta apenas com o drama das pessoas desvalidas e solitárias; é necessário que se dê a este público uma dose de humor, mesmo que amargo. Compõe para esse público um dos seus sambas mais notáveis, um dos primeiros em que trabalhou a nova estética do samba.
Entre a tentativa de carreira nas rádios paulistas e o primeiro sucesso, Adoniran trabalha duro, casa-se duas vezes e frequenta, como boêmio, a noite. Nas idas e vindas de sua carreira tem de vencer várias dificuldades. O trabalho nas rádios brasileiras é pouco reconhecido e financeiramente instável, muitos passaram anos nos seus corredores e tiveram um fim de vida melancólico e miserável. O veículo que encanta multidões, que faz de várias pessoas ídolos é também cruel como a vida; passado o sucesso que, para muitos, é apenas nominal, o ostracismo e a ausência de amparo legal levam cantores, compositores e atores a uma situação de impensável penúria.
Numa de suas noitadas, de fogo, perde a chave de casa e não há outro jeito senão acordar Matilde, que se aborrece. O dia seguinte foi repleto de discussão. Mas Adoniran é compositor e dando por encerrado o episódio, compõe o samba Joga a chave.
Dono de um repertório variado de histórias, o sambista não perdia a vez de uma boa blague. Certa vez, quando trabalhava na rádio Record, onde ficou por mais de trinta anos, resolveu, após muito tempo ali, pedir um aumento. O responsável pela gravadora disse-lhe que iria estudar o aumento e que Adoniran voltasse em uma semana para saber dos resultados do estudo... quando voltou, obteve a resposta de que seu caso estava sendo estudado. As interpelações e respostas, sempre as mesmas, duraram algumas semanas... Adoniran começava se irritar e, na última entrevista, saiu-se com esta: “Tá certo, o senhor continue estudando e quando chegar a época da sua formatura me avise..”
Nos últimos anos de vida, com o enfisema avançando, e a impossibilidade de sair de casa pela noite, o sambista dedica-se a recriar alguns dos espaços mágicos que percorreu na vida. Grava algumas músicas ainda, mas com dificuldade – a respiração e o cansaço não lhe permitem muita coisa mais – dá depoimentos importantes, reavaliando sua trajetória artística. Compõe pouco.
Adoniran Barbosa morre em 1982, aos 72 anos de idade.