Por Neudiran Gonçalves Nunes
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
A FAUNA E A FLORA NORDESTINAS REPRESENTADAS NAS MÚSICAS DE LUIZ GONZAGA REI DO BAIÃO - PARTE 05
Em “Açucena Cheirosa”
Quem quiser comprar,
eu vendo açucena cheirosa do meu jardim
Quem quiser comprar,
eu vendo açucena cheirosa do meu jardim
Vendo cravo, vendo lírio,
não vendo uma rosa que deram pra mim
Vendo cravo, vendo lírio,
não vendo uma rosa que deram pra mim
Até flor de laranjeira pro dia de Santo Antonio
Eu quero vender pras moça pra arranjar seus matrimônio
Há mais estrelas no céu nas noites de São João
Há festa nestes teus olhos
Há fogo no meu coração
Quem quiser comprar,
eu vendo açucena cheirosa do meu jardim
Vendo cravo, vendo lírio,
não vendo uma rosa que deram pra mim
Vendo cravo, vendo lírio,
não vendo uma rosa que deram pra mim
Até flor de laranjeira pro dia de Santo Antonio
Eu quero vender pras moça pra arranjar seus matrimônio
Há mais estrelas no céu nas noites de São João
Há festa nestes teus olhos
Há fogo no meu coração
Quem quiser comprar,
eu vendo açucena cheirosa do meu jardim
Quem quiser comprar,
eu vendo açucena cheirosa do meu jardim
Vendo cravo, vendo lírio,
não vendo uma rosa que deram pra mim
Vendo cravo, vendo lírio,
não vendo uma rosa que deram pra mim (Luiz Gonzaga)
Açucena é uma singela e branca flor. E nessa canção, Luiz Gonzaga quis nos dá a entender que venderia qualquer outra flor, menos uma rosa que lhe deram. A açucena significa que você está sempre pronto a se aventurar, muito cheio de energia, possui uma personalidade ativa e decidida. Não vê graça numa vida sem desafios. E por ser um líder por natureza, atrai as outras pessoas com seu entusiasmo. Mas é importante tomar cuidado e não se tornar uma pessoa teimosa.
Em “Acácia Amarela”
Ela é tão linda é tão bela
Aquela acácia amarela
Que a minha casa tem
Aquela casa direita
Que é tão justa e perfeita
Onde eu me sinto tão bem
Sou um feliz operário
Onde aumento de salário
Não tem luta nem discórdia
Ali o mal é submerso
E o Grande Arquiteto do Universo
É harmonia, é concórdia
É harmonia, é concórdia". (Luiz Gonzaga e Orlando Silveira)
Nessa canção, o Rei do Baião, junto a Orlando Silveira, preparou a letra e o tema musical. É uma composição que identifica e retrata uma loja maçônica. A inspiração poética acontece fortemente quando enfoca a árvore acácia amarela e sua casa. Em seguida, ele traz para o seu texto fortemente representativo e simbólico, o maçom como operário, como pedreiro, como construtor de um mundo novo, tolerante e pacificador, que no seu progresso espiritual, como pessoa e ser humano, recebe aumento de salário. Para concluir ele busca Deus, que é o grande construtor do mundo.
Em “Umbuzeiro da Saudade”
Umbuzeiro veio
Veio amigo quem diria
Que tuas folhas caídas
Tuas galhas ressequidas
Íam me servir um dia
Foi naquela manhãzinha
Quando o sol nos acordou
Que a nossa felicidade
Machucou tanta saudade
Que me endoideceu de amor
Indiscreto passarinho
Solitário cantador
Descobriu nosso segredo
Acabou com nosso enrêdo
Bateu asas e vou
Hoje vivo pelo mundo
Tal o qual o vem-vem
Sobiando o dia inteiro
Quando vejo um umbuzeiro
Me lembro de ti meu bem (Luiz Gonzaga e João Silva)
Nessa música, Luiz Gonzaga e João Silva retratam “os umbuzeiros… irradiantes em círculo… árvores sagradas do sertão…semelham grandes calotas esféricas. Suas flores alvíssimas são a nota mais feliz do cenário deslumbrante. Desafiando as secas mais duradouras, amparam, alimentam, abrandam a sede do homem do sertão”.
Em “Cajueiro Velho”
Naquele cajueiro velho
Com um canivete
Desenhei meu coração
Escreví nossas iniciais
Isto a gente faz cheio de paixão
Com uma flecha atravessada
Ficou bem gravata
Lá no cajueiro
História que a gente conta } bis
Quando se dá conta
Do amor primeiro
Ai, ai, cajueiro
Quanto tempo que já faz
Ai, ai, cajueiro
Meu desenho de amor
Não vejo mais
A gente quando nasce, nasce
Nasce outra que a gente entrega o coração
A gente fica tão feliz
Todo mundo diz com satisfação
A planta que não é regada
Fica adoentada, morre no canteiro
Assim é minha vida agora
Morro toda hora
Lá no cajueiro (Cecéu)
Nessa música, a autora Cecéu nos mostra que o cajueiro é uma planta que não perde totalmente as folhas durante o ano, adaptada ao crescimento a pleno sol, com nítida preferência por solos arenosos e bem drenados; ela floresce abundantemente durante os meses de junho a setembro e frutifica a partir de novembro, podendo estender-se até janeiro. Ao mesmo tempo, ela retrata a história de um amor que ficou gravado na copa do umbuzeiro que estava bastante velho.
Em “Capim Novo”
Nem ovo de codorna,
Catuaba ou tiborna
Não tem jeito não
Não tem jeito não
Amigo véio pra você
Tem jeito não
Amigo véio pra você
Tem jeito não, não, não
Esse negócio de dizer que
Droga nova
Muita gente diz que aprova
Mas a prática desmentiu
O doutor disse
Que o problema é psicológico
Não é nada fisiológico
Ele até me garantiu
Não se iluda amigo véio
Vai nessa não
Essa tal de droga nova
Nunca passa de ilusão
Certo mesmo é
Um ditado do povo:
Pra cavalo véio
O remédio é capim novo (Luiz Gonzaga e José Clementino)
Aqui, Luiz Gonzaga e José Clementino deixaram claro que remédios de farmácia não são os únicos a resolverem problemas sexuais de homens já com idade avançada. Porém um “capim novo” deve resolver melhor. Isso quer dizer que para homens mais velhos a solução é uma mulher nova.
Em “Ovo de Codorna”
Eu quero um ovo de codorna pra comer
O meu problema ele tem que resolver (bis)
Eu tô madurão
Passei da flor da idade
Mas ainda tenho
Alguma mocidade,
Vou cuidar de mim
Pra não acontecer
Vou comprar ovo de codorna
Pra comer
Eu quero um ovo de codorna pra comer...
Eu já procurei
Um doutor meu amigo
Ele me falou
"Pode contar comigo"
Ele me ensinou
E eu passo pra você
Vou lhe dar ovo de codorna pra comer
Eu quero um ovo de codorna pra comer...
Eu andava triste
Quase apavorado
Estavam me fazendo
De um pobre coitado
Minha companheira
Tá feliz porque
Eu comprei ovo de codorna pra comer
Eu quero um ovo de codorna pra comer
O meu problema ele tem que resolver (Severino Ramos)
Ao compor essa música, Severino Ramos quis mostrar para nós que o Mestre Lua já havia passado da flor da idade. Entretanto, ele ainda tem alguma mocidade e de qualquer forma ele vai cuidar de si, isto é, cuidar de certa necessidade humana, dada biologicamente e construída socialmente. Nessa música, o autor ainda procura aproximar o conhecimento do senso comum do conhecimento científico, trazendo a figura significativa do doutor para legitimar os poderes afrodisíacos do ovo de codorna.
Em “Flor do Lírio”
Já viram
A flor do lírio como é linda
Linda, linda
Pois bem os olhos dela
São mais lindos
Muito mais ainda } bis
Eita! Que emoção danada
Que eu sinto por esta mulher
Sabendo desse meu amor
Ela faz o que bem quer
Sinto desmantelo } bis
Quando olho pra ela
Eu ainda vou morrer
Nos braços dela (Luiz Gonzaga e João Silva)
Luiz Gonzaga, nesta canção, destaca o amor que sente por uma mulher que sua beleza é comparada à flor do lírio. O lírio é uma flor bela e exuberante, pelo tamanho e variedade de cores, além de ser uma flor majestosa pelo porte e beleza. Extremamente bela para decoração de jantares e casamentos, muito utilizada para decoração.
Em “Madureceu o Milho”
Madureceu o milho
Fulorou algodão
Acorda São Pedro
Pra dormir São João } bis
Quando Deus mandar inverno
Sertão se balanceia
A negrada cai na farra
De sangue novo na veia
É tanto forró na terra
É tanto zuadeiro
Que parece carnaval
Lá no Rio de Janeiro
Nosso Deus mandou inverno
Quero ver animação
Juvená vai cortar lenha
Rosa vai fazer quentão
Toínha faz a pamonha
Rita faz o capilé
Todo mundo pra latada
Que hoje vai sobrar mulé (João Silva e Sebastião Rodrigues)
Nessa música, João Silva e Sebastião Rodrigues retratam a importância do milho para os sertanejos e que o inverno quando chega anima a todos os aqueles que plantam no sertão nordestino. Então, a partir do momento que há milho, os homens e as mulheres festejam a boa nova.
Em “O Urubu é um triste”
Quem vem ao mundo marcado
Felicidade não tem
Mudar destino traçado
Ninguém consegue, ninguém
Quem nasce feio, enjoado
Tem sofrimento, tem dor
Por todos não desejado
Não tem vintém, nem amor
O urubú é um triste
Por ter nascido urubu
No mundo gente existe
Passando por cururu
O sabiá é invejado
Por ser feliz cantador
Conquistador afamado
Cantando versos de amor
O homem tem sua vida
Nas mãos de Nosso Senhor
Pra uns, estradas florida
Pra outros, só dissabor
Se a coruja um dia
Chegasse a ser beija-flor
Naturalmente eu teria
Dinheiro, paz e amor (Nelson Valença)
Nelson Valença retrata o urubu, nesta música, como um animal sem sorte por ser aquele que vive a comer restos mortais e que ninguém dá valor. Algumas pessoas têm nojo da ave por ela ser assim. É uma ave de rapina que circula no ar à procura de carniça que é seu único alimento. Porém, o urubu tem um significado muito importante: representa uma pessoa muito respeitada, amigável, generosa e fácil de lidar. Mas quando o assunto é o seu dinheiro, seu tempo ou suas preocupações, nada ou ninguém é mais importante. Isso demonstra que deve aprender muito ainda sobre o crescimento da alma.
Em “Penas do Tiê”
Vocês já viram lá na mata a cantoria
Da passarada quando vai anoitecer?
E já ouviram o canto triste da araponga
Anunciando que na terra vai chover?
Já experimentaram guabiroba bem madura
Já viram as tardes quando vai anoitecer?
E já sentiram das planícies orvalhadas
O cheiro doce das frutinas muçambê ê
Pois meu amor tem um pouquinho disso tudo
E tem na boca a cor das penas to tiê
Quando ela canta os passarinhos ficam mudos
Sabem quem é o meu amor, êle é você (Heckel Tavares)
O Tiê é uma ave sul-americana passeriforme da família dos traupídeos reconhecida pela beleza de sua plumagem vermelha. Nessa canção, Heckel quis mostrar que a boca da sua amada tem a cor das penas do tié, pois ele tem penas lindíssimas. A plumagem do macho é de um vermelho-vivo, que lhe deu origem ao nome. Partes das asas e da cauda são pretas. A espécie apresenta dimorfismo sexual, sendo que a plumagem da fêmea é menos vistosa, de cor parda.
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