Por Joaquim Macedo Junior
ANTÔNIO MARIA II – FREVOS CLÁSSICOS COM DOSE DUPLA
Antonio Maria: em uma de suas moradas
Além de cronista, jornalista, caricaturista e produtor de rádio e tv, Antônio Maria também fez belíssimos frevos. Aqui, vou chamá-los de frevos de autoexílio, por entender que tais sentimentos descritos nas letras destas músicas só podem ser vividos por quem deixou o Recife para trás.
Vamos caminhar com Maria em seus primeiros passos, os grandes sucessos internacionais, a fama, e, o que me interessa hoje – mostrar aos leitores desta coluna, três frevos maravilhosos de Maria. Eis logo o primeiro:
Frevo nº 1, Antonio Maria, 1951, com Coral Madeira de Lei e Naná Vasconcelos
O nosso personagem passou a infância entre o engenho do avô e o velho sobrado da cidade. Estudou piano e francês, No final da adolescência, já era amigo de vários compositores, a exemplo de Fernando Lobo, Arlindo Gouveia e Hugo “Peixa”. Enveredou pela boemia, passando a buscar os prazeres noturnos no “Cabaré Imperial” e num pequeno bar chamado Gambrínus.
Tornou-se locutor e apresentador de programas musicais na Rádio Clube de Pernambuco. Seu nome passou a se destacar ao lado de profissionais da época, como Nelson Ferreira, Helio Peixoto e Aloísio Pimentel.
Em 1940, foi trabalhar no Rio, como locutor esportivo na Rádio Ipanema. Em 1944, uma reviravolta, voltou para o Nordeste, casou-se com Mariinha Gonçalves Ferreira, e foi morar em Fortaleza, passando a trabalhar na Rádio Clube do Ceará. Além de Fortaleza, trabalhou em rádio na Bahia.
Em 1948, retornaria ao Rio, como diretor de produção da Rádio. Depois, com o mesmo cargo na TV Tupi, em 1951.
Antônio Maria não tocava instrumento algum. Costumava cantarolar as músicas e fazer as letras na medida em que criava as melodias. O seu primeiro frevo – intitulado Frevo nº 1 do Recife (trabalho integrante de uma série de cinco). Depois fez o número 2 o 3. Não consegui levantar a série de cinco a que se refere sua discografia. Vamos, então, ouvir o nº2:
Frevo nº 2, Antonio Maria, com Coral Madeira de Lei
Compôs em parceria com dezenas de compositores, sendo chamado de “O Rei do Samba-Canção, entre as décadas de 1940 e 1950. Entre seus parceiros, estão Manezinho Araújo, Vinicius de Morais, Evaldo Gouveia, Moacir Silva, Paulo Soledade, Zé da Zilda, João Pernambuco, João Roberto Kelly e Luís Bonfá. Escreveu trilhas para “O Auto do Frade”, “Orfeu do Carnaval” e “Brasileiro: Profissão: Esperança”.
Capa de coleção da Abril com os maiores compositores da MPB
Além dos frevos que hoje estamos realçando, fez sucesso nacional e internacional com “Ninguém me Ama”, “Suas Mãos” e “Manhã de Carnaval”. Entre os maiores intérpretes Ângela Maria, Nora Ney, Aracy de Almeida, Emilinha Borba, Eliseth Cardoso, Jamelão. Agostinho dos Santos, Claudionor Germano e Luiz Bandeira. Frank Sinatra, Stan Getz e Nat King Cole também gravavam Maria. Vamos ao maravilhoso Frevo nº 3.
Frevo nº 3, de Antonio Maria, com Geraldo Maia
Amigos leitores, importante lembrar que estes três frevos são bastante conhecidos, cantados em várias versões e com diversos arranjos, ora puxando para o frevo de bloco, ora puxando para o frevo rasgado.
O número 1, por exemplo, tem uma belíssima versão, tocada originalmente no filme “Saravá”, de Pierre Baroucch, que apresenta Maria Betânia cantando o nº 1. Há porém, uma série de erros na letra, que na minha maneira de ver, não chegam a estragar a peça de Antônio Maria.
Preferi, no entanto, mostrar os frevos o mais fidedignamente, vez que eles já vêm metidos em outras confusões. Os frevos nº 1 (Ô,ô saudade, saudade tão grande etc) é costumeiramente confundido com o de nº 2 de Antônio Maria, que diz (“Ai que saudades tenho do meu Recife, da minha gente que ficou por lá”).
Para fechar o assunto, o nº 3, talvez o mais lírico é que introduz com (“sou do Recife com orgulho e com saudade, sou do Recife com vontade de voltar”). Vejo até mesmo cantores profissionais da noite do Recife trocarem os nomes. Por favor, gente….
Até semana que vem…..
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