domingo, 25 de junho de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Falar da música pernambucana sem abordar nomes como o do querido Geraldo Azevedo e do Alceu Valença, é omitir dois dos mais representativos artistas da segunda metade do século XX não apenas da música pernambucana, mas acima de tudo do cancioneiro nacional. Alceu Valença tem a sua obra muto atrelada à sonoridade existente em seu estado a partir de uma simbiose interessante que mescla a tradição da música nordestina a elementos rítmicos que fazem de sua música arraigada de uma brasilidade que vai do cais ao sertão, do frevo ao forró, de Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro à Caymmi. Apesar de ter seu nome intrinsecamente ligado à Olinda, Alceu Paiva Valença nasceu na verdade no município de São Bento do Una, localizado no Agreste pernambucano e originado do que foi uma fazenda chamada Santa Cruz, pertencente a Antônio Alves Soares. Foi em São Bento do Una que teve os seus primeiros contatos com a sonoridade que viria endossar sua música anos mais tarde a partir de maracatus, cocos e repentes de viola; sem contar os cantadores de feira da região e nomes como Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês. Em sua residência, a sua inspiração dava-se a partir do seu avô, Orestes Alves Valença, que era poeta e violeiro. Toda essa vivência interiorana seria crucial para a sua formação musical como se poderá se observar tempos depois a partir de algumas de suas composições e alguns álbuns temáticos como os discos "Forró Lunar" e "Forró de todos os tempos", dedicados a este gênero tipicamente nordestino. No entanto essa influência interiorana ainda iria passar por uma fusão com os elementos e gêneros que viria chegar aos ouvidos daquele garoto que em pouco tempo estaria residindo na capital do seu estado para dar seguimento aos estudos.

Por volta dos 10 anos de idade, Alceu segue para o Recife onde sofre o impacto (positivamente falando) da cultura urbana de uma grande cidade. É no Recife que nomes como Orlando Silva e Dalva de Oliveira começa a ocupar espaço entre as predileções do jovem, somando-se a estes, outros nomes como Little Richard e Ray Charles. Esse contato com o rock and roll mostra-se também impactante na sonoridade do artista anos depois como se pode observar em suas mais distintas composições. Tendo por objetivo na capital pernambucana dar continuidade aos estudos, forma-se em Direito no Recife, em 1969, mas já envolto com a música acaba por desistir da carreira jurídica assim como também da carreira de jornalista (para quem não sabe, Alceu trabalhou como correspondente do Jornal do Brasil). Pode-se dizer que a sua carreira artística teve início em 1968  apresentando-se no show "Erosão: a cor e o som", com a banda Underground Tamarineira Village, que depois transformou-se na Ave Sangria. Foi a partir daí que participou de festivais como o III Festival Universitário de Música Popular Brasileira (onde concorreu com a canção "Manhã de clorofila" e que tirou o segundo lugar). Inconformado com a decisão do júri, devolveu o troféu. Assim como Geraldo Azevedo anos antes, Alceu decide seguir para o Sudeste o afim de dar continuidade a carreira artística e buscar alcançar o merecido reconhecimento. Em 1971, vai para o Rio de Janeiro estimulado por Geraldinho e por lá começa a participar de outros festivais universitários, como o da TV Tupi por exemplo. Outras participações se deram a partir do V Festival Internacional da Canção com as músicas "Fiat Luz baby", "Erosão" e "Desafio Linda"; o IV Festival Universitário da Música Brasileira, no Rio, onde participou com as composições "Água clara", "78 rotações" e "Planetário", todas em parceria com Geraldo Azevedo e que faria parte do primeiro projeto fonográfico da dupla.

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