sábado, 26 de março de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA

Por Joaquim Macedo Junior



TATUÍ – ‘A CAPITAL DA MÚSICA’ – CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO E MUSICAL – PARTE 03


Cartaz do Torneio de Cururu, do Conservatório de Tatuí


Das manifestações culturais, apresentadas pela professora Débora Ribeiro, a que mais me chamou a atenção foi o “Cururu”.

Não que, na oportunidade, tivesse a sorte de presenciar algum torneio ou mesmo qualquer apresentação da referida manifestação. Mas é que depois que a professora de ‘Performance Histórica do Conservatório Dramático e Musical’ me falou, fiquei encantado e fui atrás do assunto. Fazendo, então, breve, mas intensa pesquisa sobre o assunto. Além da beleza e originalidade do Cururu em si, achei, algumas parecências com os repentes, emboladas e toadas do Nordeste. A me provar, quem sabe, que, atrás dessa imensidão territorial, essa pletora de manifestações culturais e as prosódias que tanto embelezam e dão melodias regionais aos quatro cantos deste Brasil, exista uma unidade. Do vaneirão ao baião, do coco ao samba, do cururu à toada.

O que é o Cururu? Trata-se de ritmo musical bastante utilizado na música caipira. Cururu é o repente, um combate poético, um desafio em trovas ao som de violas caipiras. Nasceu como canto religioso, marcado pela batida de pé.

Como coreografia, o Cururu é uma dança regional típica do Centro-Oeste (Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), mas originária de São Paulo.

Também pode ser somente cantada, com dois violeiros a disputar versos e repentes. No Centro-Oeste é típica das festas dos santos padroeiros, principalmente do Divino Espírito Santo e de São Benedito.

Há várias hipóteses para a origem do cururu. Alguns pesquisadores afirmam que é uma dança de origem tupi-guarani, de função ritualística. Outros a consideram uma dança que recebeu igual influência do misticismo indígena, dos ofícios jesuítas e dos negros africanos.

Inicialmente como dança de roda e usada pelos jesuítas na catequese, foi evoluindo para dança de festa religiosa e atualmente pode ser só cantada, em versos e desafios.


Profª Débora Ribeiro (de bolsa branca, ao centro) explicando ao músico Zeca Macedo e acompanhantes sobre atividades do Conservatório, da música erudita à popular, como o “Cururu”


O cururu só ficou nacionalmente conhecido quando foi levado como espetáculo ao público, por Cornélio Pires, em 1910. Hoje, como outras tradições folclóricas, está deixando de ser passada para as novas gerações.

A origem do nome também é controversa. Há duas teorias: uma, que diz que vem de “caruru”, uma planta que era cozida com o feijão servido antes do início das orações e da dança; e outra que remete a origem ao sapo-cururu.

No cururu, são usados a viola-de-cocho, o reco-reco e o ganzá. Nos desafios, cada violeiro enfrenta o outro, como um repentista. O tempo é marcado pela viola e pelo público, que acompanha cada verso e resposta.

Nas festas religiosas, o cururu é cantado e dançado somente pelos homens. O ponto alto da apresentação é o momento em que o Divino “pousa”, quando o cururueiro (ou canturião) canta e saúda a sua chegada.


Nesse momento, ele deve mostrar sua habilidade em citar versos bíblicos e a partir deles criar histórias cujo rumo ele determinará, como uma narrativa. Entretanto, hoje os temas são mais livres, podendo incluir conteúdo político, social e até esportivo.


Festival de Cururu de Tatuí – 2009:


Algumas músicas com o ritmo do Cururu:
Amor em Segredo (Claudionor – Nicanor)
Campeão Piracicabano (Teddy Vieira – Ado Benatti)
Canoeiro (Zé Carreiro – Alocin)
Facão de Penacho (Piraci – Lourival dos Santos)
O Menino da Porteira (Teddy Vieira – Luizinho)
Peito Sadio (Raul Torres)
Pirangueiro (Zé Carreiro)
Sapo Cururu (Braz da Viola)

A origem do nome também é controversa. Há duas teorias: uma, que diz que vem de “caruru”, uma planta que era cozida com o feijão servido antes do início das orações e da dança; e outra que remete a origem ao sapo-cururu.

Antes de encerrar esta pequena série, deixarei aqui algumas informações gerais sobre o município, como população, área e outros dados.


Tatuí

Localiza-se na Mesorregião de Itapetininga e na Região Metropolitana de Sorocaba. Fundada em 11 de agosto de 1826, foi elevada a município em 20 de setembro de 1861.

Antes dessa data, pertencia a Itapetininga. Tatuí está incluída no projeto de criação pelo Governo do Estado da Região Metropolitana de Sorocaba.

Distante 131 km da capital, está a uma altitude de 645 metros. Sua população estimada em 2010 era de 115 mil habitantes. Possui área de 525,44 km².

Reconhecida como “Capital da Música” por lei estadual, possui o Conservatório Dramático e Musical Doutor “Carlos de Campos” – o Conservatório de Tatuí – a maior escola de música da América Latina e a mais tradicional do Brasil.

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