Governador Paulo Câmara também divulgou nota sobre o percussionista.
Amigos do artista começam a chegar no Hospital da Unimed III
Por Thays Estarque
Naná Vasconcelos faleceu na manhã desta quarta
no Recife(Foto: João Rogério Filho/Divulgação)
O governador Paulo Câmara decretou luto de três dias pela morte do percussionista pernambucano Naná Vasconcelos. O artista que faleceu na manhã desta quarta-feira em decorrência de complicações de um câncer de pulmão, no Hospital Unimed III, onde estava internado desde o último dia 29. A morte do artista pernambucano foi confirmada no início da manhã. Segundo informações da assessoria da unidade de saúde, Naná teve uma parada respiratória, passou por um procedimento, mas não resistiu e faleceu às 7h39.
O velório do percussionista acontece às 14h na Assembleia Legislativa de Pernambuco. O corpo já deixou o hospital em direção à sede do Poder Legislativo, na Rua da Aurora, área central do Recife. O enterro será nesta quinta-feira (10), no Cemitério de Santo Amaro, também na área central.
Além do decreto, o chefe do Executivo estadual divulgou nota falando sobre o artista. "Pernambuco acordou triste. O silêncio causado pelo desaparecimento de Naná Vasconcelos em nada combina com a força da sua música, dos ritmos brasileiros que ele, como poucos, conseguiu levar a todos os continentes. Naná era um gênio, um autodidata que com sua percussão inventiva e contagiante conquistou as ruas, os teatros, as academias. Meus sentimentos e a minha solidariedade para com os seus familiares”, diz o texto.
Amigos e familiares do percussionista Naná Vasconcelos começaram a chegar ao Hospital Unimed III. Companheiro de Naná há mais de 20 anos e membro da equipe, o contrarregra Edelvan Barreto, 54 anos, conta que sentiu um aperto no coração quando acordou nessa manhã. "Como eu tinha uma ligação muito forte com ele, senti no meu coração a partida dele. Resolvi vir direto para cá [hospital] e descobri que ele tinha descansado", retrata com voz embargada.
Para Edelvan, que se diz um anjo da guarda do percussionista, Naná deixará um legado de humildade, trabalho humanitário e cultura para o Brasil. "Era um amigo, um irmão. Tínhamos um carinho um com o outro, uma afinidade grande. A lembrança que fica é a mais bela possível. Ele era diferente de todos, um querido e gênio da música", completou o amigo de longa data.
Compositor há 32 anos, Gildo Brasáfrica, 45, tem em Naná um modelo a ser seguido como pessoa e ícone musical. Com arranjos de Ademir Araújo, no dia 9 de fevereiro, ele apresentou uma composição homenageando o percussionista. "Naná ainda vai mover a vida de muito músico por aí. O legado dele será infinito", acredita. O nome da música é "Naná mais de Orixalá".
Edelvan Barreto, amigo pessoal de Naná Vasconcelos, lamenta morte do artista (Foto: Thays Estarque/G1)
Mestre do Maracatu Porto Rico, mestre Chacon Viana, 46 anos, estava com Naná havia 17. Ele esteve presente na concepção do projeto da abertura oficial do carnaval do Recife. Guerreiro que foi, Naná não deixou a música e o projeto de lado em momento algum durante a luta contra o câncer. "Ele dividia o tempo entre os ensaios e as sessões de quimioterapia. Essa era uma virtude que ele tinha, a superação. Mesmo com toda dificuldade ele não parava de trabalhar. O legado que ele deixa é nunca desistir e acreditar sempre que tudo é capaz", relembra o mestre.
De acordo com o amigo e porta voz da família, André Brasileiro, Naná estava respirando com dificuldade na terça-feira (8), mas que, mesmo assim, conseguiu compor músicas com os amigos e músicos Gil Jardim e Egberto Gismonti. "Falava com dificuldade, mas fazia as batidas com a mão na perna. Ele estava alegre", recorda André.
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