terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

HOMENAGEADOS DO CARNAVAL DO RECIFE 2016




Maestro Forró


Maestro Forró. Foto: Andrea Rego Barros

Unir o erudito e o popular. Assim pode-se traduzir o objetivo que norteia os trabalhos de Francisco Amâncio da Silva – o Maestro Forró. O músico, compositor e arranjador, fundador da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, já foi agraciado com dois títulos culturais importantes do Estado e do País: a medalha Leão do Norte (2011) e a Ordem do Mérito Cultural (2012), respectivamente. Este ano, sua contribuição para a cultura será reconhecida pelos recifenses. É que o Maestro Forró será um dos homenageados do Carnaval do Recife 2016.

Histórico – Aos cinco anos, Forró começou a se apresentar tocando zabumba ao lado do pai, Zé Amâncio do Coco. O patriarca é natural de Aliança e, apesar de ter se tornado a maior referência em Coco de Roda da Bomba do Hemetério, carrega em seu universo referências de diversos ritmos populares. “É uma das influências mais fortes em minha formação. Meu pai trouxe toda a diversidade cultural da Zona da Mata, com seus maracatus, cirandas, cavalos marinhos e afins”, lembra Forró. Nas ruas da Bomba do Hemetério ele via os ensaios e desfiles dos maracatus Nação Elefante e Leão Coroado, além das apresentações da Tribo Canindé (caboclinho), do Reisado Imperial e outros grupos populares.

Paralelamente, veio o primeiro contato com a música erudita: o irmão mais velho, Givanildo Amâncio (Maestro Gil), tornou-se pianista. Forró teve as primeiras aulas da linguagem acadêmica musical no Colégio Dom Vital, em Casa Amarela, onde fazia parte da banda de música. Nesta época surgiu o apelido “Forró”. Ele continuou seus estudos no fim dos anos 1980, ao ingressar no Centro Profissionalizante de Criatividade Musical do Recife e depois na Universidade Federal da Paraíba (1993), onde se especializou em trompete com Naílson de Almeida Simões. A formação foi complementada por cursos com o americano Charles Schlueter (à época trompetista da Sinfônica de Boston) e com os maestros Manoel Carvalho, João Batista Gonçalves e o célebre François Carry.

Antes mesmo da Orquestra Popular da Bomba do Hemetério – seu trabalho mais famoso – o Maestro Forró já percorria diversos países como diretor musical, arranjador, compositor, ator e músico em inúmeros projetos. Um exemplo é o trabalho desenvolvido por ele no Maracatu Nação Pernambuco em turnês por Pernambuco, Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Fortaleza, Salvador) e por outros países (França, Inglaterra, China, Suíça, e Estados Unidos). Entre suas melhores recordações, está a participação como músico/instrumentista e arranjador do espetáculo teatral “A Comédia do Amor”, no 17° Festival Nacional de Teatro de São José do Rio Preto (1997); e seu trabalho no espetáculo teatral “Auto da Compadecida”, durante oito anos (1996 a 2003). Ambos foram dirigidos por Marco Camarotti.

Parcerias – Um dos destaques na carreira do Maestro Forró são as parcerias feitas durante suas andanças pelo mundo. Músicos como Hermeto Pascoal, RemberEgues (cubano) e OkayTemiz (turco) já dividiram palco com ele graças a projetos como o Andante – programa atualmente exibido na Rede Globo que estabelece elos entre as culturas do Brasil e a de países do exterior – e convites como o do prestigiado Festival del Caribe (2015), que ocorre em Cuba e é uma das festas mais significativas da América Central; ou ainda a Mostra Internacional de Música de Olinda (Mimo), em 2009.


Maracatu Nação Porto Rico


O Maracatu Nação Porto Rico está em festa. A agremiação, que completa 100 anos em 2016, é uma das homenageadas do Carnaval do Recife.

Sua Rainha, figura de máximo respeito no Maracatu, a Yalorixá Dona Elda, não esconde a expectativa. Há mais de 30 anos no comando da agremiação, comemora: “estou muito feliz, e cheia de vontade de desfilar, não vejo a hora de chegar o carnaval”.

Maracatu Nação Porto Rico. Foto: Lú Streithorst

Ao longo desses 100 anos, o grupo passou por momentos de dificuldade. Devido à falta de incentivo e a forte repressão imposta às festas populares no país nos anos 50, o maracatu quase foi extinto. Ressurgiu na década seguinte sob a tutela de Zé Ferida, no bairro de Água Fria.

No final dos anos 70, com ações de fortalecimento do Movimento Negro, aos poucos as manifestações afrodescendentes foram ocupando mais espaços, e os maracatus de baque virado voltaram às ruas encantando o público com sua corte.

Para os expectadores, a evolução de um maracatu durante o carnaval pode ser simplesmente uma apresentação artística. Mas, para quem faz parte de uma nação o desfile é, também, um ritual.

A forte ligação religiosa é simbolizada pela Rainha, quase sempre Yalorixá, e por suas Kalungas, bonecas que representam a ancestralidade. Em reverência às divindades, o momento é de festejar e exaltar os Orixás.

Quando chega o carnaval, os tambores ecoam anunciando o cortejo e a Corte Real entra na avenida com toda a sua exuberância. Em 2016, o Maracatu Nação Porto Rico comemora 100 anos de resistência e beleza.

A depender do amor e orgulho dos seus filhos, seu canto jamais será silenciado. Axé!


Clube Carnavalesco Misto Pão Duro

Foi fundado em 16 de março de 1916, a partir da brincadeira de um grupo de rapazes que aproveitavam a praia do Pina. Sentindo fome, saíram à procura de comida na padaria do bairro, mas lá só encontraram pão velho e duro. Sem opção, compraram o pão e saíram comendo. Um dos rapazes, fazendo graça, colocou um pão numa vara e saiu pulando e cantando pela rua. Foi aí que surgiu a ideia de criar a Troça Carnavalesca Pão Duro.

Clube Carnavalesco Misto Pão Duro. Fotos: Antônio Tenório

Em 1917 a agremiação saiu pela primeira vez com um estandarte de lona pintado nas cores vermelha e verde, tendo ao centro um emblema com escudo de armas de Pernambuco e dois anjos ladeando um Pão. Foi em outubro de 1993 que a troça passou para a categoria de Clube Carnavalesco, arrastando cerca de 100 pessoas. A primeira sede do clube funcionou no bairro do Cabanga, mas atualmente se encontra no bairro de São José. A agremiação tem composições próprias, como a Marcha nº 1 Fogão e sua marcha regresso A chave e um segredo, ambas compostas por José de Barros.

Atualmente, o presidente do CCM Pão Duro é José Levino Xavier dos Santos, de 80 anos, que há cerca de 30 está à frente da agremiação. Por causa das dificuldades financeiras de muitos dos integrantes, nos últimos anos coube a Seu Levino o desafio de bancar todas as vestimentas e adereços que compõem as alegorias do desfile do Clube Pão Duro.

No Carnaval 2016, quando a agremiação será homenageada e conhecida de todo o público que virá brincar no Recife, Seu Levino terá o desafio de fazer o desfile mais bonito da sua história. “Vou fazer o que posso para levar o Pão Duro com garra para o Carnaval. É difícil alguém, pobre como eu, chegar a essa posição, que é uma grande posição, a de ser homenageado. Estou muito feliz”, fala, com um sorriso no rosto.


Fonte: Prefeitura da cidade do Recife

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