terça-feira, 10 de maio de 2016

DEPOIS DE 17 ANOS, NOVOS BAIANOS SE REÚNE NA FESTA DE ABERTURA DA CONCHA DO TCA

Estarão no palco, além de Paulinho, Moraes Moreira, Baby do Brasil, Pepeu Gomes e Dadi, todos da formação original

Por Roberto Midlej 



Segundo Paulinho Boca de Cantor, 69 anos, os Novos Baianos, no auge do sucesso da banda, nos anos 70, chegaram a levar oito mil pessoas à Concha Acústica do TCA, onde, oficialmente, cabiam seis mil. “Era como o Maracanã, onde diziam que cabiam 130 ou 140 mil, mas chegaram a botar 200 mil pessoas”, brinca o cantor. No show do dia 15, que marca a série de eventos que celebram a reabertura da Concha, os Novos Baianos não levarão oito mil pessoas, já que o controle hoje é mais rigoroso.

Mas, a julgar pela procura de ingressos, que se esgotaram em apenas duas horas, a euforia em torno da banda será a mesma. Cultuados principalmente por causa do disco Acabou Chorare (apontado pela revista Rolling Stone como o maior álbum brasileiro de todos os tempos), os Novos Baianos não se apresentam juntos há aproximadamente 20 anos e se reuniram especialmente para a ocasião.


Estarão no palco, além de Paulinho, Moraes Moreira, Baby do Brasil, Pepeu Gomes e Dadi, todos da formação original, o poeta Galvão, letrista da trupe, vai participar recitando algumas poesias novas e antigas de sua autoria. O repertório da apresentação será concentrado no Acabou Chorare, com clássicos como a canção homônima ao álbum, além de Mistério do Planeta e A Menina Dança.

Haverá também uma homenagem a João Gilberto, espécie de padrinho dos Novos Baianos. “Nosso som tem muito rock’n’roll também, mas a nossa brasilidade musical existe graças a João Gilberto. Ele que nos mostrou canções fundamentais pela primeira vez, como Brasil Pandeiro, de Assis Valente”, diz Paulinho.


Lembranças

Baby do Brasil, 63, reconhece que tem ligações afetivas com a Concha Acústica: “Fizemos grandes shows ali! E foi ali também que amamentei, entre uma música e outra, alguns filhos. E essa é uma recordação muito linda para mim!”.

Paulinho diz que os Novos Baianos foram para o Rio de Janeiro em 1969, mas continuaram a se apresentar com frequência no palco onde estarão novamente no dia 15: “Nossos shows na Concha, principalmente nos verões, eram ‘sagrados’”. O cantor recorda-se que a banda trazia, do Rio, seu próprio equipamento para aquelas apresentações: “Em 1976, aproveitamos e levamos aquele equipamento para um trio elétrico. Aquilo mudou o Carnaval baiano, porque antes, nos trio, tocavam apenas bandas instrumentais”.

Para Paulinho, a Concha tem um “astral” diferente, mas ele não sabe explicar a razão. “Todos os artistas adoram tocar ali, porque tem uma energia diferente. Uma vez vi João Gilberto, num show na Concha, dizer ‘ah, isso aqui tá tão bom que, se eu pudesse, montava uma cabaninha e vinha morar aqui’”, diverte-se Paulinho.

O músico diz que, quando recebeu o convite da Secretaria de Cultura do Estado para reunir os Novos Baianos, há cerca de seis meses, pensou que Baby poderia fazer a ponte entre os integrantes e convencê-los: “Ela é muito perseverante e, como mora no Rio, poderia fazer a ponte com Moraes e Pepeu. Além disso, tinha se apresentado com Pepeu no Rock in Rio, em setembro do ano passado”.

Baby fala sobre a última vez que os integrantes se juntaram: “Nosso último encontro havia sido na gravação do CD Infinito Circular (de 1999). Nesses preparativos para a Concha, temos nos encontrado para ensaios que chamamos carinhosamente de ‘ensaios espirituais’, com um jantar gostoso no final e muitas risadas e lembranças de momentos inesquecíveis”.

A princípio, todos logo aceitaram fazer o novo show, com exceção de Moraes, que manteve-se resistente por um tempo, como lembra Paulinho: “Ele tinha receio porque não queria que parecesse um negócio só pra ganhar dinheiro. Por isso, fizemos questão de reunir a turma original”.

E outras cidades também verão a histórica reunião, segundo Baby: “Será impossível conter essa alegria geral! Faremos mais shows para uma temporada de retribuição a todos por nos acompanhar e prestigiar todos esses anos”. Enquanto isso, os fãs baianos esperam por uma segunda apresentação. “Temos um compromisso com os fãs e vamos fazer mais um show em Salvador. Mas ainda não sabemos quando”, diz Paulinho.

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