quinta-feira, 19 de maio de 2016

70 ANOS SEM CATULO DA PAIXÃO CEARENSE

Por Semira Adler Vainsencher



No dia 8 de outubro de 1863, em São Luís, Estado do Maranhão, nascia Catullo da Paixão Cearense. Os seus pais eram Maria Celestina Braga da Paixão e Amâncio José da Paixão Cearense, um ourives. Catullo tinha mais dois irmãos: Gil e Gerson. Quando ele tinha dez anos, os seus familiares se mudaram para o sertão do Ceará e, sete anos depois (em 1880), eles foram morar na rua São Clemente, número 37, em Botafogo, no Estado do Rio de Janeiro.

Catullo estudou no Colégio Teles de Meneses onde, entre outras disciplinas, aprendeu profundamente a língua francesa. Chegou a traduzir para o português as obras de diversos poetas de renome internacional e, em 1885, foi residir na casa do senador do Império Silveira Martins, para poder ensinar português aos filhos desse político.

Estudioso que era, o jovem Catullo também fundou um colégio no bairro da Piedade, Estado do Rio, passando a lecionar diversas línguas.

Pelo fato de possuir muita força física, o rapaz conseguiu um trabalho como estivador no cais do porto do Rio. Nas horas vagas, Catullo estudava música e chegou a tocar dois instrumentos: flauta de cinco chaves e violão.

Durante as noites, freqüentava repúblicas de estudantes, tendo como companheiros de boemia e de chorinhos o compositor Calado, o flautista Viriato, o regente e compositor Anacleto de Medeiros, além de Albano, Quincas Laranjeira e o cantor Cadete.

Catullo começou juntando as letras de uma série de músicas e canções e publicando-as através da Livraria do Povo. Posteriormente, passou a publicar, também, os seus trabalhos, a exemplo de O cantor fluminense, Lira dos salões, Novos cantares, Lira brasileira, Canções da madrugada, Trovas e canções e Choros ao violão. Ele era conhecido como "vate sertanejo".

As principais músicas compostas por Catullo foram as seguintes:

Flor amorosa (em parceria com Antônio Callado - 1880)
Luar do sertão (com João Pernambuco - 1914)
Ontem ao luar (com Pedro Alcântara, em 1907, e letra em 1913)
Por um beijo (com Anacleto de Medeiros -1906)
Rasga o coração (com Anacleto de Medeiros -1887)
Talento e formosura (com Edmundo Octávio Ferreira -1904)

Catullo escreveu 15 livros de poesias, dentre os quais se encontram: Meu sertão (em 1918), Sertão em flor (em 1919), Poemas bravios (em 1921), Mata iluminada e Aos pescadores (em 1923), Meu Brasil, Um boêmio no céu e Alma do sertão (em 1928), e Poemas escolhidos (em 1944).

Como o poeta também era músico, ele costumava adaptar as suas poesias às canções de compositores famosos como Chiquinha Gonzaga, Anacleto de Medeiros, João Pernambuco, Pedro Alcântara, Antônio Callado, e nas vozes de Cadete, Vicente Celestino, Mário Pinheiro, Eduardo das Neves, entre outros. Neste sentido, os seus trabalhos conseguiam ser divulgados e ele adquiria bastante popularidade e fama.

No dia 10 de maio de 1946, aos 83 anos de idade, o célebre poeta popular, violinista, compositor, teatrólogo e cantor Catullo da Paixão Cearense veio falecer no Rio de Janeiro. O ilustre nordestino, contudo, já tinha se tornado em vida um imortal. Pelo menos através de sua música Luar do sertão, que todos os brasileiros continuam cantando em noites de luar:

Oh, que saudade
do luar da minha terra
lá na serra
branquejando folhas secas
pelo chão!
Este luar, cá da cidade
tão escuro,
Não tem aquela saudade
do luar
lá do sertão.

Estribilho

Não há
oh gente,
oh não,
luar
como esse
do sertão. (bis)

Se a lua nasce
por detrás da verde mata,
mais parece
um sol de prata
prateando a solidão!
E a gente pega na viola
que ponteia
e a canção
é a lua cheia
a nos nascer
do coração! ...

(...)


Fonte: fundaj

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