domingo, 3 de setembro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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A música popular brasileira sempre buscou destacar compositores do gênero masculino,  talvez por haver uma quantidade maior desse gênero entre aqueles grandes nomes que construíram a história da MPB. No entanto é preciso destacar que as mulheres também tem o seu significativo papel entre os grandes compositores da nossa música desde os primórdios da indústria fonográfica nacional. É certo que há nomes de nomes de pouco destaque, mas desde o início do século XX que a mulher vem escrevendo o seu capítulo dentro da MPB a partir de figuras pontuais que se destacaram por seu talento e outras características. O primeiro caso (ao menos de expressão nacional) foi a compositora e maestrina carioca Chiquinha Gonzaga (1847-1935) que destacou-se ainda no século XIX na história da cultura brasileira a partir do seu trabalho musical assim como também por sua luta pelas liberdades no país. Pioneira, Chiquinha literalmente abriu alas para outras tantas que viria também: Maysa e suas canções de "dor de cotovelo", Dolores Duran e suas profundas letras (apesar da pouca idade), Dora Lopes e toda uma gama de cantoras e compositoras que surgiram nas décadas seguintes, em particular a década de 1970, que trouxe consigo as últimas compositoras de relevância nacional como é o caso de artistas como Angela Ro Ro, Sueli Costa, Isolda, entre outras como é o caso da artista em destaque na coluna de hoje: Fátima Guedes, que em 1973, concorreu no Festival de Música da Faculdade Hélio Alonso, classificando-se em 1º lugar com sua canção "Passional". Esta mesma música estaria presente seis anos depois em seu disco de estreia cujo título é homônimo ao seu nome e que traz também "Onze fitas", trilha sonora composta para o teatro e que à época chegou a ser gravada por Elis Regina.

Por falar em Elis Regina, a intérprete também chegou a gravar outra canção de autoria de Fátima, "Meninas da cidade". que além de constar em sua discografia fez parte do show "Transversal do tempo", um dos mais exitosos da saudosa cantora. Criada na zona norte do Rio de Janeiro, começou a compor aos 15 anos e desde muito jovem traz em suas letras e canções uma visceralidade incomum para quem tão pouco viveu. Como já dito, o seu primeiro álbum foi lançado em 1979 e, no ano seguinte, chega às lojas o segundo disco "Fátima Guedes" com canções que merecem destaque e que até hoje permanecem como músicas imprescindíveis em suas apresentações: "Condenados", "Cheiro de mato" e "Mais uma boca". Em 1981, lançou "Lápis de cor", LP que alcançou sucesso da crítica especializada. Dois anos depois, com destaque para a canção "Absinto", gravou o LP "Muito prazer". Os discos seguintes foram "Sétima arte" (1985), "Coração de louca" (1989), "Pra bom entendedor" (1993), "Grande tempo" (1995). "Muito intensa" (1999), "Luzes da mesma luz" (lançado em 2001 em parceria com o instrumentista e compositor Eduardo Gudin). Este projeto em parceria com Gudin foi seu primeiro trabalho como intérprete ao dar voz as obras do compositor, que assina todos os arranjos orquestrais do disco e atua ao violão, acompanhado de Lito Robledo (baixo) e Toninho Pinheiro (bateria). Seu disco seguinte também atuou de intérprete ao gravar em 2006, o CD "Outros Tons", registrando canções pré-bossa nova de Tom Jobim. Em 2011 a gravadora Jóia Moderna estava se preparando para lançar o Cd "Alaíde Costa e Fátima Guedes Ao Vivo", mas por problemas técnicos o projeto foi suspenso, tendo sido prensadas apenas mil cópias do CD, que tornou-se uma raridade. Atualmente vem apresentando nos palcos do país o seu mais recente trabalho intitulado "Transparente", disco lançado em 2015. Como compositora, Fátima Guedes tem canções gravadas por grandes nomes da MPB, principalmente cantoras, como Elis Regina, Nana Caymmi, Maria Bethânia, Wanderléa, Zizi Possi, Joanna, Simone, Alcione, Mônica Salmaso, Ney Matogrosso, Alaíde Costa, Leny Andrade, Jane Duboc, Elba Ramalho, Claudette Soares, Beth Carvalho, Leila Pinheiro, Verônica Sabino, Emílio Santiago, Vânia Bastos, e outros.

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