A música feita na região norte do nosso país nunca teve grandes representantes dentro da música popular brasileira. Conta-se nos dedos os nomes que se destacaram dentro da MPB advindos dessa região. Nacionalmente falando, o último nome de relevância que lembro, foi da banda Carrapicho, nos idos anos de 1990 com sucessos como "Tic tic tac", que fazia a festa das emissoras de televisão em seus programas dominicais tocand0-a exaustivamente. Hoje ao pesquisar materiais para escrever esta coluna, me deparei com a artista que destaco: Olga Praguer Coelho, que teve a sua iniciação musical foi feita pela mãe ainda em Manaus. Apesar de ter nascido em Manaus a família de Olga era meio que nômade, e quando a futura cantora estava com onze anos os seus pais mudaram-se para a capital da Bahia, Salvador por um curto período, pois em 1923 eles mudaram-se novamente estabelecendo-se dessa vez na então capital federal, o Rio de Janeiro. Morando em num casarão situado na Rua das Laranjeiras foi por lá que surgiu em definitivo o seu interesse pela música. Ciente desse interesse os pais a incentivaram a partir de aulas de violão com o cantor e violonista Patrício Teixeira. Em 1928 Patrício Teixeira a levou para a Rádio Clube do Brasil. No ano seguinte, realizou sua primeira gravação para a Odeon, registrando a embolada "A mosca na moça", de motivo popular e o samba do norte "Sá querida", de Celeste Leal Borges. Nessas gravações foi acompanhada pelos violões de Patrício Teixeira e Rogério Guimarães. Ainda em 1929, passou a estudar sob a orientação do compositor Lorenzo Fernandez, com quem teve aulas de teoria, harmonia e composição. Pelo o que se vê a pretensa artista mostrava interesse em ser uma artista completa buscando conhecimento até do instrumento.
Em 1932, ingressou no Instituto Nacional de Música, estudando sob a orientação de Lorenzo Fernandez. Concluiu o curso rapidamente, diplomando-se no ano seguinte. Passou então a tomar aulas de canto com Riva Pasternak e Gabriella Bezansoni. Em 1930, lançou mais três discos pela Odeon dos quais se destacam os motivos populares "Puntinho branco", "Morena" e a canção "Vestidinho novo". Em 1935, assinou contrato de exclusividade com a Rádio Tupi do Rio de Janeiro e São Paulo. No mesmo ano, apresentou-se em Buenos Aires na Argentina, quando da visita do Presidente Vargas aquele país. No ano seguinte, gravou 7 discos na Victor (14 músicas), entre as quais adaptações de canções tradicionais. Gravou ainda com Pedro Vargas o lamento "Canto de expatriação" e o acalanto "Boi, boi, boi", de motivo popular com adaptação de Georgina Erisman. Ainda no mesmo ano, foi indicada pelo governo Vargas como Embaixatriz do Brasil no Congresso Internacional de Folclore realizado em Berlim na Alemanha. Em 1938, lançou mais um disco na Victor, só voltando a gravar outro 78 RPM quatro anos depois, quando em 1942 gravou na Victor o coco "Meu limão meu limoeiro", do folclore brasileiro e a modinha "Quando meu peito...", de domínio público. Em 1944, conheceu o violonista espanhol Andres Segovia (1893-1987) com quem passou a viver. Segovia lhe dedicou várias transcrições e arranjos para canto e violão. Passou desde então a residir em Nova York e empreendeu uma vitoriosa carreira artística internacional, só voltando ao Brasil esporadicamente e chegando a lançar ainda dois discos na década de 1950. Uma curiosidade sobre Olga se dá através das composições feitas para sua interpretação. Vários compositores lhe dedicaram obras e transcrições para voz e violão, destacando-se no conjunto dessas a da famosa "Bachianas nº 5" de Villa Lobos (original para oito violoncelos), feita especialmente para ela, que contava com o apoio da esposa de Villa Lobos, Dª Mindinha, para convencê-lo a tal empreendimento.
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