quarta-feira, 13 de setembro de 2017

UNIVERSAL MUSIC REEDITANDO RARIDADES DA MPB EM FORMATO DIGITAL

Por José Teles


Um raro Dorival Caymmi, no pacote digital da Universal Music


A Universal Music está relançando, em pacotes semanais, seu valioso e imenso catálogo de MPB, e outros gêneros afins, sem deixar de fora o pagode dos anos 90, e duplas sertanejas que afastaram o gênero da rota caipira (de João Mineiro & Marciano reeditaram três álbuns). Relançam, porém, apenas nas plataformas digitais, confirmando o inevitável fim do CD.

Na última leva, arremessada no final da semana, mandou ver diversas preciosidades, cujas versões em vinil têm preços estratosféricos nos sebos. Uma destas, é Eu Vou P’ra Maracangalha, de Dorival Caymmi, álbum lançado pela Odeon, há 60 anos. Um dos melhores discos de sambas do baiano, senão o melhor, começando pela faixa que lhe dá título, e indo por Saudade da Bahia, Samba da Minha Terra, Vatapá, Acontece que Eu Sou Baiano, entre outras.

No setor de raridades, disponibilizam Elis Regina e Zimbo Trio – O Fino do Fino, disco de 1965, primeiro álbum de Elis na Phillips, também primeiro de música popular brasileira da cantora (o álbum anterior estava ainda na CBS, mais uma mistureba de boleros, calipsos, e versões de standards americanos). Elis e o Zimbo Trio foram registrados no palco do programam da TV Record, O Fino (depois O Fino da Bossa), com um repertório da nascente MPB, com ênfase para a música de Edu Lobo (com quatro faixas entre as 12 do álbum).


Monolito negro da MPB é o único LP do Quarteto Novo, de 1967. O disco, que já recebeu versão em CD, com faixas extras, é reposto no ano em que completa meio século de lançado. Uma banda que está por merecer uma reunião. O QN foi o supergrupo brasileiro dos anos 60, formado por quatro virtuosos, tanto no instrumento, quanto na composição: Airto Moreira, Théo de Barros, Hermeto Pascoal e Heraldo do Monte. Disco fundamental na MPB.

Os relançamento contemplam até o movimento armorial, cujos discos estão todos fora de catálogo. Deles, foi reposto Sete Flechas (1980), do Quinteto Armorial. Uma das faixas, Martelo Agalopado, é parceria de Ariano Suassuna com Antonio Nóbrega. Um pacote que traz ainda o MPB-4 (Caminhos Livres, de 1983), Emílio Santiago (Retrato, 2001), ou uma coletânea de Clementina de Jesus (Rainha Quelé).

A Universal reedita até a axé descartável de Jheremias Não Bate Corner (Ouvindo o Jheremias), e o Grupo Cafuné (da esquecida Melô do Pirulito). Lançamentos mais que oportunos numa época em que rádio e TV, com as exceções de praxe, se pauta pelo imediatismo, tocando o mais novo produto de ocasião que produtores lhes impõem, esnobando um dos mais ricos patrimônios da cultura universal, a música popular brasileira.

Confiram Dorival Caymmi no áudio de Maracangalha:

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