domingo, 17 de setembro de 2017
HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB
Falar de Francisco Alves (ou Chico Viola) é trazer para esta coluna um dos nomes mais expressivos da música popular brasileira. Sem sombra de dúvidas a sua história dentro da MPB é de significativa relevância e isso, em qualquer país sério e comprometido com a sua cultura, já era motivo para o colocar no panteão dos grandes nomes da música, no entanto, infelizmente, nosso país e os responsáveis por sua cultura, pensam diferente. O apelido Chico foi ganho desde cedo, e o acompanhou por toda a vida. Antes de falar de sua carreira artística, gostaria de abordar um pouco de sua biografia. Filho de um imigrante português, Francisco Alves passou por poucas e boas... antes da fama perdeu um irmão vítima da epidemia de gripe espanhola. Por falar em irmãos, foi Ângela, a sua irmã mais velha, quem o presenteou com seu primeiro instrumento musical: uma guitarra. Começou a trabalhar cedo, como engraxate na Rua Evaristo da Veiga, para onde a família se mudou com dificuldades financeiras. Por essa época, costumava acompanhar os ensaios da banda de música do batalhão da Polícia Militar situado na mesma rua onde morava. Em 1920 casou-se com Perpétua Guerra Tutóia, a quem conhecera num cabaré na Lapa. No entanto, pouco tempo depois conheceu a atriz Célia Zenatti, com quem viria a se casar e viver por 28 anos. Alguns contemporâneos seus louvam seu coleguismo, sua solidariedade, seu fraternalismo. Outros relembram-no como sujeito cheio de empáfia, mal-educado e egoísta. Sem contar que suas escolhas eram uma espécie de termômetro do bom-gosto musical da época. Dizia-se na época que os autores não gravados escondiam tal recusa, pois se outros cantores soubessem da negativa dele também não gravavam.
Quanto a sua carreira artística, ela teve início em 1918 cantando no Pavilhão do Méier e depois no Circo Spinelli. Por essa época conheceu numa festa o compositor Sinhô que o apresentou a João Gonzaga, filho de Chiquinha Gonzaga e que estava montando uma fábrica de discos. Em 1919 lançou pelo selo Popular seu primeiro disco interpretando de Sinhô a marcha carnavalesca "O pé de anjo" e o samba "Fala, meu louro", com o próprio Sinhô fazendo o ritmo e o côro. nesta época começa a envolver-se em definitivo com a música e se aproxima de nomes como Pixinguinha. Em 1921 conheceu o empresário José Segreto que o convidou a trabalhar no Teatro São José, em revistas musicais, interpretando sucessos de Vicente Celestino. Apesar de ter algumas gravações ao longo do início dos anos de 1920, foi a partir de 1927 com uma série gravações mecânicas na Odeon, interpretando diversas composições de Sinhô, dentre elas o samba "Ora vejam só" (grande sucesso do carnaval de 1927). Tornou-se o primeiro cantor brasileiro a gravar no novo sistema eletrônico na Odeon, lançando a marcha "Albertina" e o samba "Passarinho do má", ambas do dançarino e compositor Duque. Em 1928 gravou pela Odeon 62 discos, num total de mais de 120 músicas, um verdadeiro record. No ano seguinte gravou 51 discos, dentre estes registros encontram-se as canções alusivas ao então canditato à presidência da República Júlio Prestes, a marcha "Seu Julinho vem", de Freire Jr. e o samba "Eu ouço falar (Seu Julinho), de Sinhô, além de um samba de Cartola, "Que infeliz sorte". Francisco Alves termina esta década de 1920 como um dos mais expressivos nomes da música popular brasileira. Seu nome era referência de sucesso e qualquer projeto que levava a sua assinatura também.
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