Com 40 anos de carreira, o músico capixaba faz uma retrospectiva biográfica a partir de sua trajetória enquanto integrante de vários projetos musicais, assim como também instrumentista, compositor e intérprete em diversos projetos solo
Por Bruno Negromonte (com colaboração de Karina Sampaio)
Dando continuidade ao agradabilíssimo bate-papo já iniciado aqui mesmo em nosso espaço, hoje fechamos a abordagem à carreira deste artista que ao longo de 2017 completa quatro décadas de uma carreira dinâmica, que vem se renovando e substanciando-se a partir dos mais distintos projetos como, de certo modo, já foi mostrado na primeira parte de nossa conversa. Hoje, em nosso bate-papo o cantor, instrumentista e compositor relembra seus projetos duos (e nos diz o porquê de intervalos significativos entre eles), os projetos coletivos dos quais faz parte, a possibilidade da releitura de algum disco de sua carreira, as faixas que fazem parte de sua extra-discografia, o novo projeto fonográfico ao qual está fazendo parte ao lado do Edu Lobo, Dori Caymmi entre outros assuntos que podem ser conferido logo abaixo. Uma excelente leitura para todos!
Esse box vai sair sob produção do Marcelo Fróes novamente?
ZR – Isso... exatamente.
O pontapé inicial para os seus projetos em duo se deu com o
Cláudio Nucci em 1984. Daí 16 anos depois você vem com “Memorial” (com Wagner
Tiso) e, dez anos depois, “Papo de Passarim” (com Renato Braz). Você que se ver
envolto em tantos projetos musicais e fonográficos por que intervalos tão
longos em projetos registros de projetos neste formato?
ZR – É porque na verdade eu não me programo assim para essas coisas, vão
acontecendo... são encontros, coisas que... as vezes uma viagem encontro uma
pessoa... no caso do Renato eu não me lembro exatamente em que circunstância
foi, mas nos encontramos e a gente tem muita identificação musical, as
referências musicais dele são muito parecidas com as minhas e tal... e isso
acabou gerando o trabalho. Quer dizer... como tem outras coisas que podem
acontecer... tem músicas, por exemplo com... parcerias com... muita coisa com a
Joyce (já fizemos inclusive um espetáculo juntos...), pode isso, quem sabe no
futuro virar um trabalho... Nesse caso seria autoral.... com o Pedro Luís
também... parceiro que a gente tem já muita coisa juntos. Tudo são projetos que
pro futuro podem acontecer. Tem nada marcado, nada definido, mas são coisas que
já foram conversadas. A gente vai reunindo assim um trabalho significativo que
dá vontade de fazer... então isso pode ser que aconteça.
Nestes 40 anos você sempre se fez um artista atuante também
em projetos coletivos como a Banda Zil, ZR Trio, Ponto de Encontro, Navegantes
e mais recentemente o Dobrando a carioca. Quais são as facilidades e
dificuldades em participar de projetos como estes?
ZR – Banda Zil vai sair agora, vai sair um
DVD que foi gravado e que tá pra sair. Vai sair esse ano... tá no momento lá de
finalização e de detalhes finais... Olha, eu já tenho essa escola do Boca Livre
né? Como tenho já um tempo (bastante) que trabalho com.. desde o Cantares (que
também era um grupo antes do Boca Livre). Então eu tenho já essa... essa...
aprendi essa dinâmica de trabalhar com grupo. Então pra mim não é uma coisa
difícil. Eu consigo me adaptar... Tem grupos que você tem que saber ouvir os
outros, nem sempre a sua opinião prevalece... e eu acho que essa é uma coisa
de... é um aprendizado de vida, acaba sendo...você conviver com as pessoas e
saber que você não é infalível, que suas ideias não são sempre geniais e que
possa... e nem é questão de ser ideias boas ou não, as vezes, as suas ideias
por melhores que sejam não se adaptam àquele contexto. Então é isso... isso aí
a gente vai aprendendo.
São dezenas de discos ao longo desses 40 anos de carreira. Em
épocas de releituras como a que vivemos (um exemplo é o Alceu com a turnê “Vivo
Revivo”) que disco em sua discografia você acha que mereceria uma releitura?
ZR – Olha... por que não? Não sei,
rapaz... é uma ideia... quem sabe? Acho que tem aí muita coisa que... Agora,
por exemplo, vai ser lançado... agora dia 08 de agosto, a gente vai lançar nas
plataformas digitais, o “Cabô”, que é um disco meu de sambas com parcerias com
várias pessoas. Esse disco estava fora de circuito há muito tempo e a gente vai
lançar ele nas plataformas digitais e inclusive junto com isso um vídeo que foi
feito na época, um vídeo clipe da música “Cabô”, onde participam várias
pessoas. Tudo isso vai acontecer agora dia 08 de agosto, tá marcado.
Em comemoração a estes 40 anos foi lançado recentemente, sob
produção do Marcelo Fróes, o Box Zé Renato. Um projeto que traz seus dois
primeiros discos e gravações raras. Dentre estes raros registros qual ou quais
você destacaria e por qual razão?
ZR – O momento com o Tom é bem especial
porque... imagina... foi marcante na minha vida ter a oportunidade de estar
junto com ele. Eu não era íntimo dele, mas tivemos ali alguns encontros que
foram marcantes.
Hoje você trouxe à Recife um show cujo parceria teve início à
época do Projeto Vitrine (quando você ainda estava iniciando a carreira).
Nestes 40 anos de amizade e parceria pelos palcos da vida já não deveria ter
dado origem a algum registro?
ZR – É... Tudo isso que eu te falei, tudo pode acontecer... Agora a gente
tava um tempo afastado... O Toninho mora em Belo Horizonte e tal... esse disco
sobre o Luizinho Eça foi meio que uma oportunidade que a gente tá tendo meio
que de se reencontrar... Quem sabe pode acontecer.
O disco conta também
com a participação do Edu... Tem como você falar um pouquinho desse seu mais
recente projeto?
ZR – Do Edu e do Dori Caymmi... Olha, é um
disco interessante porque ele mostra o lado compositor do Luizinho Eça que
pouca gente conhecia. O Luizinho era muito conhecido como maestro, arranjador,
pianista do Tamba Trio. Esse lado compositor inclusive ele não tinha muitas
composições, então esse disco é importante também por isso: porque mostra esse
lado compositor.
Eu não sei se chegou ao seu conhecimento que nesse mesmo
período há um pianista carioca lançando um projeto também em homenagem ao Luiz
Eça...
ZR – Eu sei... legal porque o Luizinho é
um cara muito importante na vida de muita gente. Eu tive a oportunidade de
conviver um pouco com ele também e era uma pessoa que tinha personalidade, era
um cara muito alegre que estimulava muito as pessoas, os compositores, músicos
novos... ele tinha prazer de estar com gente em volta. Então... um músico
importantíssimo, mestre de muita gente, professor mesmo... acho que esse disco
é muito oportuno porque reúne pessoas que... o conceito do disco, o nome “Em
casa”, que é essa história que acontecia na casa dele de reunir pessoas.
Esse ano só tem
esse projeto do box para sair ou tem mais algum?
ZR – Não... Saiu
o “Dobrando a carioca” que é aquele projeto que lançamos do ano passado que a
gente tá fazendo shows esse ano ainda. Fizemos agora uma série de shows aí e...
o Boca Livre continua na estrada, agora, inclusive, esta semana vou estar em
Belém... Enfim... Eu não sei...
O “Papo de
Passarim” com o Renato Braz...
ZR – Com o Renato Braz a gente vai tá essa
semana a outra em Barreirinhas (MA) em um festival eu vou estar em Barreirinhas
com o Renato depois de muito tempo também que a gente não se apresenta, a gente
pega aquelas músicas todas aprender tudo de novo, relembrar porque eu não toco
aquilo há muito tempo, mas vai ser legal... Então é assim, é isso aí que você tá vendo, a minha vida é muito
diversificada, a minha vida profissional.
Você tem uma relação
de muita cumplicidade com Recife. Geralmente todos os projetos seus chegam à
capital pernambucana. O que o público pernambucano pode esperar do Zé Renato?
ZR – Muitos passam por aqui é...
... O projeto infantil, o tributo ao Chico...
ZR – Isso, exatamente.
O próprio “Papo de Passarim” vocês fizeram à época na Casa de
Seu Jorge...
ZR – Fizemos? Acho que não... A casa de
Seu Jorge eu fiz sozinho. “Papo de passarim” fizemos aqui? Não me lembro, não...
pode ser que tenhamos feito, mas eu não lembro... Não sei se foi no Parque,
talvez...
O Parque está fechado há uma eternidade...
ZR – Então eu não me lembro... acho que
não viemos com o “Papo de passarim”. Eu sei que a gente foi à Natal, mas não
sei se fizemos Recife. Eu não lembro...
O que o público pode ainda esperar de Zé Renato para breve?
ZR – Olha,
tem tudo isso.. é aquela coisa que te falo. Um projeto, uma coisa que eu
realmente ando pensando e tentando ver se realizo é um disco autoral porque tem
muitas músicas, tenho composto com muita gente, como eu te falei: Joyce, Paulo
César Pinheiro, João Cavalcanti, parceiros assim... são muitas canções...
Tem alguma coisa com Zé Manoel? Porque eu vi, através do
Youtube, vocês apresentando-se juntos em São Paulo certa vez.
ZR – É fizemos São Paulo. Tem até uma música que está com ele... Zé eu
sou fã dele, acho o trabalho dele muito legal. Tem lá uma canção com ele...
então... a gente tem um projeto que eu fiz o ano passado que chama-se
Bebedouro, que é o nome possivelmente do próximo disco, entendeu? É um disco de
canções minhas com algumas pessoas, um disco que me mostra também como
instrumentista que é uma coisa que também que por mais que o violão esteja
presente em vários trabalhos, mas as pessoas nem sempre sabem que eu toco
violão, que eu tenho esse lado instrumentista que pra mim é muito importante, a
base de tudo pra mim.
O “Dobrando a carioca”
tem essa ênfase nos instrumentos não é?
ZR – Tem, tem... são quatro violonistas.
Serviço:
Show Boca Livre - Turnê Amizade
Local - Av. Beira Rio
Serviço:
Show Boca Livre - Turnê Amizade
Data - 03 e 04 de agosto
Local - Teatro Margarida Schivasappa (Belém/PA)
Horário - 21:00hs
Local - Teatro Margarida Schivasappa (Belém/PA)
Horário - 21:00hs
Classificação Indicativa - Livre
Valor do Ingresso - R$ 60,00 (Inteira) / R$ 30,00 (Meia)
Valor do Ingresso - R$ 60,00 (Inteira) / R$ 30,00 (Meia)
9º Lençóis Jazz e Blues Festival 2017 - Circuito Barreirinhas - MA
Show "Papo de passarim" (Com Renato Braz)
Data - 12 de agostoLocal - Av. Beira Rio
Horário - 21:15hs
Classificação Indicativa - Livre
Valor do Ingresso - Evento gratuito
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