A década de 1990 para a música popular brasileira foi uma das mais nefastas. A predominância de gêneros musicais caracterizados pela pobreza poética assim como também em sua essência rítmica fez com que as produção musical desta década se destaca-se pelas onomatopeias dos axés e berros agudos dos cantores "sertanejos". A música de qualidade acabou por dar vez a um banal processo de banalização, uma nova tendência do mercado do entretenimento, onde o importante é vender horrores mesmo que o produto não tenha vida longa e acabe sendo atropelado pelo sucesso de um novo produto. No entanto, pontualmente falando, houve algumas exceções dentro da música brasileira e seus mais variados gêneros existentes, dentre eles, no pop rock nacional, esta banda que hoje trago para a nossa coluna, a Skank, banda que estouro nacionalmente no início dos anos de 1990 em Belo Horizonte. Mas os rapazes decidiram mudar o nome para “Skank”, que é o nome dado a um ritmo jamaicano. Na verdade, apesar de ter sido na década de 1990 que o grupo estourou, a banda tem seu cerne ma década anterior, quando em 1983, Samuel Rosa e Henrique Portugal começaram a tocar em uma banda de reggae chamada Pouso Alto do reggae, junto com os irmãos Dinho (bateria) e Alexandre Mourão (baixo). No entanto quando a banda conseguiu agendar um show em São Paulo, os irmãos Mourão não poderiam comparecer por estarem fora de Belo Horizonte. Foi então que o baixista Lelo Zaneti e o baterista Haroldo Ferretti foram chamados para participar do show e daí em diante não saíram mais do grupo. Foi nessa antes dessa apresentação que o grupo mudou seu nome para Skank, inspirado na música de Bob Marley "Easy Skanking". O nome da banda é a pronuncia em português da palavra "Skunk", nome de uma variação da cannabis.
Em São Paulo a banda não teve um começo exitoso. A banda fez sua estreia em 5 de junho de 1991, e devido a uma partida importante do campeonato brasileiro, o público pagante foi 37 pessoas (Dentre esses poucos pagantes estavam Charles Gavin e André Jung, ex-bateristas dos Titãs e do Ira!). Após esta apresentação na capital paulista, voltaram a Belo Horizonte e começaram a tocar regularmente em churrascarias e casas noturnas. Empolgados, resolveram em 1992 lançar o primeiro disco, que veio de maneira independente e foi lançado apenas no formato de CD (apesar de na época ainda existirem os formatos K-7 e LP). Este álbum acabou chamando a atenção da gravadora Sony Music que, junto ao Skank, inaugurou no Brasil o selo Chaos, e relançou o álbum em abril de 1993. Dessa época há duas curiosidades que faço questão de registrar. A primeira é que os integrantes por serem tão fanáticos por futebol costumavam realizar seus shows trajando as camisas de seus times favoritos; e a segunda é engraçada porque apesar do primeiro disco ter sido lançado em CD, nenhum dos integrantes da banda tinham aparelhos de CD em casa. Este primeiro álbum foi o primeiro passo rumo ao reconhecimento nacional que viria a acontecer de fato no disco seguinte, "Calango", que foi lançado em 1994 e vendeu mais de 1 milhão de cópias. Músicas como "Jackie Tequila" e "Te Ver" tornaram-se hits cantados por todo o país. A consagração nacional era fato, prova disto foi ter três músicas ("Esmola", "É proibido fumar" e "indignação"), entre as cem músicas mais tocadas daquele ano em todo o país. O sucesso agora estava lado ao lado com os jovens mineiros. Finalmente Samuel Rosa, vocalista do grupo e psicólogo, poderia viver de música como tanto sonhava.
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