sábado, 16 de abril de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA

DE QUEM SÃO ESSES CLÁSSICOS? (III)


Pau de Arara (comedor de gillete): adivinhe de quem é


Seguindo a seqüência de músicas de mesmo título ou de nomes semelhantes, desta vez trago “Pau de Arara” (sub-título: Comedor de Gillette), que, pasmem, é de Carlinhos Lyra e Vinícius de Moraes.

Os dois criaram o musical “Pobre Menina Rica”, em 1962, e entre tantas músicas está esse satírico “Pau de Arara” (Comedor de Gillette), consagrado nacionalmente por Ary Toledo, que pediu para gravar o enredo. Na época da peça musical, era cantada por Catulo de Paula.

Nesta coluna, meus amigos, não se trata tanto de nossa campanha, em prol dos compositores desconhecidos que fizeram clássicos e raramente são citados quando da execução de suas obras.

Agora, trata-se mesmo do inusitado de que dois compositores amplamente identificados com a Bossa Nova tenham escrito com tanta excelência essa trova, que mais uma vez canta a miséria secular do povo sertanejo nordestino. Quando pequeno, morria de rir com os sotaques esteriotipados e hiperbólicos de seus intérpretes. Hoje, com a proposta de separatismo em voga, não sei como seria recebida a canção.


Vinícius, Carlinhos Lyra e Catulo de Paula


Mas enfim, a obra, contextualizada ou não, é eterna. Se não fosse assim, estaríamos cantando o maior sucesso de Lamartine Babo (a rigor dos Irmãos Valença/LB) “O Teu Cabelo Não Nega, Mulata” com algo como “As tuas tranças não negam quase afro-decendente etc’. O politicamente correto não pode reescrever a história.

Apresento em primeiro lugar, o “Pau de Arara” (Comedor de Gillette), numa versão quase acanhada de Carlinhos Lyra, ainda assim mostrando toda a beleza e a jocosidade da composição.

Pau de Arara (de Carlinhos Lyra e Vinícius de Moraes), do Musical “Pobre Menina Rica” – interpretação de Carlinhos Lyra:




Catulo de Paula, que participou do musical “Pobre Menina Rica”, cantou assim:




O registro mais importante, porém, deste trabalho ficou por conta do ótimo Ary Toledo, que é certamente a interpretação que todos nós mais conhecemos, ou não?




Depois da gravação realizada em estúdio e lançada num compacto, Ary Toledo voltou a gravar ‘Pau de Arara’, desta vez ao vivo, no Teatro Record, durante o programa ‘O Fino da Bossa’, versão que ganhou gargalhadas estrepitosas da platéia e de Elis Regina, o que acabou enriquecendo em alegria e espontaneidade a performance do intérprete.

O sucesso do disco foi enorme e mais: muita gente chegou a pensar que Ary Toledo era realmente um mísero cearense, e até autor de ‘O Comedor de Gilette’, nome pelo qual a composição ficou conhecida.

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