domingo, 17 de janeiro de 2016

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB


Alaíde Costa é considerada por muitos a grande dama da canção brasileira. Título mais que merecido a esta mulher que traz a sua história intrinsecamente ligada à música popular brasileira ao longo dos últimos sessenta anos. Nascida no Méier, bairro localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, Alaíde Costa Silveira Mondin Gomide começou a cantar ainda na infância em alguns programas de rádio existentes na época. Sua estreia foi em um circo, logo em seguida, aos 13 anos, venceu um concurso de melhor cantora jovem interpretando a canção “Confesso“, composição que na época fazia parte do repertório da cantora Linda Batista. O concurso promovido por Paulo Gracindo, no seu programa Sequência G3, da Tupi, do Rio de Janeiro, foi o pontapé inicial de uma bem sucedida incursão por alguns programas de rádio da época, dentre os quais o Arraia Miúda, apresentado por Renato Murce, na Radio Nacional. Daí em diante vieram participações em diversos programas de rádio da época, incluindo aí os programas de Ari Barroso e do Arnaldo Amaral, onde a sua participação foi sempre vitoriosa. Apesar de ganhar a nota máxima em quase todos os programas de calouros aos quais apresentava-se, Alaíde não possuía a voz que predominava nos estúdios de gravações na época. Seu canto suave e afinado não tinha vez diante da potência vocal de muitas contemporâneas suas e isso, por conseguinte, acabou prejudicando a sua inserção no mercado fonográfico de imediato.

Depois de ouvir inúmeras vezes que cantava bem, mas não tinha voz, finalmente em 1956 lhe surge a oportunidade de ingressar no mercado fonográfico por intermédio da gravadora Mocambo. E para a surpresa de muitos, neste seu primeiro disco de 78 RPM Alaíde já se mostra uma artista completa. Juntamente com “Nosso Dilema” (Hélio Costa e Anita Andrade) o disco conta com o samba-canção “Tens que Pagar”, de autoria da intérprete em parceria com Airton Amorim. O disco não obteve o esperado sucesso, no entanto rendeu-lhe um convite do técnico de som Odeon para ser crooner do Conjunto Copacabana na Dancing Avenida (RJ), mesmo local, em que anteriormente, já haviam atuado, na mesma função as cantoras Elizeth Cardoso e Angela Maria. Nesta mesma época tem a oportunidade de conhecer o legendário Aloysio de Oliveira que leva a cantora à Odeon, propiciando a artista gravar em 1957 o seu segundo 78 RPM com as faixas “C’est La Vie” (Edward R. White – Mack Wolfson – Vrs. Nely B. Pinto) e “Tarde Demais” (Hélio Costa – Raul Sampaio), faixa esta que a propiciou o gosto pela fama pela primeira vez e a fez receber algumas premiações, dentre as quais todos os de cantora revelação. Sem contar as diversas capas de revistas as quais ilustrou, dentre as quais “Radiolândia”, “Música e Letra”, “Revista do Disco”, dentre outra e participações em programas diversos de rádio e TV.

Ao final dos anos de 1050 a cantora tem a oportunidade de conhecer João Gilberto por intermédio de Aloysio de Oliveira. Por conseguinte acaba por conhecer a grande maioria dos artistas que iriam protagonizar o movimento da Bossa Nova, uma vez que João Gilberto acreditava que o estilo suave e moderno de Alaíde seria interessante ter para embasar aquele movimento que vinha surgindo e ganhando espaços cada vez mais significativos não apenas em nosso país, mas ao redor do mundo. O resultado deste entrosamento foi sua transferência para a gravadora RCA Victor, onde, finalmente lança o seu primeiro LP de 12 polegadas sob o título de “Gosto de Você” e a oportunidade de aproximar-se do então jovem músico Oscar Castro Neves que a apresenta a Vinicius de Moraes e este ao ascendente Tom Jobim. Uma passagem interessante nesta amizade com Vinicius de Moraes se deu no início dos anos de 1960. Apaixonada por pianos, Alaíde sempre teve o desejo de aprendê-lo, mas esta vontade sempre esbarrava na condição de não ter um. Ciente deste desejo em aprender a tocar o maestro Moacir Santos sugere que Alaíde peça ao Vinicius para ceder o piano que possuía para que o maestro pernambucano corroborasse, sempre que possível, para que a cantora e compositora carioca aprendesse o instrumento. O resultado dessas aulas pode ser encontrada no álbum que a artista gravou com Oscar Castro Neves em 1973. Trata-se da faixa “Amigo Amado“, melodia composta por Alaíde e letra presenteada pelo poetinha.

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