sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

CANÇÕES DE XICO






HISTÓRIA DE MINHAS MÚSICAS – 04



QUERO MEU SERTÃO DE VOLTA

Compartilhando de sentimento idêntico ao meu, o amigo Anselmo Alves publicou artigo na imprensa, nos Orkuts e nos emails da vida tecendo comentários sobre o forró de plástico, sobre o estelionato poético que se contém nas chamadas Bandas de ‘Forró’.

Ao tempo em que a pornô-music ganha espaços nos órgãos governamentais – leia-se Prefeituras do Interior, a nossa autêntica cultura regional vive a mendigar cachês junto a gabinetes estatais.

Com essa história na cabeça, juntei-me com Bráulio Medeiros e fizemos a QUERO O MEU SERTÃO DE VOLTA, que retrata exatamente a situação atual de nossos sertões com a invasão da porcaria travestida de música. Ela está contida no CD PARCEIROS DO FORRÓ, de ILANA VENTURA, lançado em 2009.


QUERO MEU SERTÃO DE VOLTA
Xico Bizerra e Bráulio Medeiros

não tem mais tropeiro, nem um sanfoneiro em dia de feira
não tem chão batido, um assar de milho, brasa de fogueira
foi-se a poesia, cadê cantoria, ‘quêde’ o sabiá?
‘tá faltando abraço, da noite um pedaço pra se namorar

procurei, em vão, um balanço bom, saudade da rede
água bem friinha, vinda da quartinha matar minha sede
e o florar do mato, destroçado, insiste em não frutificar
oh! meu padim ciço, tanto rebuliço, não dá pra esperar

quero é brincar no terreiro,
da chuva sentir o cheiro, quero abrir a porta
pr’um sorriso verdadeiro,
não quero dinheiro, quero meu sertão de volta

onde está a flor, onde está o amor, onde está? não sei
o asfalto esconde as pegadas das veredas onde andei
até a lua branca de tanta vergonha foi se esconder
se o progresso é isso, disso eu não preciso, eu quero é viver

cadê a natureza, não tem mais pureza nesse meu sertão
só se ouve verso no caminho inverso da minha canção
e o vaqueiro forte, procurando a sorte, se pega a rezar
purgando o castigo de um povo tangido a se humilhar

quero é brincar no terreiro,
da chuva sentir o cheiro, quero abrir a porta
pr’um sorriso verdadeiro,
não quero dinheiro, quero meu sertão de volta


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