quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

VÔTE... ESCUTA SÓ: ALTO MERETRÍCIO (BOÊMIOS, BARES E BORDÉIS) – PARTE 02




As donas de bordéis costumavam convidar conhecidos dançarinos para servir de isca aos clientes, atrair freguesia. O pagamento destas performances ficava por conta de algumas cervejas e mimos. Muitos boêmios que permaneciam no ambiente para ver o espetáculo de dança terminavam por consumir alguma bebida, e consequentemente cair nos braços das mariposas. Era comum na época o sujeito com problemas conjugais, principalmente a chamada dor de corno – daí vem a referência com a música tocada nos cabarés – ir chorar suas mágoas no colo de uma dama, que, paciente e generosa, ouvia atentamente o que ele tinha para dizer, para, em seguida, deixar o cabra relaxado e pronto para voltar ao convívio do lar e aos carinhos da sua amada e dedicada esposa. Essas mulheres faziam numa noite e por alguns trocados o que os psicanalistas fazem nos dias de hoje a custa de longos períodos e verdadeiras fortunas.

Meu amigo, Reginaldo Carlos, exímio dançarino e quengueiro de marca maior, frequentador assíduo da boate Casa Blanca na praia do Pina, e de tantas outras espalhadas pelo Recife, era um desses conhecidos “pé de valsa”. Podia ser visto, quase sempre, ao lado de Marcos Carvalho, meu primo, seu companheiro de farras, que por não possuir os dotes do colega, ficava quieto na mesa como um jacaré preparando o bote, o que invariavelmente acontecia no final da noitada tendo como vítima aquela que, sem ter descolado, fazia um preço módico, que cabia no bolso do freguês.

As Damas da Noite dançavam bem. Fazia parte do seu trabalho o bom desempenho na pista, o que começava no salão, terminava no quarto. Quando acompanhada, se encarregava de pedir as doses, sempre duas, e na conta do marmanjo. A dose dele era verdadeira, fosse rum ou whisqui, a dela, uma diluição de chá mate preparada previamente pelo garçom para economia da casa, e também por cautela, pois mulher embriagada só trazia confusão e prejuízo.

Durante toda madrugada, dentro e fora das boates, podíamos ouvir a voz de Roberto Luna, Paraibano de Serraria, que, por décadas, fez sucesso absoluto em todo Brasil, e até hoje vive de música na noite carioca.

O destaque hoje é para: Que Murmurem. Com vocês… Roberto Luna!

Que Murmurem (Rubens Fuentes-Rafael Cardenas-Ver.:Gaiola Jr.):


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