Manifestação popular originária das culturas indígenas, os Caboclinhos ou Tribo de Caboclinhos expressam um forte sentimento nativista. São homens, mulheres e crianças que apresentam vigorosas coreografias em ritmo marcado pelo estalido das preacas (espécie de arco e flecha de madeira).
A religião está presente na manifestação por meio dos cultos indígenas, a Pajelança, religião dos antepassados. É na Jurema ou Catimbó, como é popularmente conhecida, que atua a maioria dos mestres e caboclos. Alguns grupos diferem dessa linha, cultuando religiões afro brasileiras, ligadas a terreiros de Xangô e Umbanda.
A apresentação normalmente inicia com o Porta-Estandarte (podendo haver mais de um), seguido de dois cordões de Caboclos e Caboclas. No centro da agremiação, o Cacique (responsável pelas coreografias) e a Cacica (ou mãe da tribo). O desfile também conta com a presença do Pajé (ou curandeiro), orientador espiritual do grupo; do Matruá (que representa um feiticeiro); do Capitão (chefe de uma das alas); do Tenente (chefe da outra ala); dos Perós (crianças da tribo) e dos Caboclos de Baque.
As danças variam de um grupo para outro. Com rica coreografia, de maneira geral evoluem com agilidade. Os bailarinos agacham-se, levantam-se, rodopiam nas pontas dos pés e calcanhares em três momentos específicos: Guerra, Baião e Perré, determinados pela mudança do ritmo. Alguns grupos também apresentam o Toré ou Macumba, o Traidor (destaque das preacas marcando o ritmo), a Emboscada (disputa de dois grupos) e a Aldeia (dana em círculo).
A indumentária é composta por atacas (de pé e mão), saiotes e tangas, (confeccionadas com penas de ema e outras aves), adornados por lantejoulas, contas, vidrilhos, búzios, espelhos, cordas e sementes. Os adereços de cabeça são bastante diversificados: cocares, capacetes, cabeleiras, diademas, girassóis e leques decorados com penas e lantejoulas.
O baque é composto por caracaxás (maracás), surdo e inúbia (flauta ou gaita), podendo haver atabaque e caixa. As músicas normalmente são instrumentais, havendo grupos que recitam versos ou loas.
CABOCLINHOS SETE FLEXAS
José Severino dos Santos, fundador, figurinista e presidente até pouco tempo atrás (faleceu em novembro de 2016), contou que a agremiação teve seu início na cidade de Maceió, em Alagoas, num terreiro de Umbanda: “naquela brincadeira de chamar caboclo, eu recebi 7 Flexas, fiquei gostando e lá consegui colocar o Clube na passarela em 1969”. Em 1970, Mestre Alfaiate, como era mais conhecido, retorna para Pernambuco e aqui o registra em 7 de setembro de 1971.
Grande parte de seus integrantes, são do Bairro de Água Fria, onde funciona sua sede, e de comunidades do entorno. Detentor de vários títulos, destaca-se no carnaval do Recife pelo luxo das fantasias e pelas vigorosas coreografias “puxadas” por Paulinho (filho de Zé Alfaiate). O 7 Flexas já se apresentou em diversos estados do país e no exterior.
Tem como cores oficiais o verde, o vermelho, o azul e o amarelo, representando a mata, a guerra, a paz e o sol, respectivamente. Seu atual presidente é Paulo Sérgio dos Santos Pereira (Paulinho).
Endereço: Travessa do Dowsley n° 66, Água Fria, Recife
Contatos: (81) 3444.9816 / 98312.0483 Paulinho
TRIBO CANINDÉ DO RECIFE
A Tribo Canindé do Recife nasceu em 05 de março de 1897, de um grupo de curumins (crianças) do bairro de Afogados, com o nome Príncipe do Rio do Rei Canindé. Em 1910, sob a liderança do carnavalesco Manuel Rufino, chega ao córrego José Francisco, localizado na Bomba do Hemetério, onde funciona até hoje.
O Canindé foi o primeiro caboclinho a ser presidido por uma mulher, Juracy Simões, que ocupou o lugar após o falecimento de seu pai, Severino Batista da Silva, conhecido como Criança, em 1994. Sob seu comando, o brinquedo ganha novo impulso. Juracy interferiu na estrutura do grupo e a agremiação ganhou o Concurso de Agremiações por várias vezes consecutivas. Também partricipou de documentários, gravação de CDs e DVDs , o que muito fortaleceu a divulgação do grupo.
Seguindo os ensinamentos de seus pais, Juracy preservou o fundamento religioso da Tribo, mantendo ligação com a Jurema Sagrada, até o seu falecimento, no ano de 2016. Atualmente a responsável é Iaci Silva.
Endereço: Rua Bomba do Hemetério, n° 596, Bomba do Hemetério, Recife
Contatos: (81) 3444.2037 / 99732.9459 / 98795.2136 – Guedes
CABOCLINHO OXÓSSI PENA BRANCA
O Caboclinho Oxóssi Pena Branca foi fundado no bairro de São José, por Cícero Antonio, em 17 de janeiro de 1979. De acordo com Zuleide Alves, atual presidente, “devido à ligação que seu Cícero tinha com a religião Umbanda, decidiu render homenagem aos caboclos dele”. A denominação do Caboclinho faz referência a duas entidades: Oxóssi e Pena Branca.
Depois de passar um tempo desativado, Dona Zuleide resolveu resgatá-lo, assumindo o Oxóssi Pena Branca em 16 de janeiro de 1993. Como havia apenas o estandarte, confeccionou as fantasias para participar do carnaval com bastante dificuldade. Nos anos seguintes, ascendendo nas categorias, conquistou títulos de vice-campeão e de campeão no Concurso de Agremiações.
As cores oficiais do caboclinho são o verde, o branco e o amarelo, simbolizando a mata (Oxóssi), a paz (Pena Branca) e o ouro (Oxum). A sede funciona na residência de Dona Zuleide, onde acontecem os ensaios e a produção de fantasias e adereços, que são confeccionados pelos próprios brincantes.
Endereço: Rua Elza, n° 132, Água Fria, Recife
Contatos: (81) 3498.0184
CABOCLINHO CAHETÉS DE GOIANA
O Caboclinhos Cahetés de Goiana foi fundado por José de Melo e João Marinho, em 15 de dezembro de 1904. A denominação faz referência à Tribo Cahetés que, segundo os moradores mais antigos, existia no município de Goiana. A agremiação é herança familiar e quem a conduz atualmente é Pedro Gonçalves Ramos, que assumiu o grupo em 1960, quando tinha apenas 14 anos.
Tem como símbolos um índio, um machado, a lua e a estrela, presentes nas fantasias e no estandarte. Suas cores oficiais são: o verde, o amarelo, o azul, o branco, o vermelho e o rosa, simbolizando a mata, o ouro, o céu, a paz, a guerra e o amor, elementos da natureza e sentimentos presentes no cotidiano do índio.
Apesar de ter surgido há mais de 100 anos, foi registrado apenas em 1992, quando começou a participar do Concurso de Agremiações Carnavalescas no centro do Recife. Além de se apresentar na Região Metropolitana do Recife, desfila em diversas cidades da Zona da Mata como Condado, Aliança, Nazaré da Mata, Carpina, Tracunhaém, Pombos e em seu município, Terra dos Caboclinhos, no Encontro de Caboclinhos de Goiana.
Endereço: Rua da Campina, nº 22, Centro, Goiana, PE
Contato: (81) 99177.1819 / 99607.5499
TRIBO ÍNDÍGENA TUPÃ
O Caboclinho Tribo Tupã, como é conhecido, foi fundado em 16 de junho de 1979, no Alto José do Pinho, Recife, por Agnaldo Rodrigues de Amorim e seus familiares. Depois de ter participado da Tribo de índios Tabajaras, da Tapirapé e da Tribo Carijó, Agnaldo é estimulado a fundar sua própria agremiação. Durante os primeiros anos, o Tupã se apresentava apenas com meninas e mulheres, por causa do alto custo para confeccionar fantasias e cocares masculinos. Cinco anos depois, aproximadamente, começa a desfilar com homens e mulheres, momento em que consegue conquistar o primeiro campeonato.
Com coreografias vigorosas e inovadoras, o Tupã apresenta-se com integrantes provenientes das comunidades de Cajueiro, Chão de Estrelas, Morro da Conceição, Vasco da Gama e do próprio Alto José do Pinho. Já conquistou vários títulos no Concurso de Agremiações Carnavalescas da Prefeitura do Recife. Seu presidente é Amauri Rodrigues de Amorim.
Endereço: Rua Irapiranga, n° 47, Alto José do Pinho, Recife
Contato: (81) 98875.3556
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