domingo, 2 de junho de 2013

JULIANO HOLANDA: A ESTREIA DE UM VETERANO

O músico reúne eclético elenco de intérpretes em "A arte de ser invisível" para mostrar sua cara ao mundo

Por Lydia Barros



A arte de ser invisível é o disco de estreia de Juliano Holanda, mas que ninguém se engane: ele ainda não parece muito à vontade no papel de protagonista. Compositor, arranjador, guitarrista, violinista, violeiro e baixista, além de produtor musical, Holanda tem no portfólio participação em 60 discos– somente no ano passado foram 12 –, 130 músicas gravadas por intérpretes variados e um vasto repertório de canções próprias esperando novos projetos. É um nome quase onipresente na recente produção musical de Pernambuco, com 22 anos de carreira e apenas 35 anos de idade. Ainda assim, o solo que faz neste álbum promete surpreender muita gente. Juliano Holanda é aquele caso típico de compositor que se conhece por outras vozes.

O estilo low profile, coerente que é, foi mantido nessa estreia. Não por acaso, pensou o solo como compositor-produtor. Assim, antes mesmo de escolher as canções, imaginou o elenco de intérpretes que gostaria de reunir. Na seleção, Benjamin Taubkin, Jam da Silva, Siba, Marcelo Pretto, Marion Lemonier, Tatiana Parra, Laya Lopes, Geraldo Maia, Rob Curto, Jr. Black e Ceumar.

Artistas com quem já trabalhei, músicos que admiro, escolhas afetivas”, explica. Quase todos tiveram três opções de escolha entre as canções enviadas por Holanda, incluindo algumas parcerias, mas, no final, nove das dez faixas do disco são de autoria dele – a exceção é Domingo no sítio dos Nakashima, que assina com Taubkin. “Havia uma cobrança grande para que eu gravasse minhas músicas, mas a ideia de um primeiro disco me assustava. Achava que eu não estava pronto”, confessa. Para evitar a repetição de formatos já experimentados, decidiu focar na composição, ofício anterior ao de instrumentista, paixão primeira.

Talvez por isso, preferiu não soltar a voz – só comparece na primeira canção, Karma Sutra -, mas, como bom produtor musical, conseguiu arrancar timbres originais dos intérpretes, a exemplo de Jr. Black, em Antes e depois, e Marcelo Pretto em Altas madrugadas. O repertório, inédito, ganhou uma leitura extremante pessoal, com uma levada distinta de outros trabalhos mais conhecidos que desenvolve, como na Orquestra Contemporânea de Olinda ou com os grupos Wassabi e Rabecado.

No quesito gravação, A arte de ser invisível, como o próprio conceito do disco, também é plural: a maior parte dos registros foi feita no estúdio pernambucano Muzak, mas tem faixas/vozes gravadas em estúdios do Rio de Janeiro, de São Paulo, Nova York e Amsterdã, além de ter sido masterizado no estúdio londrino Close to the Edge. “Esse disco é uma tentativa de juntar o compositor e o produtor, unir esses dois pontos”, comenta o artista.



Versátil por vocação

Em Juliano Holanda, a versatilidade de (multi)instrumentista é alimentada por uma inquietação natural que o colocou nos palcos ainda aos 13 anos. Já era músico profissional quando resolveu estudar no Conservatório Pernambucano de Música. Três anos depois, entendeu que precisava expandir os horizontes musicais “para não ficar estagnado” e foi cursar licenciatura em música, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Um caminho quase previsível para alguém que cresceu em um ambiente musical: do município onde nasceu, Goiana, na Mata Norte do estado, passando pela convivência paterna (o artista plástico Júlio Holanda, seu pai, também é compositor, com disco gravado e tudo o mais) à cidade que escolheu como morada, Olinda, onde aprendeu a conciliar a poética sonora da tradição com a musicalidade urbana.

Nesse fértil percurso musical, o inesperado tem sempre acolhida. Juliano Holanda finalizou A arte de ser invisível e foi mostrando aos amigos. Os convites para shows começaram a aparecer e ele encarando, até se dar conta de que o repertório no palco já era outro, dessa vez, defendido por ele próprio. O resultado é um segundo dico solo, Pra saber ser nuvem de cimento quando o céu for de concreto, que já está pronto e deve chegar às lojas no segundo semestre.

Mas não há pressa. O show de lançamento do disco A arte de ser invisível será no dia 2 de junho, às 19h, na Casa do Cachorro Preto, em Olinda, com as participações especiais de Isadora Melo (voz) e Zé Manoel (teclados). Além da guitarra de Holanda, no palco estarão o baixista e parceiro Areia (Mundo Livre S/A, Areia Projeto) e o baterista Tom Rocha (Academia da Berlinda). O show abre a exposição de desenhos de Raoni Assis, o artista que assina o belo encarte do disco de estreia de Juliano Holanda, que, sorte a nossa, está deixando de ser invisível.


Serviço

Lançamento do disco A arte de ser invisível, e abertura da exposição de Raoni Assis (que assina o encarte do disco)
Quando: Domingo, dia 2 de junho, às 19h
Onde: Casa do Cachorro Preto (Rua 13 de Maio, 99, no Varadouro)
 Quanto: Entrada gratuita

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