quarta-feira, 19 de junho de 2013

O SAMBA E O TALENTO DE PAULO MARQUEZ

Por Bruno Negromonte

Faz algumas semanas que recebi uma sugestão de pauta de um dos maiores orgulhos da cidade de Bom Jardim (cidade localizada a pouco mais de 100 km da capital pernambucana), que é o grande compositor Bráulio de Castro. Bráulio sugeriu uma abordagem sobre a obra do grande intérprete Paulo Marquez, que tornou-se popularmente conhecido a partir do samba. Porém há de se levar em consideração que apesar de sua carreira ter sido constituída a partir de tal gênero, Marquez também gravou boleros (como ‘Beleza de cores’, de autoria de Carlos Lima e Jota Santos em 1962); marcha ( tal qual ‘Lolita’, de Wilson Silva, Aires Viana e Aladim Vanderley em 1963); baladas (como Cada vez te quero mais (I can’t help it) versão da canção composta por Henk Williams e Fred Jorge em 1963); foxtrote (Pra sempre te adorar (I can’t stop loving you), de Don Gibson e Hamilton Di Giorgio em 1962) entre outros ritmos.


Paulo Marquez nasceu no estado de Minas Gerais, que por incrível que pareça é celeiro de grandes nomes do samba berasileiro. São de lá nomes como Ary Barroso (advindo da cidade de Ubá), Ataulfo Alves (nascido em Miraí), Geraldo Pereira (oriundo de Juiz de Fora). Pois bem, nascido em Uberaba, Marquez vem de uma família numerosa, porém dos 11 filhos de dona Maria Marcelina da Silva e do senhor Francisco Bernardo Marquez o que destacou-se no meio musical foi justamente ele. Esse destaque ele foi galgando aos poucos e teve início quando ele ainda era criança em festas da família, dos vizinhos e da escola. Nesta época uma das músicas mais interpretadas pelo jovem cantor era ‘Naná’, uma canção de de Custódio Mesquita e Geysa Boscoli e que teve grande êxito na voz de Orlando Silva, que a gravou por volta de 1940.



Quando estava com 18 anos, em 1946, inscreveu-se no “Clube dos Neófilos” e, como calouro, conquistou o primeiro lugar no programa apresentado por Wanderley Greifo na Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro, interpretando uma canção do repertório de Nelson Gonçalves intitulada “Cruz da desilusão”, de autoria Nóbrega de Macedo e D. Souza gravada pelo artista gaúcho 3 anos antes. Vem dessa época a sua atividade como crooner da orquestra de baile do Uberaba Tênis Clube, onde depois de uma apresentação chamou a atenção de um músico que o levou para a Rádio Guarani, na capital mineira. Foi nesta emissora que o diretor da artístico o “batiza” com o nome definitivo de Paulo Marquez.

Em 1955 vai para a até então capital do Brasil, o Rio de Janeiro. Lá estreia no Programa Carlos Henrique, da Rádio Mayrink Veiga, além de participar das programações das rádios Mundial do Rio de Janeiro e Nacional de São Paulo. No ano seguinte tem a oportunidade de fazer o seu primeiro registro fonográfico pela gravadora Columbia, um 78 rpm, com as canções ‘Praga’ (Fernando César) e ‘João da Silva’ (Cícero Nunes e Américo Seixas). Foi esta mesma gravadora que propiciou a Paulo seus dois primeiros LP’s: “Orgia de Samba” (1958), neste título Paulo Marquez é acompanhado pelo Regional do Canhoto e, em 1959, “Doutor em Samba” (considerado pela crítica como sua obra prima), somente com músicas de Billy Blanco e arranjos de Radamés Gnattali. É válida a lembrança da passagem do artista também pelas gravadoras Chantecler (onde ele gravou dois discos: “Ba Be Bi Bo Bu Musical” e “Quanto mais samba melhor’, além de outros discos de 78 rotações), Albatroz (onde gravou o LP “Diz que fui por aí… Só!…”) e na Marcos Pereira, onde em 1974, gravou com Carmen Costa o seu último LP, um disco temático, onde interpreta as músicas de Paulo Vanzolini.



Antes de encerrar gostaria de agradecer pela rica colaboração do grande Bráulio de Castro quando sugeriu a abordagem desse nome que apesar de estar vivo é ignorado pelos grandes meios midiáticos. Coisa semelhante acontece com o inestimável Tito Madi, que simplesmente foi esquecido por aqueles que fazem cultura em nosso país sendo relegado no cenário cultural brasileiro, tendo seu nome jogado no limbo do esquecimento.

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