sábado, 15 de junho de 2013

JAMELÃO, 100 ANOS

Uma das figuras mais representativas do Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira se vivo estivesse estaria completando em 2013 um século de existência., porém nos deixou a exatamente 05 anos.

Por Francisco Quinteiro Pires, Sueli de Freitas, Alan Ribeiro e Daniele Migon.



José Bispo Clementino dos Santos, ou simplesmente Jamelão, foi um dos maiores cantores de samba de todos os tempos. Conhecido como a voz da Mangueira, Jamelão marcou época. Se fosse vivo, o sambista completaria 100 anos neste domingo, dia 12 de maio.

Mas a voz que arrastou multidões de mangueirenses e anônimos na avenida do samba do carnaval carioca se calou em junho de 2008. Seu último carnaval à frente da verde-rosa foi em 2006, quando os problemas de saúde se agravaram.

Jamelão deixou um legado para toda a música brasileira. Sua marca e influência vão além do universo das escolas de samba. "Jamelão tinha uma voz incomum", disse Teresa Cristina 



Dono de um timbre invejável, Jamelão se consagrou como um dos maiores intérpretes de Lupicínio Rodrigues, com gravações memoráveis de músicas como Ela Disse-me Assim. Também foi compositor, com obras como "Quem samba fica" e "Tião motorista".

Durante 57 anos ele foi a voz da Mangueira. Só em 2006, aos 93 anos, por conta da saúde frágil foi que deixou a contra-gosto o sambódromo e disse em entrevista na época: “Não sei quando volto, mas não estou triste.”, porém não gostava de ser chamado de puxador de samba-enredo, mas sim de intérprete. Em cada canção que cantava, a emoção das experiências vividas, como ressalta Teresa Cristina.



Com uma imensa obra gravada, ele é referência obrigatória para novos músicos. "Se você quer ser um bom cantor, ouça Jamelão", ensina a cantora.


A chegada à Mangueira

Nascido em São Cristovão, no Rio de Janeiro, Jamelão chegou à Mangueira tocando seu tamborim e logo se integrou à bateria da verde-rosa. “Foi um presente de Deus”, afirmou Dona Neuma ao programa Eu Sou o Show, da antiga TVE-RJ. Ela conta que Jamelão ficou na bateria até surgir a oportunidade de substituir Cartola no vocal. Chegou a ser eleito presidente de Honra da Estação Primeira. “Um samba sem Jamelão não é samba”, afirma Dona Neuma.




Jamelão e a Orquestra Tabajara

A entrada de Jamelão na Orquestra Tabajara aconteceu por acaso. Segundo o maestro Severino Araújo, a orquestra queria ampliar seu repertório com músicas internacionais. Jamelão era quem vendia os arranjos que vinham dos Estados Unidos. "Eu não sabia que ele era cantor. Fizemos uma viagem para o norte e ele perguntou se poderia cantar na orquestra. Foi um estouro. Ele gravou Folha Morta, do Ary Barroso, e foi um sucesso extraordinário. De lá pra cá começou a gravar com a Tabajara", contou o maestro ao programa Eu Sou o Show, da antiga TVE-RJ.




A discografia daquele que deu voz à dor-de-cotovelo

Embora Jamelão tenha lançado dezenas de discos ao longo da carreira - sua estréia foi no fim dos anos 1940 -, a discografia disponível atualmente no mercado é composta de coletâneas. É o caso de A Voz do Samba (1997), compilação da Warner dividida em três volumes, com um total de 42 gravações. Na trinca de CDs, ele faz um passeio pelos gêneros em que se consagrou: os sambas-canção e sambas-enredo. Jamelão interpreta Cântico À Natureza (Nelson Sargento, Alfredo Português e Jamelão), Exaltação à Mangueira (Aloisio Dias e Enéias Brites), Quatro Séculos de Paixão (Arroz e Tião Graúna), Linguagem do Morro (Padeirinho e Ferreira dos Santos), Apoteose ao Samba (Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira), Meu Barraco (Duque e Dilu Melo), entre outras.

Além de cantar samba-enredo e partido alto, Jamelão se consagrou interpretando o samba-canção, gênero nascido na dor-de-cotovelo. É uma variedade de samba urbano que adaptou o ritmo da batucada carioca a letras sentimentais, acentuando o seu caráter melódico. Jamelão foi o melhor intérprete de Lupicínio Rodrigues, como o próprio compositor gaúcho admitia. Em 1972, o sambista lançou o elepê Jamelão Interpreta Lupicínio Rodrigues, em que é acompanhado pela Orquestra Tabajara de Severino Araújo. Entre as 12 composições, estão Nervos de Aço, Sozinha, Quem Há de Dizer (com Alcides Gonçalves), Ela Disse-me Assim, Torre de Babel, Vingança, que também podem ser ouvidas na série A Voz do Samba.

Em Cuidado Moço, um 33 rotações de 1969, que está disponível em CD, Jamelão gravou, entre outras, Obra-Prima (Lúcio Cardim e Norberto Paiva), Caixa de Ódio (Lupicínio Rodrigues), Rei Sem Coroa (Codó e Francisco Dias Pinto) Eu Me Recordo (Antônio Bruno) e músicas de sua autoria, como Cuidado Moço (com Bidu) e A Vida é Isso. A gravação feita em 1992 de um programa Ensaio, comandado por Fernando Faro na TV Cultura, já saiu em DVD (60 min.). Além das entrevistas, Jamelão canta Fita Meus Olhos (Cartola e Baiaco), Maior é Deus (Fernando Martins e Felisberto Martins), Folha Morta (Ary Barroso), entre outras.

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