sábado, 22 de junho de 2013

LAMARTINE BABO, 50 ANOS DE SAUDADES

2013 completa-se 50 anos sem o saudoso Lalá, apelido dado ao compositor Lamartine Babo, autor dos principais hinos dos clubes de futebol do Rio de Janeiro e autor de diversas marchinhas carnavalescas.

Por Bruno Negromonte



Dos doze irmãos, foi um dos três únicos que chegaram a vida adulta e mesmo sem o menor conhecimento musical foi capaz de criar melodias maravilhosas ainda na adolescência como por exemplo a valsa “Torturas do Amor”, composta por ele aos 14 anos.

Sua primeira marchinha gravada, foi a divertida “Os Calças-Largas”, um deboche de Lamartine sobre rapazes que usavam calças boca-de-sino. Em 1937, com a implementação da censura advinda com o Estado Novo de Getúlio Vargas, as sátira foram proibidas e a partir daí as marchinhas não foram mais as mesmas. Porém é válido lembrar que além das marchinhas carnavalescas, o versátil Lamartine, foi capaz da proeza de, em 1949, compor os hinos (não-oficiais) de todos os 11 participantes do campeonato carioca daquele ano. Patrocinado pelo programa radiofônico “Trem da alegria”, todos os hinos compostos acabaram sendo lançados em 78 rotações. Uma curiosidade sobre a composição desses hinos é que em apenas um dia “Lalá” compôs os famosos hinos dos considerados seis maiores e mais tradicionais times de futebol do Rio de Janeiro – sendo o primeiríssimo em seu coração o América F.C., além de Vasco da Gama, Fluminense, Flamengo, Botafogo e Bangu.

Algumas estórias engraçadas fazem parte da biografia do compositor mostrando o quanto Lamartine Babo era um cara despojado e irreverente. Uma dessas irreverentes estórias aconteceu no dia em que foi enviar um telegrama, e ao chegar ao no local  o telegrafista bateu o lápis na mesa em morse para seu colega: “Magro, feio e de voz fina”. Lalá tirou o seu lápis e bateu: “Magro, feio, de voz fina e ex-telegrafista”.

Outra passagem interessante foi durante uma entrevista na década de 50 quando declarou: “Eu me achava um colosso. Mas, um dia, olhando-me no espelho, vi que não tenho colo, só tenho osso”. Ainda sobre sua magreza costumava dizer: “Eu era tão magro que não dava fotografias às minhas fãs, dava radiografias” e todas as vezes que alguém o repreendia pela vida desregrada o mandando cair em si, ele costumava dizer: “Amigo, eu sou tão magro que se eu cair em si, eu ainda caio fora”.

Há várias outras passagens interessantes na biografia deste que foi sem dúvida um dos maiores compositores de sua época e que hoje o relembramos com muita saudade. Fatos como o que ocorreu quando ele ainda trabalhava na Companhia Internacional de Seguros. Neste emprego ele passou pouco tempo, pois logo foi despedido quando o seu patrão o viu batucando numa mesa, em horário de trabalho, e mordendo a língua, cacoete que fazia quando estava compondo.

Muitos dizem que Lalá especializou-se em copidescar canções mal feitas e mal arranjadas, transformando-as em grandes sucessos. Dizem que foi o caso de canções como “No Rancho Fundo” e “Uma Andorinha Não Faz Verão”. Outra composição polêmica é um dos seus maiores sucessos: “O Teu Cabelo Não Nega”. Dizem que escrita pelos irmãos pernambucanos João e Raul Valença, Lalá alterou a letra e alguns arranjos, além de criar a introdução instrumental da obra.

Sim! Não posso esquecer de lembrar também que Lalá foi tio de Oswaldo Sargentelli, o dono da casa de espetáculos “Sambão” em Copacabana. Sargentelli tornou-se conhecido nacionalmente quando teve a sua imagem associada as inúmeras mulatas que passaram em espetáculos organizados por ele.

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