Por José Teles
“Um nome que de repente ficou conhecido e apreciado e pertence a uma bonita morena que canta e dança como ninguém : Marlene, sambista diferente que sabe sentir a nossa música popular”, a apresentação está no exemplar quarto número da Revista do Rádio, e setembro de 1948, num entrevista de duas páginas com a estrela da Rádio Nacional.
A paulista Vitória Bonaiutti De Martino, que adotou o nome artístico devido a admiração pela cantora alemã Marlene Dietrich completa hoje 90 anos., e 72 de carreira. O ápice de sua carreira deu-se nos anos 50, quando era a grande rival de Emilinha Borba na Rádio Nacional. Assim como Emilinha, Marlene também foi eleita Rainha do Rádio, na época, um título tão ou mais importante do que o de Miss Brasil.
Embora tenha sido um símbolo da era do radio, a carreira de Marlene transcendeu a esta fase romântica da música brasileira. Antes de mais nada, era boa cantora o suficiente para continuar nos palcos quando os programas de auditório já haviam se tornado coisa do passado.
Nos anos 70, quando a grande maioria dos seus contemporâneos estava esquecida, ou em fim de carreira, Marlene percorreu o país no Projeto Pixinguinha. Aliás foi a recordista em participações no projeto. Participou de cinco edições. A primeira delas em 1977, com Gonzaguinha), bateu recordes de público. Na mesma década gravou discos como É a maior (1970), um trabalho em que vai de Carmem Miranda (Uva de caminhão, Assis Valente), ao tradicional (Meu pai amarrou meus olhos), até Caetano Veloso (Tropicália).
Em 1974, o show Te pego pela palavra foi considerado um dos melhores daquele ano. O disco registro do espetáculo foi relançado este ano, pela EMI. Em 1998 lançou outro disco impecável e Estrela da vida (Leblon Records), em que canta de Brecht e Kurt Weil (Surabaya Johnny), a Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (Qui nem jiló), ela aliás lançou vários clássicos desta parceria do baião.
Aos 90 anos, Marlene ainda faz jus ao grito de guerra das fãs: “É a maior”.
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