segunda-feira, 2 de outubro de 2017

MINHAS DUAS ESTRELAS (PERY RIBEIRO E ANA DUARTE)*




35 - Chacrinha, Flávio Cavalcanti, Sílvio Santos

Há pessoas por quem tenho um respeito e gratidão enormes — Flávio Cavalcanti e Chacrinha. Quando minha mãe estava se sentindo completamente alijada do mercado e precisando de apoio, foram eles que carinhosamente estenderam a mão. Flávio Cavalcanti foi o comunicador que ofereceu à minha mãe a chance de retornar ao palco, seis meses depois do desastre, não se importando com qualquer marca que o acidente tivesse deixado em seu rosto. A Flávio importava o talento dela. E afirmou isso para o Brasil em cadeia nacional, na extinta TV Excelsior, em fevereiro de 1966. A partir daí, Flávio chamava Dalva constantemente para cantar em seus programas. Chacrinha, então, foi um grande amigo. Ele é que não ligava mesmo para o que pudesse ter afetado o rosto de minha mãe. Queria a Estrela Dalva em seus programas e nada mais importava. Na verdade, as pessoas que realmente tinham carinho e respeito pelo ser humano Dalva não se importavam com nada disso. Mas havia profissionais que negavam sua presença nas TVs porque a visão de seu rosto marcado não era compatível com a “beleza” do que era mostrado nos shows. Outro grande comunicador que apoiou muito minha mãe nessa fase difícil, convidando-a sempre para seus programas, foi Sílvio Santos. Em 1970, durante um festival de Carnaval, ele conduziu minha mãe aos palcos com enorme carinho e respeito. Ela acabou vencendo o festival. Aliás, 1970 foi o ano que marcou o início da recuperação de seu prestígio. Na saudosa TV Tupi, ganhou o terceiro lugar em um concurso de Carnaval, com “Bandeira branca”. Em 1971, venceu outra vez na TV Tupi, dessa vez com a música “A lágrima”, e ainda recebeu um prêmio como a melhor intérprete do ano. Em 1972, Sílvio Santos a convidou para participar de seu concurso de Carnaval. Dalva arrebatou novamente o primeiro lugar, com “Rancho da esperança”. Penso que essas vitórias foram realmente um presente de Deus para que ela se sentisse novamente amada e querida e esquentasse seu coração tão machucado. Muito pouco tempo teve minha mãe para curtir esse sucesso: faleceu em agosto de 1972. Plagiando Vinicius: “A bênção, Flávio, Chacrinha e Sílvio”.



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