“A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.”
Carlos Drummond de Andrade
“parti-me para o vosso amor/que tem tantas direções/e em nenhuma se define/mas em todas se resume”. Para interpretar ao poeta – o dono dos versos – ninguém melhor do que ele próprio. No entanto, Carlos Drummond de Andrade teve sua escrita transformada não apenas na cabeça e coração dos leitores, como também através da música e do cinema. Sete faces que se transmudam em outras na obra daquele que tinha uma palavra de sua predileção: “taciturno”.
“Canção Amiga” (1978)
Publicada no livro “Novos Poemas”, de 1948, “Canção Amiga” tornou-se música exatos trinta anos depois, pelas mãos de Milton Nascimento. Cantada por Bituca no disco “Clube da Esquina 2”, os versos de Drummond conservam a esperança típica do período infantil, também pela participação especial, nesta faixa, de Kiko, uma criança chamada a dividir os vocais com Milton. De fato, a força deste poema de Drummond atinge o seu ápice no final, quando o autor determina: “Eu preparo uma canção/que faça acordar os homens/e adormecer as crianças”.
Fonte: Esquinas Musicais
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