“A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.”
Carlos Drummond de Andrade
“parti-me para o vosso amor/que tem tantas direções/e em nenhuma se define/mas em todas se resume”. Para interpretar ao poeta – o dono dos versos – ninguém melhor do que ele próprio. No entanto, Carlos Drummond de Andrade teve sua escrita transformada não apenas na cabeça e coração dos leitores, como também através da música e do cinema. Sete faces que se transmudam em outras na obra daquele que tinha uma palavra de sua predileção: “taciturno”.
“As Várias Caras de Drummond” (2004)
Um ano antes de dar início à série de desaparecimentos que marcaram os últimos anos de sua trajetória, o compositor e cantor Belchior concretizou um de seus projetos mais ambiciosos. “As Várias Caras de Drummond”, lançado em 2004, é fruto do empenho do músico em criar melodias para nada menos do que 31 poemas de Carlos Drummond de Andrade, em que se misturam obras conhecidas, casos de “Sentimental” e “No Banco de Jardim”, com outras menos propagadas, como “Liquidação” e “Lanterna Mágica”. Nos últimos tempos, Belchior se dedicava a projeto parecido com a obra de Dante Alighieri.
Fonte: Esquinas Musicais
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