domingo, 15 de outubro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB


Quem acompanha esta minha coluna já deve ter percebido a importância que dou a história do nosso cancioneiro e para isso tenho buscado trazer esporadicamente o nome de alguns artistas que em algum momento contribuíram para a história de nosso cancioneiro. Pra mim é algo extremamente gratificante poder mergulhar na história da MPB a partir de figuras que muitas vezes nem eu mesmo sabia que existiam. É um fascínio deparar-se com fatos, canções e situações que mostram o porquê a nossa música popular é tão respeitada em qualquer lugar do planeta. Pois bem, hoje trago o nome desta cantora que apesar de gravar muito pouco teve parcerias com Francisco Alves, o maior cantor da época em que ela atuou. É evidente que duetos com o cantor mais popular do país favoreceu e muito para a divulgação do seu nome, no entanto poucos foram seus registros fonográficos. Na verdade, pouco se sabe sobre sua biografia depois de 1932. Sumiu da mídia de modo que não se sabe maiores informações a partir da segunda metade da década de 1930. Mas voltemos ao início de sua carreira quando foi descoberta pelo revistógrafo Marques Porto no Bar Cosmopolita, um bar que existia no Passeio Público, onde apresentava-se cantando e dançando. Além dessa atividade, chegou a trabalhar também em alguns parques de diversões no subúrbio carioca até estrear, em março de 1926, na revista "Pirão de areia", no Teatro São José, liderando um grupo de black-girls e cantando com uma "charleston jazz band". Também com as Black Girls apresentou um número chamado "Bahiana, n'aime tu?", que era bisado e trisado diariamente. No entanto seu sexto sentido dizia que alguma coisa a mais ainda estava reservado para a sua carreira e foi em busca dessa intuição que ela seguiu.

Apresentando nos teatros de revista carioca começou a ganhar uma popularidade maior a cada nova apresentação e, embora contracenasse com atrizes de renome, como Otília Amorim, foi a atriz mais aplaudida na revista do São José. Vale o registro de que Rosa Negra atuou na Companhia Negra de Revista, primeira tentativa de criar no Brasil uma companhia teatral apenas com atores e atrizes negros. Um projeto ousado, mas que teve a simpatia de alguns grandes nomes da música e do teatro da época. A revista de estréia da Companhia Negra foi "Tudo preto", de autoria de De Chocolat, com música do maestro Sebastião Cirino e com Pixinguinha regendo a orquestra. Apresentada no Teatro Rialto, a revista fez muito sucesso e esta condição acabou por tornando Rosa uma das atrizes que mais se destacou ao interpretar "Ludovina cançonette", um número charlestônico, "Pérolas negras", outro número de sucesso, "Jaboticaba afrancesada" e "Banhistas", onde contracena com a vedete Dalva Espíndola. Nesta época chegou a ser comparada, por alguns críticos, a uma famosa vedete francesa que atuou na Companhia Bataclan chamada Mistinguette e bastante popular no voleho mundo. Em 1927 gravou com Francisco Alves o samba "Não quero saber mais dela", de Sinhô, que foi um grande sucesso, Em 1928, ainda com Francisco Alves, gravou o foxtrote "Moleque namorador", de Heckel Tavares e o fox "Que pequena levada", de J. Francisco de Freitas. Gravou ainda "Rosa preta" e "Quem quer casar comigo?". Sua atuação no mercado fonográfico foi tímida se comparada à sua atuação no teatro de revista da época. Além das já citadas participações chegou a participar também da revista "Chora menino", de Marques Porto e Luiz Peixoto, com a Companhia Brasileira de Revistas; participou do Teatro República com a Companhia Mulata Índia do Brasil a revista "Com que roupa?", de Luís Peixoto, atuou no Teatro Margarida Marx entre outras façanhas.

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