Por Ancelmo Gois
Considerada por muitos a maior cantora que o Brasil já teve, Elis Regina chegou à Academia. Andrea Vizzotto, doutoranda em História Social pela UFRJ, trabalha na tese “Agora eu sou uma estrela: a canção no projeto autoral de Elis Regina”. Analisa, entre outras coisas, a capacidade de Elis em se tornar “coautora” das músicas que interpretou. É famosa a história da gravação de “Atrás da porta”, de Francis Hime e Chico Buarque. Elis recebeu, no verão de 1972, uma fita com a música e a primeira parte da letra que Chico não conseguira completar. No estúdio com o pianista Cesar Camargo Mariano, Elis cantou magistralmente. No final, ela estava em prantos. Quando ouviu a fita, Chico, emocionado, concluiu o trabalho. Márcia Vieira, da turma da coluna, trocou dois dedos de prosa com Andrea sobre a querida Pimentinha.
Por que estudar Elis?
Quero discutir a contribuição dela para a canção brasileira, a singularidade da sua obra. Meu interesse é discutir a obra de “cantores não compositores”. Eles também constroem significados quando executam a obra. São coautores. A interpretação pode dar novo sentido a uma canção. E analiso também esta memória construída sobre ela que não a considera sujeito da sua própria obra, como se ela houvesse sido “formatada” por outras pessoas. Não tenho dúvidas, Elis era uma instrumentista da voz.
O temperamento difícil afetou a sua carreira?
Há vários músicos que trabalharam com Elis que não a reconhecem como uma “pessoa difícil”. Ela tinha personalidade forte e consciência do seu talento. E se posicionou nos debates estéticos e políticos daquela época.
A carreira dela ajuda a contar a História do país?
A trajetória de Elis perpassa transformações musicais e políticas. Sua obra e a relação com o mercado fonográfico, com meios de comunicação e com o regime militar ajudam a entender a sociedade brasileira daquele período.
Qual a sua música predileta de Elis?
É “Madalena” (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza). A interpretação me marcou muito. Elis foi uma cantora tão importante que até hoje fãs colocam no Youtube vídeos antigos dela. Na fase de “Como nossos pais” os fãs a chamam de “Elis Janis Joplin Regina”.
1 comentários:
Elis é e será sempre matéria para muitos estudos. Ela é um fenômeno em nossa tão brilhante MPB. Seu estilo, sua interpretação não tem igual, nem semelhante. Fiquei muito contente em saber que ela será tema desse trabalho acadêmico. Abraço,
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