sábado, 30 de julho de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA

GRANDES INSTRUMENTISTAS PERNAMBUCANOS (I) – HERALDO DO MONTE


Heraldo do Monte, do Quarteto Novo e de todos nós


Nas duas últimas semanas, revelei aqui toda a emoção do desbravar a vida e a obra de Amélia Brandão Ney, pianista e compositora, uma das mais importantes personalidades da MPB, do choro e da pesquisa da cultura popular que, embora nascida em Jaboatão-PE, não me havia sido ainda apresentada.

Tia Amélia era, antes de tudo, uma musicista, uma instrumentista. Portanto, somando-se a outros momentos em que aqui abordei histórias de vida e obra de nomes como João Pernambuco, Luperce Miranda, Rossini Ferreira, Jacaré do Cavaquinho e Quincas Laranjeiras, o que realizo aqui é uma continuidade de levantamentos já iniciados.

“O Ovo” – de Geraldo Vandré e Hermeto Pascoal, execução do ‘Quarteto Novo’ – gravado em 1967 – Reparem a viola:



Desta vez, porém, trago novo elenco de conterrâneos instrumentistas, tais como Novelli, Heraldo do Monte, Paulo Raphael, Robertinho do Recife, Ivinho, Naná e Erasto Vasconcelos, maestro Moacir Santos de uma safra, chamemos de vanguardista, Antônio Nóbrega, maestro Spock, tomemos como frutos diretos da cultura popular e sua completa tradução e, no viés erudito Marlos Nobre, para compor provisoriamente um quadro. Neste contexto, destaco músicos que pertenceram a grupos definitivos para o amalgama da música regional, como o Quinteto Armorial, o Quinteto Violado e a Banda de Pau e Corda, sem, contundo, abordá-los enquanto conjuntos.

Abro esta série falando de Heraldo do Monte, músico que, embora tenha completado 80 anos, agora em maio de 2015, não teve como tantos outros, merecidamente, a data registrada em eventos, homenagens, sequer um show que lembrasse sua tão rica e criativa carreira de guitarrista, violista, cavaquinhista e contrabaixista, além de ser arranjador e compositor. Esteve no Sesc, aqui em São Paulo, em abril, mas em show isolado.


Aírto Moreira, Hermeto Pascoal,Heraldo do Monte e Théo de Barros: único LP gravado, em 1967


Heraldo do Monte nasceu no Recife, em 1º de maio de 1935. Começou a tocar clarineta ainda no colégio. Usando os métodos da clarineta, aprendeu sozinho a tocar violão.

Começou também a tocar cavaquinho e viola caipira, comprando depois uma guitarra para começar a ganhar a vida, trabalhando nas casas noturnas do Recife. Algum tempo depois partiu para São Paulo, onde se empregou na TV Tupi, acompanhando os músicos que se apresentavam na emissora.

Em 1966, entrou para o então “Trio Novo”, que veio a se tornar o “Quarteto Novo”. Nele tocavam ninguém menos que outros brilhantes músicos: Théo de Barros (contrabaixo), Hermeto Pascoal (piano e flauta) e Airto Moreira (bateria e percussão).

Heraldo do Monte – Viola Nordestina – Festival Nacional de Viola – Palácio das Artes – Belo Horizonte-MG – dezembro de 2010:



Com elementos jazzísticos numa sonoridade fortemente brasileira (principalmente nordestina), introduziram traços inovadores à música instrumental brasileira.

O “Quarteto” foi responsável pelos arranjos e a apresentação das músicas “Ponteio” (Edu Lobo) e “Disparada” (Geraldo Vandré e Théo de Barros) em festivais da Record.

Convidado por Edu Lobo, o quarteto partiu para e Europa para sua primeira turnê internacional. Com a ida de Airto Moreira para os EUA, o quarteto se manteve por um curto período com o baterista Nenê.

Gravou três discos nos três anos seguintes, já ao fim do quarteto, de 1970 a 1972. Na mesma década, fez o álbum “O Violão de Heraldo do Monte”.

Só voltaria a gravar quase dez anos mais tarde, ao lado de Elomar, Paulo Moura e Arthur Moreira Lima, o disco “ConSertão”.

Nos anos 80, gravou ainda os discos: “Heraldo do Monte, Cordas Mágicas” e “Cordas Vivas”. Passada mais uma década gravou o CD “Viola Nordestina” (em 2004). Com direção musical de seu filho, o guitarrista Luís do Monte, fez o CD Guitarra Brasileira, com temas inéditos e compostos exclusivamente para o projeto. Nele, Heraldo criou um mosaico com os estilos brasileiros, separados por suas respectivas regiões.

Heraldo do Monte

Considerado por Joe Pass (norte-americano, um dos maiores nomes da guitarra de jazz) o melhor guitarrista do mundo, gravou ao lado de Elis Regina, Quinteto Violado, Michel Legrand, Zimbro Trio e outros, além de se apresentar em grandes festivais de música ao redor do mundo, como Montreux, Montreal e Cuba.


Semana que vem, tem mais instrumentistas..


Fontes:
e-jazz – Fernando Jardim/Wikipedia/Acervo pessoal

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