sábado, 16 de julho de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA

SÉRIE “O CHORO” – PARTE IV




O “Sete Cordas”


Na sequência da série que venho escrevendo sobre o Choro, trago hoje algumas definições do que é e o que significa o Violão de 7 Cordas na história do choro e dos principais gêneros musicais brasileiros.


O Violão de 7 Cordas

Descrições e opiniões de ‘Dino 7 Cordas’; ‘Luizinho 7 Cordas’; de Rafael Rabelo; Luiz Filipe de Lima; e de outras fontes:

– Por Dino 7 Cordas

“Comecei a tocar violão de seis cordas aos seis anos. Tempos depois, fiquei encantado ouvindo as gravações de ‘Tute’ no violão de 7 cordas e mandei o Silvestre (?) fazer um para mim. Estreei em 1952. Ele representa tudo na minha vida, hoje não há grupo de choro que não tenha um”.

Arranjo de ‘Dino 7 Cordas’ para Carinhoso, com conjunto Época de Ouro:





– Por Luizinho

A diferença para o de seis cordas é que o de “Sete Cordas” começa porque é um violão diferente do de seis por que tem uma sétima corda, simples assim – como que traduzindo o óbvio (rs). Mas é um violão parecido do de seis acordes (vai explicando com o dedilhar do violão, o deslizar pelas cordas na vertical/diagonal, primeiro das seis para baixo e depois incluindo a sétima para que se note a mudança).

E tem a sétima corda que é uma corda mais grave, é um dó (Ôh e tira uma sonoridade!). Dedilha, sola e desliza os dedos outra vez. Nós temos o quê? Na sétima corda? Dó, Mi bemol, Ré, Dó sustenido. Só tem quatro notas a mais.

É o complemento de um som que não é executado num violão normal. Exemplo “chão de Estrelas….

Minha vida…… (buraco) era um palco iluminado…… (silêncio)…

Primeiro, ele faz com seis cordas, sem preenchimento e depois inclui a sétima, preenchendo todo o vazio melódico.

Nabuloso (Danilo Brito e Luizinho 7 Cordas) – O sutil, vibrante e fundamental violão de ‘Luizinho 7 Cordas’





Por Rafael Rabelo:

“No estilo choro, o violão caracteriza-se por frases de contraponto, geralmente em escala descendente, utilizando-se somente as cordas graves. Daí o nome ‘baixaria’ para a performance nessas cordas. Tute (*) sentia necessidade de algumas notas mais graves, daí a ideia de colocar uma corda a mais nos bordões”. É bom ressaltar que a baixaria do violão de “7 cordas” dá à música um sentido de continuidade, caracterizado pela presença de contracantos com a melodia.

Após a morte de Tute, ‘Dino 7 cordas’ seguiu seus passos, se tornando uma das maiores referências no instrumento ao lado do paulista de Mombuca, Ventura Ramirez.

Rafael Rabelo e Armandinho – Noites Cariocas (Jacob Bittencourt ou Jacob do Bandolim):




Por Luiz Filipe de Lima



Instrumento de origem russa – Os violonistas destacam algumas possíveis explicações para o atual momento do instrumento. O próprio reaquecimento do choro – a partir dos anos 1990 – e o surgimento de escolas como a Portátil (em 2000), no Rio, e a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello (1998), em Brasília, plantaram as bases do que se vê agora.

Da mesma forma, o aparecimento na última década de virtuoses como Yamandu e Rogério Caetano – que gravaram juntos em 2013 um raro álbum de dois sete cordas, o que não deixa de ser um indicativo também do que temos hoje – fez com que muitos olhos e ouvidos se voltassem para o instrumento.

Outro motivador foi o lançamento de material didático específico, também a partir da década passada, assim como o uso da internet como fonte de estudo.

Por outras fontes da bibliografia do assunto:

O violão de 7 cordas é um instrumento musical que consiste numa alteração do violão tradicional (com seis cordas) ao adicionar uma corda, mais grave que as demais. Originalmente, a corda adicionada era a de um violoncelo, afinada em dó, e necessitava do uso de uma dedeira no polegar. Mais tarde começou-se a usar uma corda grave, afinada em si ou em lá, feita como as demais cordas graves (bordões) do violão. Muitos violonistas utilizam, no choro, a sétima corda afinada em dó visto que existem muitos choros na tonalidade de dó e poucos em si. Assim um bordão com essa nota em corda solta facilitaria bastante a montagem de acordes e o desenvolvimento de frases de ‘baixaria’.

(*) Artur de Souza Nascimento, conhecido como Tute (Rio de Janeiro, 1 de julho de 1886 – Rio de Janeiro, 15 de junho de 1957) foi um músico, violonista de 6 e 7 cordas, bandolinista e banjoísta brasileiro. Na sua juventude, fez parte da Banda do Corpo de Bombeiros, sob a regência de Anacleto de Medeiros. É considerado o introdutor do violão de 7 cordas (com a sétima nota afinada em dó) nos conjuntos regionais de choro dos quais fez parte.

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