domingo, 31 de julho de 2016

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

Conhecido internacionalmente, Tito foi gravado por alguns dos grandes nomes da MPB


Gostaria de aproveitar a coluna de hoje para dar continuidade a abordagem da biografia do cantor e compositor Tito Madi, artista que abordei recentemente aqui mesmo nesta coluna. Lembro-me que na coluna passada houve muito mais um desabafo de minha parte para o ostracismo dedicado a um artista do quilate do Tito do que qualquer outra informação relevante. Lembro-me que dentre as poucas informações biográficas que trouxe do artista, havia a sua ida para a então capital paulista afim de dar continuidade a sua vida profissional, uma vez que os altos falantes aos quais era responsável em sua terra natal já não o satisfazia. Para quem não sabe Tito pretendia ser professor e para isso concluiu o curso que o habilitava a tal profissão e pretendia tornar-se professor em Cornélio Procópio, uma cidade ao norte do Paraná. Ao sair de sua cidade natal afim de chegar à Cornélio Procópio acabou por parar na cidade paulista de Rancharia. Por casualidade o carro demorou mais tempo do que deveria na cidade, e nesse ínterim Tito decidiu-se, antes de ir para Cornélio, tentar a carreira radiofônica em São Paulo. Fato que ocorreu de modo exitoso e o propiciou estabelecer-se na capital paulista onde teve a oportunidade de dar os seus primeiros passos na carreira artística em um início que ocorreu de modo interessante. Nesta ida à São Paulo afim de dar início a carreira artística, Tito resolveu visitar alguns parentes e amigos em uma pensão. Chegando lá encontra um violão e começa a cantar e tocar com os amigos. A filha da dona da pensão, concertista de piano e parente do locutor Ribeiro filho sugere que Tito a acompanhe até a Rádio Tupi para quem sabe poder fazer um teste na emissora. Tito nem sequer titubeou e seguiu com a jovem para a oportuna tentativa que acabou acontecendo e o credenciando a trabalhar na emissora por intermédio de Ribeiro filho(seu primeiro padrinho dentro do rádio).

Já trabalhando na emissora de rádio paulista, Tito tem a oportunidade de desenvolver suas outras habilidades e resolve aventurar-se como cantor e compositor. Começou a compor sob a influência de alguns dos diversos nomes que ouvia nas ondas sonoras das emissoras de rádio, em especial a Nacional,  quando ainda morava no interior paulista; no entanto, o próprio Tito afirma que suas maiores influências foram sem dúvida os cantores e compositores Dick Farney e Lúcio Alves (assim como também Dorival Caymmi, fonte da qual bebeu para adornar as suas primeiras composições). Neste início vale registrar que a sua primeira composição gravada foi a canção "Eu e você", pelo conjunto vocal Os Quatro Amigos; já sua primeira interpretação registrada em disco se deu em 1954 acompanhado pelo trio Tupi quando juntos gravaram pela continental um 78 rpm composto por duas canções de sua autoria em parceria com George Henry: o samba-canção "Pirajuí" e o samba "Não diga não", esta última viria a se tornar um clássico do seu repertório anos depois. Com esse disco, foi eleito cantor revelação do ano. Ao longo dos anos de 1950 sedimentou a sua carreira como cantor e compositor a partir de composições como "Joguete de amor"(parceria sua com Henry e registrada pela cantora Leni Caldeira), "Não diga não" (gravada pela cantora Nora Ney), "Encontro no sábado" (valsa também em parceria com George Henry e gravada por Orlando Ribeiro na Odeon) entre outras. Dentre seus registros estão o samba-canção "Vem felicidade" e o samba "Canto do engraxate", ambas de sua autoria. Sem contar registros como a da toada "A saudade apertou" e a valsa "Senhorita", de sua autoria. Profícuo, a década de 1950 para Tito não só colocou-o no rol dos grandes compositores e intérpretes do cancioneiro nacional como também acabou por sedimentar seu nome como um dos gêneros mais representativos deste período: o samba-canção.

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