sexta-feira, 22 de julho de 2016

CENTENÁRIO DE MARINO PINTO

Filho do violonista e cantor amador Diogo Feliciano Pinto e de Maria Madureira Pinto. Teve quatro irmãos. Começou a aprender a ler e escrever com sua tia Irene aos três anos de idade, e aos seis entrou para a Escola Pública de Bom Jardim, onde concluiu o curso primário. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1927, indo residir com seu tio materno, Luís Madureira Pinto. Em 1928, matriculou-se no Ginásio São Bento, no mesmo ano em que Noel Rosa ali concluía seu curso ginasial, terminando o curso em 1933. 

Escreveu sua primeira composição "Ilka", aos 11 anos de idade, dedicada a uma namorada. Com 13 anos, passou a freqüentar aos domingos a Rádio Philips, tornando-se grande admirador de Sílvio Caldas. Em 1934 , foi aprovado no vestibular para Direito, não tendo concluído

o curso. Dedicou-se ao Jornalismo, trabalhando inicialmente no jornal "Avante", onde teve como secretário o letrista Jorge Faraj. Trabalhou, posteriormente, em "A pátria", "A nação", fundou "O mundo", "A nota", e trabalhou nas sucursais das "Folhas" da Manhã e da Noite de São Paulo. 

Em 1943, abandonou o Jornalismo, empregando-se no comércio, com um convite para ser gerente da Casa Waldeck. Ali, teve como companheiros os então vendedores Haroldo Lobo e Milton de Oliveira. Deixou o emprego em 1945, para dedicar-se, exclusivamente, à carreira artística. Em 1946, fundou com um grupo de compositores a Sbacem, Sociedade Brasileira de Autores, Compositores, e Escritores de Música. 

Em 1951, devido a seu conhecimento com Getúlio Vargas, foi nomeado censor do Departamento Federal de Segurança Pública, cargo que manteve pelo resto de sua vida. Em 1957, foi presidente do conselho deliberativo da Sbacem, sendo eleito em 1959, conselheiro vitalício e um ano mais tarde, presidente da entidade, tendo sido reeleito em 1962 e 1964. Em 1959, casou-se com Zaíra Ferreira.

Iniciou sua carreira de compositor em 1938, a princípio apenas como letrista. Nesse mesmo ano, sua composição "Fale mal...mas fale de mim", em parceria com Ataulfo Alves, foi gravada com sucesso por Aracy de Almeida. Ainda em 1939, firmou parceria com Wilson Batista e a primeira composição da nova parceria gravada foi a marcha "Vale mais", por Lolita França na Victor. Em 1940, seus sambas "Positivamente não" e "Continua", receberam melodias de Ataulfo Alves e foram gravados por Aracy de Almeida na Victor. Nesse ano, também na Victor, Carlos Galhardo gravou o samba "Deus no céu e ela na terra", com Wilson Batista, um dos grandes destaques dessa parceria. No ano seguinte, seu samba "Preconceito", com Wilson Batista foi gravado por Orlando Silva. Ainda em 1941, teve gravado o samba "Aproveita Beleléu", com Murilo Caldas. 


Em 1942, compôs um dos seus grandes sucessos, o samba "Aos pés da cruz", em parceria com Zé da Zilda. Último grande sucesso de Orlando Silva na Victor, o samba já era conhecido meses antes de sua gravação, quando o cantor o lançou em programas radiofônicos, numa excursão ao Norte e Nordeste. Nesse ano, Isaura Garcia gravou na Columbia o samba "Teleco-teco", com Murilo Caldas; Francisco Alves, na Odeon, a marcha "Ela partiu... (sabe moço?)", com Pedro Caetano; Carlos Galhardo na Victor o samba "Largo da Lapa", com Wilson Batista e Aracy de Almeida, também na Odeon, gravou com Regional Odeon o samba "50%", com Sílvio Caldas. Em 1943, fez com Antônio Almeida os sambas "Andorinha bateu asa" e "A mulher tá com a razão" gravados pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa. Nesse ano, Carlos Galhardo gravou o samba "Seis meses depois", com Valdemar Gomes e Roberto Paiva o samba "Por mais um pouco", com Haroldo Lobo. Em 1944, teve novo samba gravado pelos Quatro Ases e Um Coringa, "O samba não morre", com Arlindo Marques Jr. Também nesse ano, Aracy de Almeida gravou na Odeon o samba "Ele disse adeus", com Claudionor Cruz. Na Victor, Isaura Garcia gravou o choro "Amanhã tem baile", com Ciro de Souza; Carlos Galhardo o samba "Desacordo", com Valdemar Gomes; os Anjos do Inferno o samba "Quando eu gostava dela", com Arlindo Marques Jr. e Sílvio Caldas a marcha "Pif-paf", com Eratóstenes Frazão. Também nesse ano, a Continental lançou o samba "A morena que eu gosto", gravada por Déo em 1942 e um de seus grandes sucessos com Wilson Batista.

Em 1945, teve gravados os sambas "Moleque vagabundo", com Antônio Almeida, por Cyro Monteiro, "Que gostinho bom", com Mário Rossi e "Cuidado com o andor", com Mário Lago, pelo grupo Anjos do Inferno, "A saudade continua", por Isaura Garcia e "É sempre bom", por Nelson Gonçalves, os dois últimos com com Valdemar Gomes. Em 1946, teve os sambas "Eu, ele e você", com Luiz Bittencourt gravado por Orlando Silva "Quem haveria de pensar", com Valdemar Gomes e "Nair", registrados por Déo. A partir de 1947, passou a fazer composições com Herivelto Martins e Mário Rossi, música que receberia pouco depois, anos 1950, consagradora gravação de Elizeth Cardoso. Nesse ano, foi novamente gravado por Aracy de Almeida, com o samba "Cidade do interior", com Mário Rossi. Ainda no mesmo ano, outra composição sua que se tornaria um clássico foi gravada, o samba "Segredo", parceria com Herivelto Martins, sucesso de Dalva de Oliveira, um mês depois gravada por Nélson Gonçalves. De estilo dramático-sentimental, "Segredo", tornou-se um dos maiores sucessos daquele ano, sendo ele o autor da segunda parte, feita a pedido de Dalva de Oliveira. A música acabaria por integrar, depois, a polêmica musical Dalva-Herivelto.



Teve no ano seguinte outra parceria com Herivelto Martins gravada, o samba "Tormento", pelos Vocalistas Tropicais na Odeon. Também em 1948, obteve outro sucesso com Herivelto Martins com o samba "Cabelos brancos" gravado pelo grupo Quatro Ases e Um Coringa na Odeon, lançado para o carnaval de 1949, acabou por se consagrar como um clássico de meio-de-ano. Foi regravado por outros intérpretes dentre os quais Nélson Gonçalves e Sílvio Caldas. Em 1949, três de suas composições foram gravadas por Dircinha Batista na Odeon, o bolero "Fica comigo", com Mário Rossi e os sambas "Minha saudade", com Pernambuco e "Café requentado", com Mário Rossi. Nesse ano, os Vocalistas Tropicais gravaram o samba "Ilha dos amores", com Valdemar Silva e Gilberto Milfont o samba "Capricho inútil", com Mário Rossi. 

Em 1950, compôs com letra de Mário Rossi o bolero "Que será?", grande sucesso que correu o Brasil na voz de Dalva de Oliveira. A música veio abastecer o repertório da cantora, na época envolvida em sua polêmica separação do compositor Herivelto Martins. Ainda nesse ano, o compositor, que sempre teve admiração pelo Presidente Getúlio Vargas, compôs com Haroldo Lobo para o carnaval do ano seguinte a marcha "O retrato do velho", gravada com enorme sucesso por Francisco Alves na Odeon. Em 1951, teve o samba "Calúnia", com Paulo Soledade gravado por Dalva de Oliveira que obteve sucesso nesse ano ainda com a marcha "Estrela do mar", também parceria com Paulo Soledade. Em 1952, teve a marcha "Meu balão perdeu o gás", com Màrio Rossi gravada pelos Anjos do Inferno e o bolero "Há quanto tempo?", com Don Al Bibi, gravado por Heleninha Costa, ambas na RCA Victor. Nesse ano, desenvolveu parceria com Manezinho Araújo com quem compôs os sambas "Rua de valentão", lançado por Linda Batista e "Por essa mulher", gravado por Gilberto Milfont e a marcha "Pula, caminha...", gravada pelos Quatro Ases e Um Coringa. Em 1953, foram gravadas ma marcha "Viva a pátria e chova arroz", com Manezinho Araújo e o samba "Cidade de São Sebastião", com Paulo Soledade, lançadas pelos Anjos do Inferno. Em 1954, o radialista César de Alencar gravou a marcha "Que confusão", outra parceria com Manezinho Araújo; Jorge Goulart o samba "Quem ainda não pecou", com Mário Rossi e Valdir Calmon e seu conjunto o bolero "Por quanto tempo?", parceria com Don Al Bibi.



Em 1955, o Trio Irakitan regravou o samba "Segredo" e Jorge Goulart gravou o samba "Decisão", com Mário Rossi. Nesse ano, teve outra composição gravada por Dalva de Oliveira, o samba "Foi bom", parceria com Haroldo Lobo. Também nesse ano, Helena de Lima gravou na Continental um dos seus maiores sucessos, o samba-prelúdio "Prece", parceria com Vadico no disco que trazia outro samba-prelúdio da mesma dupla de compositores, "Coração, atenção!". No ano seguinte, o samba-prelúdio "Prece" foi regravado por Lana Bittencourt na Columbia. Em 1957, o Trio Nagô regravou na RCA Victor o samba "Prece" e a marcha "Inflação de mulheres", composta em parceria com Frazão, foi gravada na Continental para o carnaval do ano seguinte por Jorge Goulart. Ainda nesse ano, teve gravada a primeira de suas composições feitas em parceria com então iniciante maestro Antônio Carlos Jobim, o samba-canção "Sucedeu assim", lançada por Vanja Orico na Sinter e logo depois por Sylvia Telles. Em 1958, sua segunda parceria com Tom Jobim foi gravada, o samba "Aula de matemática", lançado por Carlos José na Polydor. Em 1959, João Gilberto regravou o samba "Aos pés da cruz" em seu primeiro LP , Chega de Saudade. 

Em 1960, a gravadora Copacabana lançou um LP só com composições suas na voz de Elizeth Cardoso. Em 1961, fez com Felisberto Martins o bolero "Por favor eu lhe peço" gravado pelo Duo Irmãos Vieira na RGE. Em 1963, seu samba "Segredo" foi regravado por Rosana Toledo na RGE em forma de marcha-rancho e a "Canção do olhar amado", feita com Chico Feitosa foi gravada por Carminha Mascarenhas na Copacabana.

Sua última música, a valsa "Minha cidade" foi composta em 1965, em parceria com Mário Rossi. Em 1979, Tom Jobim regravou com Miúcha o samba "Aula de matemática", parceria dos dois. Em 1981, o samba Ai, quem me dera", foi gravado duas vezes: Por Tom Jobim e Edu Lobo no disco "Tom e Edu", abrindo o LP e pelo pelo Quarteto em Cy. Em 1985, o samba "Preconceito" foi cantado por João Gilberto no Festival de Montreux. Em 1986, o mesmo samba foi apresentado por Chico Buarque, Caetano Veloso e Paulinho da Viola num dos programas "Chico e Caetano", produzidos pela TV Globo. Em 2000, João Gilberto fez uma releitura do samba "Segredo", registrada em "João Voz e Violão".

Deixou cerca de 300 composições, dentre as quais grandes sucessos da Música Popular Brasileira. Sua importância como compositor e a perenidade de sua obra podem ser vistas na aproximação que teve com parceiros de estilos aparentemente díspares como Wilson Batista e Antônio Carlos Jobim.


Fonte: Dicionário da MPB

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