domingo, 12 de junho de 2016

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB


Hoje resolvi retomar uma série que comecei a escrever já faz algum tempo contando algumas curiosidades sobre ícones de nossa música popular brasileira. Depois de trazer ao conhecimento do público leitor algumas histórias e estórias sobre nomes como Tom Jobim, Antonio Maria, Tim Maia, Vinicius de Moraes e tantos outros que perpetuaram seu nome no cancioneiro popular brasileiro. Como estamos às vésperas dos festejos juninos aqui no Nordeste, não poderia de deixar abordar o nome de um dos mais relevantes artistas de todos os tempos da música nordestina que foi o paraibano de Alagoa Grande José Gomes Filho ou, como tornou-se nacionalmente conhecido, Jackson do Pandeiro.

Este nome artístico surgiu de um apelido que ele mesmo se dava: Jack, inspirado no mocinho de filmes de faroeste cujo nome era Jack Perry. Até chegar a Jackson do Pandeiro, chamou-se a princípio de Zé Jack e, quando começa a ganhar destaque como pandeirista ainda em Campina Grande passa a ser conhecido como Jack do Pandeiro. A mudança de Jack para Jackson só ocorreu por sugestão de um diretor de programa da rádio a qual Jackson fazia parte do casting, pois acreditava que tal mudança ficaria mais sonoro e causaria mais efeito quando fosse ser anunciado.

Nesse meio tempo, ainda nos anos de 1940, forma a dupla Café com Leite com o amigo Zé Lacerda (que foge para casar e acaba desfazendo a dupla). Em seguida muda-se para João Pessoa e passa a integrar o casting da Rádio Tabajara, onde retoma a dupla Café com Leite (dessa vez com Rosil Cavalcanti, autor de cerca de 130 músicas, dentre estas diversos sucessos gravados pelo músico posteriormente). Depois de desfeita a dupla com Rosil começa a delinear a sua carreira a partir de apresentações para além da capital paraibana. Em uma dessas excursões, ao ir se apresentar na capital pernambucana, tem a oportunidade de conhecer a olindense Almira Castilho de Albuquerque, radioatriz da Rádio Jornal do Commercio e que viria a se tornar a sua primeira esposa.

Em 1953, quando encontra-se com trinta e cinco anos, ganha a oportunidade de ter o seu primeiro registro fonográfico. E neste 78rpm consta dois dos maiores sucessos de todos os tempos não apenas da carreira do artista, mas do cancioneiro popular nordestino. Nele Jackson grava “Sebastiana“, do seu amigo e ex-parceiro Rosil e “Forró em Limoeiro“, composto por Edgar Ferreira (que no ano seguinte o presenteou com mais três canções: “Um a um“, “Vou gargalhar” e “Dezessete na corrente“, este último com Manuel Firmino Alves. Sem contar outros sucessos como “Ele disse“, uma homenagem póstuma ao presidente Getúlio Vargas morto dois anos antes da homenagem).

Além dos ritmos juninos, Jackson do Pandeiro também foi responsável pelo registro de frevos (a exemplo de “Micróbio no frevo“), marchas (“Velho sapeca“), sambas (“O que era a favela“), cocos (“Cajueiro“) entre outros ritmos que corroboraram significadamente para tornar o saudoso músico paraibano como um dos grandes ícones não apenas da música nordestina, mas nacional. Suas interpretações e suingue fizeram e continua a fazer escola mesmo passado 34 anos de sua morte, uma vez que sua última apresentação ocorreu no 03 de julho de 1982 na III Festa Junina da Associação de Servidores do Ministério da Educação e uma das fotografias desta apresentação é a que ilustra esta pauta.

Vale registrar que antes de estourar como cantor e instrumentista na década de 1950, Jackson chegou a encenar o chamado pastoril profano, onde ficou conhecido em um dos bairros de Campina Grande como palhaço Parafuso. Além desse ofício, exerceu também o de arqueiro, pois foi goleiro do Central de Campina Grande.
Aos amigos leitores ficam registradas aqui duas canções na voz do saudoso Rei do ritmo.

A primeira trata-se de “Dr. Boticário”, uma composição do próprio Jackson em parceria com Nivaldo Lima e gravada pelo paraibano em 1961 no LP “Ritmo, melodia e a personalidade de Jackson do Pandeiro”:




A segunda canção trata-se de “Secretária do Diabo”, música de autoria de Osvaldo Oliveira e presente no LP “O cabra da peste”, disco lançado em 1966:

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