terça-feira, 28 de junho de 2016

MEMÓRIA MUSICAL BRASILEIRA

Disco que conta com arranjos de nomes como Wagner Tiso e Gilberto Gil, "Domingo Menino Dominguinhos" completa 40 anos



Dominguinhos – Domingo Menino Dominguinhos (Philips) (1976)

“Um dia desses eu mostrei esse disco prum grande colega e sanfoneiro americano, o Robert Curto que toca música brasileira como poucos e na mesma hora ele disse: “Caralho, o que o Dominguinhos estava ouvindo nessa época pra gravar este disco ? Será que ele ouvia Charlie Parker, John Coltrane ?

Primeiramente a banda que o acompanha neste disco é da pesada: Wagner Tiso no piano, Toninho Horta nas guitarras, Jackson do Pandeiro na percussão, Altamiro Carrilho na flauta (não tem na ficha técnica, mas o Dominguinhos que me disse), Gilberto Gil no violão e outros músicos completam essa “gig” jazzística.

O repertório é de primeira também. Dominguinhos e sua parceira Anastácia assinam grande parte da autoria das músicas do disco. Quero um Xamego. O Babulina (um samba-rock de sanfona), Destino Traquino, De Mala e Cuia, Tenho Sede (maravilhosa !!!), Forró do Sertão, Veja, Cheguei pra ficar e Canto de Acauã são da dupla. Algumas são lentinhas e tem uma cadência que emociona com Dominguinhos brincando com sua sanfona nos intervalos dos versos. Tem um samba muito bonito da Anastácia chamado Minha Ilusão, em que Altamiro Carrilho coloca sua flauta numa introdução belíssima e Dominguinhos canta com uma leveza e facilidade incríveis. O mesmo Altamiro Carrilho é autor de Gracioso, um choro invocado e com um groove anos 70. A última faixa do disco é Baião Violado, do Dominguinhos, que pra mim é a melhor. Wagner Tiso arrebenta num solo e Dominguinhos com seus contrapontos incríveis mostra seu lado improvisador.

Dominguinhos é um músico completo. Em 1949 / 1950 conheceu Luiz Gonzaga que na mesma hora lhe deu 300 mil réis e seu endereço no Rio de Janeiro. Foi bater na porta do Mestre Lua em 1954 aos 13 anos no Rio de Janeiro. Na mesma hora o Mestre Lua lhe deu uma sanfona de 80 baixos. No RJ foi servente de pedreiro, tintureiro e tocava nos fins de semana com seu pai e irmãos nas festas.

Passou muitos anos da sua vida tocando em boates e cabarés no Rio de Janeiro. Nos cabarés ele tocava de tudo: Jazz, Bolero, Samba-Canção, Bossa Nova, choros e claro alguns forrós. E ainda por cima, substituía nada mais nada menos que Orlando Silveira no regional do Canhoto e Chiquinho do Acordeon na Rádio Nacional, Rádio Tupi, Rádio Mayrink Veiga. Nas rádios acompanhava Caubi Peixoto, Nelson Gonçalves, Ciro Monteiro, Dalva de Oliveira e qualquer um que aparecia. Não queria gravar discos, até que em 1964, Pedro Sertanejo (pai de Oswaldinho do Acordeon) o levou pra gravar na sua gravadora, a Cantagalo, sediada em São Paulo. Foi lá e gravou Fim de Festa. O primeiro de uma série de discos consagrados desse grande compositor e versátil instrumentista da Música Brasileira.


Faixas:
01 - Quero um xamego (Anastácia - Dominguinhos)
02 - O babulina (Anastácia - Dominguinhos)
03 - Destino traquino (Anastácia - Dominguinhos)
04 - De mala e cuia (Anastácia - Dominguinhos)
05 - Minha ilusão (Anastácia)
06 - Gracioso (Altamiro Carrilho)
07 - Tenho sede (Anastácia - Dominguinhos)
08 - Forró do sertão (Anastácia - Dominguinhos)
09 - Veja (Anastácia - Dominguinhos)
10 - Cheguei pra ficar (Anastácia - Dominguinhos)
11 - O canto de acauã (Anastácia - Dominguinhos)
12 - Baião Violado (Dominguinhos)


Fonte: Forró em Vinil

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