2016 é marcado pelas nove décadas desses dois saudosos sambistas salgueirense.
Por Sueli Gushi e Sindicato do SAamba
Eduardo de Oliveira, que ficou conhecido como Duduca do Salgueiro, nasceu em 8 de junho de 1926, na cidade do Rio de Janeiro, RJ, na Chácara do Vintém, e aos sete anos, depois que a família foi despejada junto com outros moradores do local pelo calabrês Emílio Turano, foi morar no Morro do Salgueiro.
Desde menino desfilava na Escola de Samba Depois Eu Digo, uma das três existentes no morro, juntamente com a Unidos do Salgueiro e a Azul e Branca. Tocava tamborim e outros instrumentos de percussão.
Seu pai, Paulino de Oliveira, foi presidente da Depois Eu Digo, que depois se uniu às outras duas, surgindo daí a Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, tendo o próprio Paulino de Oliveira como seu primeiro presidente .
Aos 17 anos, Duduca compôs o seu primeiro samba para uma namorada chamada Elza e, ao mostrá-lo para o compositor Matinadas, da Escola de Samba Depois Eu Digo, foi convidado pelo mesmo a compor para esta escola, chegando ao cargo de diretor de harmonia, que manteve mesmo com a fusão das três escolas.
No dia 3 de março de 1953, participou da fundação da Acadêmicos do Salgueiro ao lado de Geraldo Babão, Casemiro Calça Larga, entre outros.
Em 1954 compôs, juntamente com Abelardo e Juca, de um dos primeiros sambas-enredo do Salgueiro "Romaria à Bahia", com o qual a escola classificou-se em 3º lugar do Grupo 1 no desfile daquele ano.
Em 1955 compôs "Epopéia do samba", com Juca e Bala, em homenagem ao ex-prefeito Pedro Ernesto Batista, um entusiasta das escolas de samba, um dos primeiros a trabalhar para que o desfile torna-se uma atração turística mundial, alcançando o quarto lugar do Grupo 1.
Em 1961 compôs "A vida e a obra de Aleijadinho", em parceria com Bala, classificada em segundo lugar no desfile.
No ano de 1964, assumiu o cargo de presidente da Ala dos Compositores da Acadêmicos do Salgueiro, que ocupou até a sua morte.
Em 1974, Elza Soares gravou em LP uma composição sua, "Nem vem", em parceria com Noel Rosa de Oliveira e José Alves.
Faleceu em 29 de junho de 1978, na cidade do Rio de Janeiro, RJ, quando ainda estava em plena criação artística.
Geraldo Babão
“Quem sabe das coisas é o Geraldo Babão! Lá do Salgueiro!”, dizia Martinho da Vila.
Geraldo Babão (Geraldo Soares de Carvalho, compositor, instrumentista e flautista (de onde herdou o apelido Babão), nasceu no bairro Terreiro Grande, no Morro do Salgueiro, Rio de Janeiro em 20/7/1926, e faleceu na mesma cidade em 22/5/1988. Durante anos trabalhou como carregador de engradados de cerveja, trocador de ônibus, engraxate e entregador.
Compositor brilhante, Geraldo Babão teve seu primeiro samba-enredo cantado em 1940, ainda na Unidos do Salgueiro, quando a escola desfilou na Praça Onze, com o enredo "Terra Amada".
Com a fusão das escolas Azul e Branco e Depois Eu Digo, para a fundação do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, Geraldo Babão continuou fiel à Unidos do Salgueiro que viria a desaparecer alguns anos mais tarde, e passou a fazer parte também da ala de compositores da Unidos de Vila Isabel, onde compôs os sambas de enredo "Castro Alves - Poeta dos escravos" (1959) e "Imprensa régia" (1960).
Em 1962, convidado por seu amigo Tião da Alda, então diretor de bateria do Salgueiro, passou a integrar a Ala dos Compositores da escola. O samba-enredo "Descobrimento do Brasil", de sua autoria, classificou o Salgueiro em terceiro lugar no Grupo 1 do carnaval daquele ano.
Dois anos depois, compôs com seu irmão, irmão Jarbas Soares de Carvalho (Binha) e Djalma Sabiá, um dos mais conhecidos sambas da escola: Chico-Rei.
A escola seria campeã do carnaval, em 1965 - História do Carnaval Carioca - com um samba feito por Babão em parceria com Valdelino Rosa. A escola desfilaria ainda com um samba de Geraldo Babão em 1973 ("Eneida, amor e fantasia") e 1977 ("Do cauim ao efó, com moça branca, branquinha).
Em 1974, foi lançado o LP "História das escolas de samba: Salgueiro", pelo selo Marcus Pereira, no qual interpretou algumas de suas composições. Dois anos depois, sua composição "Samba do sofá" (com Dicró) foi registrada por Roberto Ribeiro, no LP "Arrasta povo".
Faleceu em consequência de complicações acarretadas por um tombo na escadaria que liga a Lapa (Rua Joaquim Silva) à Santa Teresa.
Após sua morte, a BMG lançou, em 2001, a série "Sambas da Minha Terra", coletânea que incluiu sua composição "Viola de maçaranduba", cantada pelo próprio Geraldo Babão. No ano de 2002, Martinho da Vila incluiu "Chico Rei" no disco "Voz e coração", com a participação especial do percussionista Naná Vasconcelos.
O sambista foi um versador do primeiro time, como mostra o documentário “Partideiros”, lançado em 1978, sob a direção de Carlos Tourinho e Clóvis Scarpino. Vale assistir.
Geraldo é um dos maiores nomes da agremiação que ajudou a fundar, inclusive com um samba de união, o Salgueiro, e autor de diversos sambas-enredo da escola.
Seu pai músico o ensinou a tocar flauta, seu diferencial e motivo do seu apelido:
“Tocava horas a fio pelas vielas do morro, e a saliva que saía da boca para não machucar os lábios em contato com a flauta lhe rendeu o apelido que o consagraria no carnaval carioca: Geraldo Babão”, como conta a reportagem do jornal Extra.
Já este depoimento do Djalma Sabiá, único fundador vivo da escola, ressalta essa qualidade musical de Geraldo: “não tinha pra ninguém”. E revela: “tinha que comprar conhaque, cachaça. Ele só funcionava assim”:
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