quinta-feira, 9 de junho de 2016

ROSIL CAVALCANTI O PERNAMBUCANO QUE VIROU MITO NA PARAÍBA

Ele foi radialista e um dos principais autores da música nordestina

Por José Teles



Um dos principais compositores do forró, coletivo que abriga a variedade de ritmos estilizados por Luiz Gonzaga e parceiros a partir de meados do anos 1940, Rosil de Assis Cavalcanti, pernambucano de Macaparana, completaria 100 anos no último dia 20 de dezembro, mas só está sendo lembrado em Campina Grande, cidade que o adotou e onde morreu, em julho de 1968, de um infarto fulminante. Apresentador do mais célebre de todos os programas dedicados à música nordestina, o Forró de Zé Lagoa, Rosil Cavalcanti é autor de pelo menos duas dezenas de clássicos, muitos deles transcendendo às fronteiras do forró: Sebastiana, Na Base da Chinela, Tropeiros da Borborema, Faz Força, Zé, A Festa do Milho, Lei da Compensação, Meu Cariri, Ô Veio Macho, Os Cabelos de Maria ­ uma lista não muito longa, mas consistente.

Ele foi gravado por nomes que vão de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Marinês a Genival Lacerda, Clara Nunes, Dominguinhos, Gal Costa, Elba Ramalho, Silvério Pessoa ­ uma lista muito longa e igualmente consistente. O campinense Rômulo Nóbrega e o recifense José Alves Batista passaram duas décadas para bater o martelo e declarar terminada a primeiro biografia de peso do compositor: Para Dançar e Xaxar na Paraíba ­ Andanças de Rosil Cavalcanti, bancado quase inteiramente pelos autores. Mas esta empreitada não poderia ter parceria mais afinada. Nóbrega sempre foi fissurado na figura do biografado que virou um mito em Campina Grande, enquanto Batista é um dos mais respeitados pesquisadores de música popular brasileira: "A gente se conheceu quando ele fez uma visita a Capiba e eu estava lá. Algum tempo depois, Rômulo me telefonou pra saber se eu queria participar de um concurso sobre Rosil Cavalcanti patrocinado pela prefeitura de Campina. Eles premiavam uma monografia sobre o personagem que fosse nome de alguma rua da cidade, isso foi em 1994", conta Batista.




Durante 21 anos, os dois foram tocando a biografia. Desistiram de procurar apoio de órgãos públicos. As viagens que fizeram foi por conta própria: para o Rio, Aracaju, por algumas cidades da Paraíba e, obviamente, para Macaparana, terra natal de Rosil Cavalcanti, que é de família ilustre de Pernambuco. De usineiros e políticos, a exemplo dos ex­governadores Moura Cavalcanti e Joaquim Francisco (que assina o posfácio do livro), do deputado Maviael Cavalcanti. O pai do compositor, Tenente Chiquinho Cavalcanti, era do ramo da usina. Possuía três propriedades: o Engenho Zabelê (que virou música de Rosil), o Engenho Monte Alegre e a Fazenda Massaranduba. Rosil Cavalcanti, no entanto, saiu cedo de casa.

Ganhou a vida durante muitos anos como funcionário público, em Sergipe, na Paraíba, na capital e no interior, até se fixar em Campina Grande, onde se tornou celebridade local, em programas antológicos nas emissoras da cidade, complementando a renda com um grupo de forró, do qual foi zabumbeiro elogiado. Com Jackson do Pandeiro ele ensaiou os primeiros passos no rádio, formando uma dupla de humor, a Café com Leite. Desta só ficou uma amizade que fez de Jackson do Pandeiro o principal intérprete de Rosil Cavalcanti. 

Coincidentemente, ambos morreram no dia 10 de julho (Jackson em 1982) da mesma causa: ataque cardíaco.

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