Trajetória do interior para grandes cidades, sem desistir do gosto pela música, se repete em histórias de artistas paraibanos que seguem o compasso do rei do ritmo.
Por Sílvia Torres e Waléria Assunção, TV Cabo Branco e TV Paraíba
Chiquito contou que, pouco tempo depois, se mudou para a capital paraibana para cursar um bacharelado. Em seguida, ingressou para a Orquestra Sinfônica, tomando um caminho parecido com de Jackson do Pandeiro. Em João Pessoa, o rei do ritmo tocou em bares e foi contratado para participar da orquestra da rádio Tabajara.
Francisco, que também é multi-instrumentista, relatou que ajudou a criar diversos grupos musicais, incluindo o projeto de forró "Fulô Mimosa", composto por sete mulheres.
No entanto, um dos trabalhos que mais se destaca é a “Sinfonia do Pandeiro”. Defensor da cultura nordestina, o maestro estudou as obras de Jackson e, após um desafio, criou a composição.
“Jackson fez todo tipo de ritmo, ele misturou todo tipo de ritmo, e essas coisas ficaram como o legado para a música nordestina. É uma referência como é para todos os músicos do Brasil e uma boa parte dos músicos do mundo. Jackson do Pandeiro é universal. É um gênio como foi Luiz Gonzaga, são dois gênios de estilos diferentes”, comentou
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domingo, 10 de novembro de 2019
MARCAS DE JACKSON DO PANDEIRO, AMOR À MÚSICA E RESISTÊNCIA FAZEM PARTE DE HISTÓRIAS DE ARTISTAS DA PB
Jackson do Pandeiro — Foto: Aníbal Philot/18-8-1981
Filho de pais pobres, nascido no interior do estado, que, mesmo em meio às dificuldades, nunca abandonou o gosto pela música. Inserida nessa narrativa está a vida de Jackson do Pandeiro. O refrão se repete na trajetória de outros músicos paraibanos. Como fonte de inspiração, o rei do ritmo também guiou o compasso de histórias parecidas.
Em comemoração ao centenário de José Gomes Filho, nome real do compositor nascido em 1919, instrumentistas paraibanos comentaram sobre a trajetória na música e a relação com a vida e obra de Jackson, em entrevistas às reportagens das TV’s Cabo Branco e Paraíba.
Sinfonia do Pandeiro
Paraibano Maestro Chiquito criou a 'Sinfonia do Pandeiro' — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
Paraibano de Santa Luzia, no Sertão, Francisco Fernandes Filho explicou que foi praticamente criado pela avó, porque o pai morreu pouco tempo depois de que ele nasceu e a mãe dava aulas na zona rural da cidade.
Assim como na vida de Jackson, a paixão pela música foi despertada logo cedo. Ainda criança, o Maestro Chiquito, como é conhecido, começou a tocar um instrumento parecido com a zabumba, em um trio de forró.
“Aos 14 comecei a estudar música, aos 16 entrei na banda de música. Depois, quando fui tirar os documentos, me perguntaram se músico era profissão. Eu fiquei na dúvida, mas no meu pensamento, arriscando ser preso, eu disse que era”, disse.
Assim como na vida do rei do ritmo, gosto de Ian Tales pela música surgiu ainda quando pequeno, devido às influências da família — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
Natural de Picuí, no Brejo paraibano, tal como Jackson que acompanhava a mãe nas rodas de coco, Ian Tales conviveu com a música desde pequeno. As melodias sempre estiveram por perto, por meio do avô, da avó e da mãe, que cantavam, e do tio e da irmã, que participavam de bandas marciais.
“Eu lembro que eu era bem pequeno, tipo uns quatro anos de idade. O primeiro instrumento, que não era instrumento, era um talo de carrapateira, que meu avô tirava e eu dizia que era flauta. Só que eu não chamava de flauta, não sabia que era flauta, chamava de ‘tuiútutu’”, disse.
Aos 16 anos, Ian se mudou para João Pessoa, caminho parecido com o seguido pela família do rei do ritmo ao deixar Alagoa Grande para ir para Campina Grande, em busca de uma vida melhor.
“Desde que eu realmente entendi o gosto pela música, o que eu queria fazer, eu decidi que eu queria me aventurar no mundo e me arriscar como todas as pessoas fazem, em busca de seus objetivos, seus sonhos”, contou.
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Na capital paraibana, o então adolescente decidiu prestar vestibular para o curso de música na Universidade Federal da Paraíba. A paixão pelo clarinete surgiu quando ele encontrou o instrumento no arquivo morto da banda, em meio aos itens que haviam deixados de ser usado por outros.
“Ele era metade de uma marca e metade de outra. Era até de duas cores. Na época, como eu não tinha condições pra comprar um instrumento, como tinha esse lá, eu peguei. Montei o instrumento, não saía nada”, lembrou.
Depois de passar por cinco audições, o instrumentista ingressou na Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba, grupo que ainda integra, com o sonho de que a música seja um meio de transformar a vida das pessoas.
Além do talento, Baixinho do Pandeiro é lembrado pelas semelhanças com o rei do ritmo — Foto: TV Paraíba/Reprodução
Em Campina Grande, terra pela qual Jackson do Pandeiro demonstrou um enorme carinho em diversas ocasiões, as influências do artista podem ser observadas em dois fortes nomes da cultura regional: Baixinho do Pandeiro e Biliu de Campina. O depoimento dos músicos sobre Jackson é retratado no curta-documental "Galos de Campina", dirigido por Yago Paolo.
Lembrado pelo talento e pela semelhança física com o rei do ritmo, inclusive a estatura, o amor de Baixinho pelo pandeiro também surgiu quando ele era ainda criança, mas, devido às condições financeiras da família, o artista decidiu montar o próprio instrumento.
Para isso, José Pedro Fernandes utilizou uma lata de goiabada. Natural de Remígio, município do Brejo do estado, o instrumentista começou a carreira em Campina Grande e transformou a brincadeira em profissão.
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Já Biliu de Campina se assemelha a Jackson no estilo de tocar, ao passear pelos diferentes ritmos, especialmente o conhecido como "rojão". Com admiração, o músico lembrou as vezes em que ouviu apresentações do rei do ritmo.
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