Nas redes sociais, fãs relatam, com carinho, até sumiços do cantor
Belchior aparece em várias histórias pessoais no Recife
Trilha sonora e sentimental de várias gerações, a morte do cantor Belchior está provocando uma onda de depoimentos afetivos com sua memória no Recife Fãs e até jornalistas lembram de momentos marcados pela genialidade e delicadeza do cantor cearense.
A jornalista pernambucana Débora Nascimento foi uma das que puclicaram, no Facebook, suas memória afetivas com Belchior:
“Em 1993, eu estudava na UFPE, não ainda no curso de Jornalismo, mas já pensava em fazer um jornalzinho de música. Com essa ideia na cabeça e sem nenhum dinheiro na mão, entrevistei alguns artistas. Dentre eles, Belchior. Ele ia fazer um show na Calourada. Poucas horas antes, fui à porta que dava acesso ao camarim e esperei, até que alguém apareceu. Abordei, disse que preparava um jornalzinho musical e precisava entrevistá-lo. A pessoa entrou – eu o vi de longe – e depois veio a mim. Eu sabia que, apesar de ser uma desconhecida, sem ligação com um veículo de imprensa, ele me atenderia. Um compositor que escreve "qualquer canto é menor do que a vida de qualquer pessoa", só poderia ser generoso. A pessoa da produção falou: "Pode entrar". Entrei com um gravadorzinho recém-adquirido. O fato dele ter respondido todas as minhas perguntas com muita atenção e seriedade me mostrou que eu estava correta. Foi um grande incentivo para o caminho que eu queria seguir. Saí daquela entrevista com a sensação de que a minha carreira tinha começado ali, saí com a impressão de que, apesar das dificuldades, eu ia conseguir. O jornalzinho não saiu, mas eu consegui. Vinte e quatro anos depois, estou conseguindo. Saí daquela entrevista com a certeza de que, além do artista que eu admirava, Belchior era mesmo o ser humano de grandiosidade à altura de suas estrofes”.
Com carinho, o procurador Juscelino de Melo Ferreira também postou, em sua rede social, a lembrança de um encontro inusitado com Belchior no Recife.
CALOTE NO BAR
“Uma noite, nos idos de 1988, saindo da Faculdade de Direito, fomos eu e os amigos para o saudoso Bar Cantinho das Graças. Entre um gole e outro, quem surge no Bar? Belchior, um ídolo meu na época. Tinha um disco dele, e emprestei para um amigo, e esse disco nunca foi devolvido, e ele soube disso através de Rubinho Valença em Paris. Prontamente ele escreveu pra mim se solidarizando, em um bilhete feito em um guardanapo, e guardava esse bilhete na carteira. E naquele momento no Cantinho das Graças, fui lá falar com ele, mostrei o bilhete, ele lembrou do episódio e pediu pra eu sentar na mesa dele. Conversamos muito sobre tudo, música, política, filosofia, até cantei o Ébrio pra ele, que parece que não gostou muito da minha performance. Tudo isso regado a muito conhaque da parte dele. Depois de muitas horas de farra, eu ainda extasiado em beber com meu ídolo, ele me disse que ia ao banheiro, e fiquei aguardando, e o aguardo até hoje, pois simplesmente "fugiu", deu um "xêxo", e tive que arcar com os 29 conhaques consumidos por ele e seu empresário. Todo o meu modesto salário de estagiário foi consumido em uma única noite por causa do desaparecido Bel.
Hoje, diante da notícia do passamento do grande artista e xexeiro, choro escutando suas músicas, ao mesmo tempo o perdôo pelo preju da época, ele podia”.
O jornalista e escritor André Balaio é outro que publicou, no Facebook, um texto sobre a presença de Belchior em suas memórias afetivas.
“Uma lembrança do finalzinho dos anos 80: os amigos pintando a parede do quarto de Renata Lourenço e eu escrevendo os versos: "Como é perversa a juventude do meu coração, que só entende o que é cruel, o que é paixão". Coloco Belchior entre John Lennon, Caetano e Morrissey como os letristas mais importantes para a minha formação. Estou muito triste com esta notícia.”.
Fonte: JC Online
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