sexta-feira, 26 de maio de 2017

A CANTORA QUE RESOLVEU DESAFIAR O MACHISMO DA MÚSICA REGIONALISTA GAÚCHA

Shana Müller comprou briga com setores da cultura tradicional do RS ao criticar a representação feminina na cultura nativista.


Conhecida no universo da música tradicional gaúcha, Shana Müller abriu debate ao criticar machismo em canções


"Ajoelha e chora / quanto mais eu passo o laço / muito mais ela me adora", diz a música regionalista do Rio Grande do Sul, famosa na interpretação do grupo Tchê Garotos.

Embora popular no cancioneiro gaúcho, esse tipo de letra com referências tidas por muitos como pejorativas à mulher entrou na berlinda neste mês após uma crítica de uma artista desse mesmo meio musical.

"Toda vez que cantamos letras assim alimentamos e incentivamos situações de preconceito e maus-tratos contra as mulheres", diz cantora e jornalista Shana Müller, de 37 anos.

"Está na hora de os artistas darem uma revisada no repertório. O mundo de hoje não aceita mais os velhos e maus costumes", completa.

Müller é uma das representantes de uma geração de cantores de música regionalista gaúcha que ganhou destaque nos anos 2000. Com carreira iniciada aos oito anos, ela apresenta desde 2012 o Galpão Crioulo, um dos mais antigos programas de TV sobre a temática tradicionalista, transmitido pela RBS TV, afiliada da TV Globo.

As críticas, raras no Estado, lançaram a artista no centro de uma polêmica, que opõe julgamentos distintos sobre moral na cultura tradicional gaúcha.

Em texto publicado na internet, Müller condenou o machismo que, diz, ainda é reproduzido por muitos compositores. Como exemplo, citou versos famosos, como os da canção "É disso que o velho gosta": "Churrasco, bom chimarrão / Fandango, trago e mulher / É disso que o velho gosta / É isso que o velho quer".

A opinião mexeu com os brios dos conterrâneos. Na página da cantora no Facebook, seguida por 220 mil pessoas, o texto teve quase 6 mil reações.

Os comentários vão de elogios - "É isso aí, prenda linda"; "Você me representa"; "Machismo definitivamente não é tradição" - a discordâncias, algumas desrespeitosas - "Por que não procura umas cumbucas para lavar?"; "Se não gostou, vai embora para o Rio de Janeiro".


Fonte: BBC

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