Terceiro compositor mais gravado do país, o maestro Zé Menezes atuou no carnaval de Pernambuco por mais de seis décadas
Por Bruno Negromonte
Nazaré da Mata, cidade localizada a cerca de 65 quilômetros da capital pernambucana, tem muito mais riqueza que a Arena Pernambuco, como muito tem sido difundido ao longo dos últimos meses devido a construção deste faraônico estádio voltado para atender aos "padrões fifa" de qualidade na ânsia de receber os jogos de competições como a copa da confederações e o mundial de futebol a ser realizado ao longo deste ano. Apesar da cidade ter tornado-se conhecida como a terra do maracatu, vem de Nazaré um dos mais relevantes nomes do frevo de todos os tempos: o maestro Zé Menezes. O município em seu carnaval de 2013 teve tempo de dá-lhe flores em vida, homenageando-lhe e dedicando-lhe a festividade.
Filho mais velho de Teófilo Alves de Menezes e Nicolina Xavier de Menezes, o pequeno Zé conviveu com a música desde muito cedo a partir das figuras do pai e do avô. Um era regente da banda de Nazaré o outro tocava trombone, o que acabou influenciando-o a tocar trompa na Sociedade Musical 5 de Novembro (Banda Revoltosa), que este ano conseguiu a proeza de tornar-se patrimônio vivo de Pernambuco e em 2015 completa um século de existência.
Por volta dos 19 anos muda-se para a capital indo trabalhar na Rádio Clube de Pernambuco, onde chegou a integrar a Jazz Band Acadêmica, comandada pelo maestro Pádua Valfrido. Nessa época também aprimora a sua teoria musical matriculando-se no Conservatório Pernambucano de Música. A década de 1950 conta na biografia do musicista como aquela que mudaria em definitivo a sua vida como compositor, pois em 1951 a orquestra do maestro carioca Zacarias registrar, pela RCA, o frevo "Freio a Óleo", a primeira (e mais popular) de uma série de canções do maestro que seriam gravadas a partir dali. No levantamento de sua obra, feito pelo pesquisador José Batista Alves, foram registradas 118 gravações, no período compreendido entre 1951 e 1997, entre frevos de rua, canção e de bloco. Esse número de registros de sua obra acabou tornando-o terceiro compositor de frevos gravados do estado, só perdendo para Nelson Ferreira e Capiba. Além de "Freio a óleo" o maestro é autor de frevos como "Baba de Moça" e "Boneca" (1953); "Continental" (1956), "Terceiro dia" (1960), "Tá Faltando Alguém" (1961), "Arrasta Tudo" (1976), "Regresso do Galo" (1984), "Bico doce" (campeão do VIII Recifrevo, em 1996), o samba "Aeromoça" (em parceria com Geraldo Costa), entre outros.
Ao longo dos anos de 1960 surgiu a famosa Orquestra do Maestro José Menezes, que surgiu com o propósito de animar o Reveillon do Clube Internacional do Recife a partir da ideia dos amigos Torquato Bertrão e Hercílio Canto, que eram da diretoria do clube. De baile em baile, José Menezes foi o responsável pelos carnavais do Clube Internacional por mais de uma década, passando para o Clube Português em 1974 (onde permaneceu tocando até 92, ano do último carnaval da entidade). Dois anos depois Zé Menezes lança pela Rozemblitz o primeiro disco da orquestra. O titulo "O Frevo Vivo de Levino", foi uma homenagem ao compositor e amigo Levino Ferreira, pessoa com a qual Zé Menezes chegou a trabalhar na época em que atuava na Rádio Clube de Pernambuco. A orquestra ainda chegou a lançar mais dois lp's: um em 1977 pela gravadora Philips, cujo nome é Antologia do Frevo (um projeto que registra 36 composições de diversos autores) e o segundo, lançado pela Bandeirantes, batizado de Baile da Saudade, foi lançado em 1980, reunindo antigos frevos.
Zé Menezes chegou a cursar direito, atividade esta que lhe deu o título de bacharel e não interferiu na paixão que carregaria por toda a vida: a música.
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