sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

COVERS PERPETUAM O LEGADO DE REGINALDO ROSSI

O Rei do Brega era um incentivador dos cantores que o imitavam e divulgavam a sua música

Por José Teles



O cearense Francisco Arizélio Cabral Guerreiro teve um sonho. No fatídico dia 20 de dezembro de 2013, sonhou com seu ídolo Reginaldo Rossi, de quem é cantor cover há três anos: “No dia de sua morte, eu acordei sonhando com ele. Chamava para eu ir ao hotel em que ele estava e pedia para eu cantar umas seis ou oito musicas em seu lugar, porque não estava mais aguentando fazer o show sozinho. E me disse: Ary Rossi, era como me chamava, eu vou mandar os músicos pegar seu tom. Ai eu dizia, eu lhe dou o meu CD e eles ensaiam por ele. Reginaldo dizia: ‘Legal’, e ria. Ele se despediu, acenamos um para o outro”. Ele despertou desse sonho, por dona Jucineide, sua esposa: “Ela me perguntou o que estava havendo por que eu acordei meio diferente. Contei o sonho a ela”.

Mais tarde, enquanto se dirigia para ao Centro de Fortaleza, o celular tocou várias vezes: “Pedi a minha esposa para atender. Era o diretor da TV Verdes Mares me comunicando o ocorrido e pedindo para eu ir à emissora participar do programa João Inácio show. Parei o carro e chorei muito”. As lágrimas correram dos olhos de Ary Rossi, assim como escorreram dos olhos das dezenas de imitadores de Reginaldo Rossi País afora. Seus nomes variam. Podem se chamar Natan, Moura, Wilson ou Walter Ludugero. Todos têm aposto ao nome, o sobrenome Rossi. Que, por sinal, o próprio Reginaldo Rossi, matriz de todos eles, também não ostentava em seu registro de nascimento (chamava-se Reginaldo Rodrigues dos Santos).

Walter Ludugero nem chegou a chorar a morte do ídolo. Faleceu em fevereiro de 2012, em Sobral (CE), onde morava, de onde partia para cantar o repertório do Rei do Brega na região do Cariri cearense, estendendo-se até o Piauí. O que não falta para os covers de um dos cantores mais populares do Norte e do Nordeste é palco.

Que o diga o limoeirense José Edvaldo de Moura, ou Moura Rossi. Ele estava com 15 shows agendados para o mês de dezembro. Com a morte do original, o cover realizou os 15 shows em oito dias. Enquanto Natanael Gomes da Silva Filho, Natan Rossi, foi entrevistado no programa Supermanhã, de Geraldo Freire (na Rádio Jornal), e só não aceita mais compromissos porque a firma em que trabalha não o libera com facilidade. “Infelizmente não fui ao velório nem ao enterro de Reginaldo porque estava no trabalho”, lamenta. Natan começou na música na função de contra-regra o que se chama hoje de roadie. O faz tudo numa banda de baile, a J.M. Som: “Eles me davam uma colher de chá quando paravam para o intervalo. Eu entrava e cantava músicas de Reginaldo”, conta Natan.

Trabalhando no meio artístico, Natan conheceu cantores como Belo Xis, Tarcys Andrade, Zé Ribeiro, Zai Gomide. “Depois da minha participação, Belo Xis perguntou de quem era a música que cantei. Disse que era minha e ele pediu que eu fizesse um fita, prometeu que ia dar um jeito de gravar um disco”, conta ele. “Alguns dias depois encontro Belo e ele me diz que não conseguiu, não deu. Fiquei muito triste. Ele vai indo embora, e de repente, volta rindo, e diz que vou gravar um compacto”, diz Natan, que chegou a gravar regularmente pela Polydisc. O compacto a que se refere intitulase Altamente apaixonado, quando ainda se assinava apenas Natan. O Rossi lhe foi sugerido pelo cantor Alberto Kelly.

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